Em uma competição com o nome-fantasia de “Torneio da Morte”, só podem acontecer jogos de forte desgaste emocional. E o Paraná Clube sofreu – mas sofreu muito – para vencer o Prudentópolis por 2×1, ontem, em Irati.
Apesar da superioridade técnica, o Tricolor teve problemas, e precisou suplantar o nervosismo para conseguir uma vitória fundamental para escapar do rebaixamento no campeonato paranaense. Com o resultado, o time subiu para a segunda colocação, atrás apenas do Nacional de Rolândia, e se a repescagem acabasse hoje o Paraná estaria longe da Série Prata.
O técnico Édson “Neguinho” dos Santos teve um desfalque de última hora: no momento da saída para Irati, o volante Alexandre reclamou de dores no pé esquerdo e sequer seguiu para o interior. Apesar das dificuldades, a maior categoria paranista conseguia se impor, e aos 15 minutos Wiliam, em forte cabeçada, obrigou Nei a fazer boa defesa. Com Jean Carlo e Wiliam se aproximando de Fábio Oliveira, o Paraná se mostrava mais encorpado. E, aos 29 minutos, após cobrança de escanteio (e da jogada ensaiada de Jean Carlo com Jadílson), Fábio subiu mais que os adversário e venceu Nei, abrindo o placar. O gol deu maior confiança aos tricolores, que aproveitaram a indecisão dos jogadores do Prude para pressionar ainda mais – a oportunidade mais clara na reta final do primeiro tempo aconteceu aos 40, com Wiliam acertando a trave.
No intervalo, Joel Costa mexeu em duas posições, e tentou colocar o Prudentópolis de vez no ataque. Só que o domínio permaneceu do Paraná – aos 6 minutos, Fábio Oliveira acertou a trave, e no rebote Jean Carlo perdeu gol feito. Mas a tentativa de administrar o resultado deu errado: aos 16, os defensores falharam ao tentar segurar o jogo, Boré cruzou e Edmílson empatou a partida.
Um jogo que parecia resolvido transformava-se em dramático. Aturdidos com o gol do Prudentópolis, os paranistas se perderam, e Dudu desperdiçou boa chance aos 18 minutos. Édson dos Santos, percebendo as dificuldades, fez três alterações: uma tática, colocando Vandinho no lugar de Athos; e as outras por lesão, com Goiano e Alex entrando para as saídas de João Vítor e Erivélton.
Mas a equipe demonstrava nervosismo ao pressionar o adversário, talvez porque percebesse que tinha todas as condições de vencer e acabava perdendo dois pontos preciosos. A salvação só veio no último minuto, quando Jean Carlo cobrou falta com perfeição, fez o gol da vitória e fez o Paraná – literalmente -seguir vivo no Torneio da Morte. A próxima partida tricolor é no sábado, contra o Nacional, na Vila Capanema.
Salvo pela qualidade
Por mais que o Paraná aposte na juventude, às vezes a experiência ajuda. E foi nos pés de Jean Carlo e nas mãos de Flávio que o Tricolor conseguiu a vitória sobre o Prudentópolis, que no entender do técnico Édson dos Santos é “importantíssima” na fuga do inglório rebaixamento para a segunda divisão do futebol paranaense.
Para Neguinho, o Paraná sofreu por causa dos próprios erros. “Nós perdemos muitos gols no primeiro tempo, e isso fez com que não definíssemos a partida. Aí recuamos demais, tomamos o gol e nos desestruturamos. A nossa sorte foi que a qualidade fez a diferença, e conseguimos a vitória”, explicou o treinador tricolor.
Para ele, o resultado também é fruto do treinamento do dia-a-dia. “O Jean Carlo está treinando muito bem essa cobrança de falta, e isso se provou no jogo”, comentou Neguinho. Nas contas dele, com duas vitórias o Paraná escapa do rebaixamento. “E como temos dois jogos em casa, temos condições de decidir tudo na Vila Capanema. Mas não vamos pensar assim. A nossa meta agora é vencer o Nacional”, avisou.
Jean Carlo, que foi o melhor jogador em campo (secundado por Flávio e pelo lateral Jadílson), comemorou a vitória e apontou o esforço do time como fundamental para a vitória sobre o Prude. “Acho que nossa força de vontade foi decisiva. Nós tínhamos que lutar sempre, e foi isso que fizemos para conseguir esses três pontos”, afirmou.
A maior preocupação de Neguinho é tentar dar equilíbrio ao time. “Nós precisamos jogar bem os noventa minutos, porque qualquer falha que tivermos pode ser fatal”, comentou. “Se a gente acertar isso, vamos evoluir ainda mais”, concorda Jadílson. No mau momento do jogo de ontem, brilhou a estrela do Pantera. “O Flávio fez defesas fundamentais para a vitória”, resumiu o técnico paranista.
Para o jogo de sábado contra o Nacional, os ingressos terão o mesmo preço do jogo contra o Grêmio Maringá: cadeiras, R$ 10,00; arquibancadas, R$ 5,00; sócios, R$ 5,00; menores, mulheres e estudantes pagam meio-ingresso. A intenção é lotar a Vila Capanema para chegar à terceira vitória seguida.
Observações
Apesar de o Paraná estar em plena disputa do Torneio da Morte, a diretoria mantém o trabalho de busca de reforços. Emissários tricolores estiveram em vários estádios de São Paulo na última rodada da primeira fase do campeonato local – o ex-volante atleticano Axel, que foi um dos destaques da vitória da Portuguesa Santista contra o Corinthians, estaria entre os jogadores que interessam.
CAMPEONATO PARANAENSE
TORNEIO DA MORTE – 3ª RODADA
Local: Emílio Gomes (Irati)
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Assistentes: Vágner Vicentin e Marcos Antônio Fernandes
Gols: Fábio Oliveira 29 do 1º; Edmílson 16 e Jean Carlo 45 do 2º
Cartões amarelos: Ricardo, Zé Maria (PRU); Jadílson (PR)
Renda: R$ 1.563,00
Público: 691 (521 pagantes)
PRUDENTÓPOLIS
1X2
PARANÁ CLUBE
PRUDENTÓPOLIS
Nei, Boré, Neto, Márcio Santos, Zé Maria, Ricardo, Maranhão, Aírton (Valmor), Dudu, Biro (Edmílson), Torres (Tita). Técnico: Joel Costa
PARANÁ
Flávio, Erivélton (Alex), Gélson Baresi, Fernando Lombardi, Jadílson, João Vítor (Goiano), João Paulo, Wiliam, Jean Carlo, Athos (Vandinho), Fábio Oliveira. Técnico: Édson dos Santos