Torcedores extasiados

Enxurrada de emoções na festa de recepção do Paraná Clube

Torcida esperou e acompanhou o time até o último minuto. Foto: Felipe Rosa

SELO TAMO JUNTO PARANÁ CLUBE

Curitiba se vestiu de azul, vermelho e branco no domingo (19). A volta do Paraná Clube à elite do futebol brasileiro foi marcada por uma grande festa da torcida, que começou ainda pela manhã, quando os primeiros torcedores começaram a chegar no Aeroporto Internacional Afonso Pena. A previsão da chegada da delegação tricolor era para as 13h10, mas bem antes já havia uma grande concentração no saguão.

Gente como Henrique Nascimento, que fez questão de levar a mulher, Adalgisa, e o filho Enzo, de apenas 30 dias, para saudar os jogadores. “Foi muito tempo sofrendo, tomando chuva, sol. A gente fez uma campanha brilhante e mereceu o acesso”, afirmou.

Já o professor Wolnei Pereira Júnior mal encontrava palavras para expressar a alegria com a conquista. “É indescritível. Mais ainda em ver meu filho sentir esta emoção”. O garoto em questão é Juan Gabriel Pereira, que tem 10 anos, exatamente a quantidade de anos que o Tricolor levou para voltar para a Série A. “Estou muito feliz, porque gosto muito do clube”.

Por volta do meio-dia, chegou a informação de que o time não desembarcaria no portão convencional. A diretoria havia providenciado dois trios elétricos para a delegação deixar o aeroporto em desfile aberto.

Luiza, a torcedora pé-quente do Paraná Clube. Foto: Gisele Rech
Luiza, a torcedora pé-quente do Paraná Clube. Foto: Gisele Rech

Engana-se, porém, quem pensa que a torcida se contentou em seguir direto para a Vila Capanema, local agendado para a festa. Crescendo em progressão geométrica, a galera tricolor começou a se aglomerar no gramado em frente ao aeroporto, até que com a informação precisa de onde o time sairia da pista, formou uma verdadeira massa no portão 1 do terminal aéreo. Enquanto aguardavam, os torcedores entoavam o hino do clube e toda sorte de trilhas usadas para empurrar o time ao longo do árduo percurso pela Série B.

Uma das mais animadas na espera era Luísa Vieira dos Santos, que com apenas nove anos nunca tinha visto uma grande conquista do clube que aprendeu a amar desde criancinha. Mais do que torcedora, ela se considera pé quente. “Quando eu não ia no jogo, perdia e quando eu ia, ganhava. Por isso, dá muita emoção porque o time estava há dez anos na Série B”, diz, mesmo que não tenha sofrido tanto quanto os torcedores da velha guarda.

Antigos sofrimentos

O procurador de justiça Sérgio Renato Signori resume o que foram estes anos de espera. “Dez anos de suor, lágrimas, frustrações e incertezas, de uma mágoa que carregamos. Descemos apequenados pelos demais, pelo nossos adversários, motivos de chacota”, relembra. Mas chegou a hora da virada. “Sobrevivemos a tudo isso e isso demonstra que o Paraná é uma nação, é um clube que tem história com raízes profundas. E quem tem raízes profundas sobrevive às maiores dificuldades”.

Torcedores mais velhos, como Guaraci e Sérgio, também acabaram com o sofrimento da Série B. Foto: Gisele Rech
Torcedores mais velhos, como Guaraci Neves e Sérgio Signori, também acabaram com o sofrimento da Série B. Foto: Gisele Rech

Para o aposentado Guaraci Figueredo Neves, o retorno à Série A vem com uma forte carga emocional. “Sou torcedor desde de 1956, da época do Ferroviário. Hoje é um daqueles dias que não tem como não chorar de emoção. Nunca tinha visto uma festa dessa no aeroporto. Estou feliz da vida!”.

Quem também estava rindo à toa era a torcedora Itauana Morgensein, que sofre de um mal que a obriga a reforçar a respiração com um tanque de oxigênio, que ela leva para todos os lugares onde o Paraná está. Ontem, não foi diferente. “Eu nunca abandonei o clube neste dez anos e este ano pra mim foi muito importante porque estou nesta situação desde dezembro do ano passado e estou evoluindo junto com o time. A cada jogo é uma superação e eu nunca deixei de acreditar”.

Depois de quase ir à loucura com a passagem do elenco nos trios elétricos, a galera paranista seguiu firme pela Avenida das Torres, até chegar ao templo tricolor. A Vila Capanema se transformou em um verdadeiro salão de festas, com direito a arquibancadas sociais lotadas e uma empolgação típica de uma goleada. Quando os jogadores foram sendo chamados, um a um, para entrar no gramado, a galera foi à loucura, especialmente com nomes como Marcos e Guilherme Biteco, que apesar de não estarem em campo há algum tempo, são reconhecidos como ídolos do time. O técnico Matheus Costa, torcedor assumido do time na infância, também foi um dos que receberam o carinho mais intenso.