Pilotos divergem sobre competitividade da F-1

A primeira corrida do ano foi chata. Parece que pouca gente discorda de que o GP do Bahrein não teve grandes emoções, exceção feita à ultrapassagem de Alonso sobre Massa na primeira volta e, depois, ao drama de Vettel, que liderava e acabou perdendo rendimento por conta de uma vela defeituosa no motor de seu carro. A pergunta agora é: foi chata porque acabou o reabastecimento?

Aliás, a pergunta pode ser desdobrada: a chatice barenita vai ser o padrão de toda a temporada? Nem todos os pilotos concordam. Ontem, no primeiro dia de atividades oficiais para o GP da Austrália, segunda etapa do Mundial, algumas figuras importantes deram seus pitacos diante da perspectiva de um campeonato ruim.

Rubens Barrichello, por exemplo, contestou a solução que pode ser tomada pela FIA para aumentar o número de ultrapassagens. Rumores que surgiram em Melbourne ontem apontam que a entidade sugeriu à Bridgestone que a empresa disponibilize pneus que tenham uma diferença maior entre os componentes, o que proporcionaria novas possibilidades de estratégias.

O brasileiro discordou dessa possível mudança, dizendo o problema está na largura dos pneus dianteiros, que são muito estreitos, e não nos compostos usados -mais macios, ou mais duros.

“A fragilidade não está nos tipos de borracha, mas sim nas regras. Precisamos de mais aderência mecânica. Essa é a única solução. Está tão difícil ultrapassar porque não temos pneus dianteiros”, falou o piloto, referindo-se à redução da largura dos pneus da frente.

Tal redução faz com que a área de contato com o asfalto seja menor e, portanto, a aderência cai. “Espero que alguma coisa mude, mas antes de tudo devemos esperar por quatro ou cinco corridas antes de tirar qualquer conclusão”, completou o brasileiro, que estreou na Williams com um décimo lugar no Bahrein.

Fernando Alonso, vencedor da corrida de abertura do Mundial, não viu muitos problemas na prova. O piloto da Ferrari mandou um recado para quem esperava muito da categoria nesse início de ano.

“Esse esporte é sobre técnica, sobre o quanto tudo está preciso em termos de mecânica, engenharia, tudo. As pessoas que querem shows extras talvez tenham de reconsiderar caso queiram assistir à F-1”, declarou o espanhol.

Michael Schumacher também tratou de defender a categoria após as reclamações de que não houve emoções no Bahrein. Para o alemão, a prova seguiu o mesmo roteiro de todas as corridas das quais participou em sua carreira.

“Se uma partida de futebol acaba zero a zero, foi chata? Se uma partida de basquete termina 100 a 100, foi empolgante? F-1 não é corrida de motos, não é basquete. Sempre teve menos ultrapassagens. Digam-me quando houve mais. A F-1 sempre foi assim”, falou o piloto da Mercedes.

Os treinos para o GP da Austrália, no circuito de Albert Park, começaram ontem à noite e entraram pela madrugada de hoje. A definição do grid acontece às 3h do sábado, pelo horário de Brasília. A corrida está marcada para o mesmo horário no domingo.

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