Adeus, 2016

Sob o olhar dos novos homens-fortes do futebol, Paraná perde em casa pro Tupi

Tcheco (centro) e Rodrigo Pastana (à direita do ex-jogador) antes da partida entre Paraná e Tupi. Foto: Jairo Silva Jr. / Rádio Transamérica

Terminou o 2016 do Paraná Clube sem nada a comemorar. Depois de uma eliminação sofrida no Paranaense, da saída na Copa do Brasil e de uma campanha decepcionante na Série B, terminando na 15ª posição, o Tricolor fechou a temporada nesta sexta-feira (25) com uma derrota de 2×0 para o Tupi, um dos rebaixados para a terceira divisão. O time fechou o ano com cinco partidas de jejum, somando apenas 15 pontos no returno e sabendo que só não caiu porque os outros times foram absurdamente incompetentes. A pior campanha em nove anos de Segundona. Por isso, os olhos já estão voltados para 2017. E quem vai liderar mais uma reconstrução do elenco já esteve na Vila Capanema.

Veja como foi o jogo no Tempo Real da Tribuna!

O mais importante da noite acontecia fora de campo. Não a pouca presença de público – natural porque o torcedor paranista está pra lá de irritado com mais uma temporada decepcionante. Mas sim porque os futuros comandantes do departamento de futebol estavam na Vila Capanema. Tcheco, que será o superintendente, e Rodrigo Pastana, o gestor executivo, estavam acompanhados da cúpula tricolor, incluindo o presidente Leonardo Oliveira, que chegou a dizer que a contratação dos dois é uma “possibilidade”. Tá bom.

Tcheco e Pastana terão a responsabilidade de recuperar um elenco esfacelado. De garantido para o ano que vem, estão Marcos, Alisson e Válber. Nadson precisa ser mantido. Os garotos estão aí. Fernando Karanga e Diego Tavares devem ficar. De resto, não há muita qualidade a valer o esforço para renovar contrato. Além disso, é preciso decidir se chegou a hora de Ageu Gonçalves ser treinador ou se Marcelo Chamusca, que trabalhou com Rodrigo Pastana no Guarani, será contratado. A promessa é que aconteça a definição do técnico para o ano que vem ainda na próxima semana.

É certo que o dinheiro será curto – talvez um pouco mais este ano, por conta da Primeira Liga. Por isso, a obrigação do Tricolor é acelerar o processo de formação do elenco. Em breve, os clubes do interior paulista começam a contratar, e quando se vê é impossível montar uma base para o início da temporada, que este ano aumenta de nível com a Copa da Primeira Liga – o Paraná deve estrear na competição em 22 de janeiro.

Mas duas coisas, que estão acima do dinheiro, precisam ser a base do trabalho de Tcheco e de Rodrigo Pastana. A primeira é ter um planejamento real e segui-lo. Não é por ter mais ou menos dinheiro que um time sobe para a primeira divisão. Atlético-GO e Avaí são exemplos de clubes que tem bem menos bala que Vasco e Bahia – e os dois estão já garantidos, enquanto os “gigantes” lutam pelo acesso. Ambos tiveram planos concretos, montaram uma base e foram bem-sucedidos. É bem mais difícil quando a coerência é jogada pra longe, quando três elencos são formados no mesmo ano, quando treinadores de perfis completamente distintos são contratados.

A segunda, mais importante ainda, é evitar ilusões. Que não venha um discurso cheio de promessas, anunciando mundos e fundos e títulos e acessos com rodadas de antecedência. O que o torcedor quer é trabalho e resultados – e isso se constrói com esforço, e não com o papo furado que se ouviu nos últimos anos na Vila Capanema. A galera tá cansada de ouvir conversa e de quando a bola rola o time decepcionar, como neste ano. O resultado foi a faixa gigante estendida na Reta do Relógio – “Nenhuma vitória irá superar a humilhação que estão nos fazendo passar. Primeira divisão já”. Uma verdade absoluta.

Ah, mas teve jogo. O Paraná, cheio de garotos, teve dificuldades para controlar a partida. Mas valia a iniciativa de Fernando Miguel de colocar o goleiro Hugo, o zagueiro William, os volantes Johny e Leandro Vilela, o meia Alesson e o atacante Rafael Furtado desde o início. Os garotos tiveram personalidade, apesar do clima totalmente derrubado do jogo. O Tupi reclamou com razão – no primeiro tempo, Pitty fez um pênalti escandaloso. Por sinal, há dentro do clube quem consiga achar que Pitty deve ficar. Na etapa final, Sávio chegou a acertar o travessão, mas o gol veio aos 26 minutos, com Rodrigo Lobão cabeceando livre na pequena área. E Marcos Serrato, formado no Tricolor, fez o segundo aos 38. Um final evidente para um ano horrível.

Ficha técnica

SÉRIE B
2º Turno – 38ª Rodada

PARANÁ CLUBE 0x2 TUPI

Paraná
Hugo; Diego Tavares (Gabriel Pires), Wellington Reis, William e Fernandes; Jhony (Gabriel Furtado), Leandro Vilela, Lucas Taylor, Nadson e Alesson; Rafael Furtado (Yan Phillipe).
Técnico: Fernando Miguel

Tupi
Glaysson; Henrique, Rodrigo Lobão, Bruno Costa e Luís Paulo; Recife (Vinícius Kiss), Renan Teixeira, Marcos Serrato (Rafael Augusto) e Rubens (Giancarlo); Sávio e Marcel.
Técnico: Julio Cirico

Local: Durival Britto
Árbitro: Andrey da Silva e Silva (PA)
Assistentes: Heronildo Freitas da Silva (PA) e Leila Naiara Moreira da Cruz (DF)
Gols: Rodrigo Lobão 26 e Marcos Serrato 28 do 2º
Cartões amarelos: Bruno Costa, Renan Teixeira (TUP)
Renda: R$ 7.210,00
Público pagante: 598
Público total: 1.260