Explode, coração

Emoção à flor da pele na virada do Paraná Clube contra o Galo

Felipe Alves saiu do banco para fazer o segundo gol paranista no jogão do Couto. Foto: Albari Rosa

Uma noite emocionante. Talvez seja o melhor resumo da vitória do Paraná Clube sobre o Atlético-MG, na noite desta terça-feira (24), no Couto Pereira. De virada, por 3×2, contra um dos times mais fortes do País, o Tricolor não conquistou apenas uma vantagem no jogo de ida da Copa do Brasil. Recuperou mais um pouco do orgulho que estava perdido, escondido em anos de tristeza dentro e fora de campo. Um time de garotos vem fazendo bonito com a camisa vermelha, azul e branca.

O Paraná começou o jogo acuado. Sentiu o poderio adversário. Sabia que o Galo seria ofensivo, sabia que do lado de lá vinham Fred, Robinho, Cazares, Marcos Rocha e Elias, mas quando eles vieram não tinha muito o que fazer. Principalmente porque Elias jogava solto e desarrumava o esquema de marcação tricolor. Ele não era nem um volante e também não era um meia. Ficava entre Gabriel Dias e Alex Santana e aparecia toda hora livre dentro da área.

Robson vacilou no segundo gol do Galo, mas depois se redimiu com cruzamento preciso. Foto: Albari Rosa
Robson vacilou no segundo gol do Galo, mas depois se redimiu com cruzamento preciso. Foto: Albari Rosa

E por coincidência ele apareceu livre dentro da área em um escanteio. O cruzamento de Cazares passou pela zaga paranista e chegou no camisa 8 mineiro, que abriu o placar. Dali por diante começaram os minutos mais complicados da noite. Sabe aquele lutador que fica grogue? Foi assim que o Tricolor passou dez minutos. Era preciso tomar um choque de 220 volts para o time acordar. E ele veio numa cobrança de falta.

A bola era à caráter pra Renatinho. Ele estava ali, pronto pra bater. Mas Guilherme Biteco foi quem cobrou, bem onde estava Eduardo Brock. O passo de Victor foi decisivo, a bola rasante entrou. E aí, com o jogo empatado, o Paraná entrou na partida. O jogo não mudou de característica, a pressão era do Galo, mas pelo menos os donos da casa já estavam mais fortes na marcação, já não passavam sufoco o tempo inteiro.

E queriam tentar equilibrar o jogo na volta do intervalo. Alex Santana aparecia mais, Gabriel Dias parava Cazares. Mas Elias era um tormento. Aparecia em todos os cantos do campo, como se fosse mais de um. Mesmo assim, o Paraná chegava, e Pedro teve a chance de virar acertando uma bola na trave (Robinho tinha feito a mesma coisa na etapa inicial). Apesar do lance, o atacante era a peça que destoava na luta paranista.

Biteco mais uma vez emocionou os paranistas, com os gols na partida e a homenagem ao irmão Matheus Biteco. Foto: Albari Rosa
Biteco mais uma vez emocionou os paranistas, com os gols na partida e a homenagem ao irmão Matheus Biteco. Foto: Albari Rosa

Quando o time vivia seu melhor momento, um escorregão. Literalmente – Robson ia dominar e caiu. Quando levantou, Marcos Rocha já estava em corrida desabalada, ninguém conseguia pará-lo. O contra-ataque passou por Cazares antes de chegar em Robinho, que dominou, ganhou da marcação e chutou forte, sem chances para Léo – apesar de sofrer dois gols, o camisa 1 do Paraná foi um dos melhores em campo.

Será que era possível sair desse novo golpe? Cristian de Souza fez o que devia. Colocou Felipe Alves no lugar de Pedro. E Robson se redimiu em um cruzamento preciso para a cabeça do atacante, que no seu primeiro toque na bola empatou o jogo. Os quase vinte mil torcedores sentiram que a noite era especial.

E se era especial, tinha que ter Guilherme Biteco decidindo. “Meu irmão deve estar dando pulos de alegria lá em cima”, festejou o meia, em entrevista à RPC após o jogo. Foi dele o gol da virada, de virada, surpreendendo Victor e levando ao delírio quem estava no Couto Pereira e quem acompanhava pela TV. Com a garra comovente já vista em outras partidas, o Tricolor se fechou e segurou as pontas até o apito final. Pode empatar na próxima quarta, no Independência, que se classifica para as quartas de final. Mas já escreveu uma página fundamental nessa história de renascimento que se acompanha em 2017.