Bipolar

Brilhando em casa e perdendo fora. Paraná Clube tem “dupla personalidade”

Lisca classificou o jogo com o Boa Esporte como "atípico". Foto: Felipe Rosa

Um time bipolar. É o resumo mais simples para se fazer do Paraná Clube após 19 rodadas do Campeonato Brasileiro da Série B. Terminado o primeiro turno, o Tricolor tem o melhor aproveitamento entre os mandantes, com 74,1% de rendimento dos pontos disputados. Só que tem ao mesmo tempo o terceiro pior aproveitamento entre os visitantes, com apenas 23,3% de aproveitamento dos pontos disputados. O resultado disso é a nona colocação, com 27 pontos, a quatro do G4.

E a demonstração prática do que se fala foi vista nos últimos três jogos. Depois de duas apoteoses na Vila Capanema, nas goleadas sobre Santa Cruz (4×0) e CRB (4×1), no sábado o Paraná perdeu para um time muito mais frágil, o Boa Esporte, por 2×1, em Varginha. “Foi um jogo atípico”, alegou o técnico Lisca. Mas foi muito mais “típico” quando se avalia o que o Tricolor produziu longe de casa até agora na Segundona.

Os erros se acumularam. De um lado, os problemas defensivos. Na bola parada, o drama de sempre. “Tomamos o gol de bola parada, de novo, algo que o Lisca está trabalhando, mas aconteceu”, resumiu o zagueiro Eduardo Brock. O lance foi parecido com tantos outros deste ano. Escanteio, defesa postada, mas Douglas Assis se aproveita e cabeceia sem marcação. Richard não consegue alcançar, gol do Boa, lance que abre o caminho da vitória do time mineiro. “O jogo estava controlado”, lamentou Lisca.

Estava, mas com o Paraná não sabendo transformar a nítida superioridade técnica em muitas chances de gol. Renatinho e Robson estiveram bem abaixo do que podem produzir, Alemão foi bem menos acionado e Felipe Augusto não justificou sua escalação como titular. E os jogadores se incomodaram muito com o antijogo do Boa. “Não tinha uma bola para o Richard repor. É difícil jogar aqui. CBF tem que vir fiscalizar”, reclamou o volante Gabriel Dias.

Isto realmente aconteceu. Mas o Tricolor falhou muito. E em lances bobos, como no pênalti que Eduardo Brock cometeu, ao dar o carrinho para cortar o cruzamento e desviar a bola com o braço. “A postura da equipe foi de tentar, mas aí na minha infelicidade aconteceu o pênalti, faz parte”, disse o jogador.

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E nas tentativas, o outro erro, a falta de qualidade na finalização, principalmente no segundo tempo. “Não fomos eficientes nas situações que criamos, porque tivemos a supremacia do jogo, principalmente após o gol. Perdemos o jogo tomando um chute no gol, mas não fomos eficazes na hora de empurrar a bola para dentro”, admitiu Lisca. O gol paranista saiu quando a jogada foi bem trabalhada entre Robson e Alemão e Rafhael Lucas estava no lugar certo para concluir – foi o primeiro gol dele no Tricolor.

Para o returno, que começa no sábado contra o ABC, na Vila Capanema, o objetivo é simples – reforçar o “fator Vila” e melhorar urgentemente o aproveitamento fora. “Fica uma frustração grande, mas a entrega foi grande e vamos agora descansar, para recuperar e fazer um bom jogo com o ABC”, finalizou Lisca.