Presidente da FPF tenta driblar a crise

Sem descanso e abatido.

É assim que Aluízio Ferreira está se sentindo como presidente da Federação Paranaense de Futebol – FPF. ?Meu caminho está cheio de cães brabos. Atrás de cada porta encontro um jacaré de boca aberta?, diz o dirigente tentando driblar os obstáculos internos na entidade e da saraivada de críticas que enfrenta há cinco meses no cargo. Seu antecessor, Onaireves Moura, foi preso na última terça-feira pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), órgão da Polícia Civil do Estado na operação chamada ?Cartão Vermelho?. Pesa contra Moura, que está detido juntamente com outros oito diretores e funcionários da entidade no Centro de Triagem em Piraquara, as acusações de formação de quadrilha e desvio de dinheiro – R$ 5 milhões da Federação.

Para complicar e apimentar ainda mais a confusão que tomou conta da FPF, Aluízio terá também de tentar contornar outra bronca.

O caso dos ?bruxos? na arbitragem paranaense foi reaberto e promete novas e explosivas denúncias.

A prisão de Onaireves, a apreensão de documentos e equipamentos de informática que podem comprovar os desvios foi facilitada com a colaboração da atual diretoria. ?Vínhamos ajudando. Estou tentando quebrar o sistema instalado aqui. A polícia nos pedia uma série de coisas, mas não conseguíamos achar os documentos. Muitos desapareciam ou estavam nas casas dos funcionários que estão sendo investigados?, explica Aluízio, que aproveitou a onda de prisões para também dar uma geral na entidade. Quinze dos 55 funcionários já foram mandados embora ou afastados de suas funções. Contas bancárias de duas empresas, a Comfiar Comissão Fiscalizadora de Arrecadação e o Colégio Técnico Pinheirão, usadas como alternativas para burlar o confisco do dinheiro que entrava na FPF, foram fechadas por determinação de Aluízio. ?Hoje 90% dos recursos destinados à Federação estão bloqueados pela Justiça?, diz o dirigente que reclama da maneira como eram tratadas as questões financeiras e jurídicas da entidade. ?Não se contestavam as ações, nem se buscava negociar seus valores?, diz o atual presidente da federação, dando a entender que o recurso de ?desviar o dinheiro arrecadado para outras contas era o modo habitual utilizado pelo seus antecessores?.

Para tentar deixar mais transparente as ações do departamento financeiro da FPF, Aluízio Ferreira tinha nomeado Dilon Waldrigues, para o cargo tesoureiro da federação. Mas no final de agosto o funcionário faleceu.

O novo diretor financeiro, Joacir Ramos foi nomeado somente em 22 de outubro. A demora é explicada pelo presidente como ?uma das dificuldades que encontrou na casa: achar a pessoa certa para o cargo?.

Sobre a alegação de que, sendo um dos cinco vices eleitos na chapa de Onaireves Moura, também compactuava com os desmandos da FPF, Aluízio Ferreira é enfático. ?Não era chamado para as reuniões, nem comunicado do que estava acontecendo aqui. As decisões eram tomadas pelo grupo que não está mais aqui. Só conseguia tomar conhecimento através do que a imprensa publicava?, alega o atual presidente que mora em Ponta Grossa. Segundo ele, desde que assumiu a função, em 9 de julho, vem trabalhando de maneira participativa e clara. ?Procuro discutir e dividir com os demais membros da diretoria o trabalho que está sendo feito?, completa o presidente.

Sem medo de intervenção

Advogado e ex-vereador em Ponta Grossa, Aluízio Ferreira, 49 anos, faz no momento especialização em direito ambiental na PUC de Curitiba. Ele afirma que ?apesar da confusão instalada na entidade, está tranqüilo com o seu trabalho?. ?Tenho certeza que meu nome não está envolvido nesse esquema todo que a Federação enfrenta. Estou de cabeça erguida.?

Intervenção e eleições

Aluízio não acredita em intervenção na Federação Paranaense de Futebol. ?Não tenho medo de que aconteça uma intervenção na Federação. Vamos tentar sanear da melhor maneira a entidade e preparar o processo eleitoral?, diz o atual presidente que a princípio não pretende disputar o cargo nas próximas eleições. A escolha da nova diretoria deve acontecer em abril de 2008.

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