Paraná dá mole e acaba levando virada santista

A torcida do Paraná já sentia o gosto da permanência na primeira divisão. Mas, em apenas dez minutos, o que era doce se acabou e a galera teve que dormir com o sabor amargo do rebaixamento. A derrota por 3 a 2 para o Santos, ontem à noite, na Vila Capanema, deixou o time agonizando. Agora, apenas um milagre salva o Tricolor da Segundona.

A equipe paranista foi cruel com o torcedor. Primeiro, deixou as mais de 15 mil pessoas que foram ao estádio nas nuvens, ao fazer 2 a 0, com dois belos gols de falta. Mas a momentânea alegria serviu apenas para deixar ainda mais forte a decepção que viria a seguir. Já no final do segundo tempo, o time entrou em pane e permitiu a virada do Peixe.

Nos pesadelos que atormentaram o sono dos tricolores, um personagem foi marcante. O atacante Kléber Pereira manteve a escrita e foi mais uma vez o carrasco. Ele marcou os três gols do Santos e assegurou de vez o posto de inimigo número um da torcida paranista, que sofre com os gols do ?Incendiário? desde a época em que ele vestia a camisa do Atlético.

Precisando de uma vitória a qualquer custo, o Tricolor começou o jogo pressionando. Giuliano, Daniel Marques e Josiel estiveram perto de marcar. Mas o gol só veio aos 30?, com o garoto Jumar. Ele aproveitou uma falta pela esquerda e bateu cruzado em direção à área santista. Com a visão tapada, o goleiro Fábio Costa só viu a bola quando ela já balançava a rede.

Acuado, o Santos só teve uma única chance na primeira etapa, numa cabeçada de Kléber Pereira. O fraco desempenho deixou revoltado o técnico Vanderlei Luxemburgo, que não economizou gritos durante o intervalo, em uma ?babada? ouvida por todos que estavam próximos aos vestiários da Vila.

A bronca deu resultado e o Peixe voltou mais ligado para o segundo tempo. Principalmente Kléber Pereira, que em vinte minutos criou quatro boas chances de gol. Quando parecia que as coisas ficariam complicadas para o Paraná, Paulo Rodrigues marcou, aos 26?, um gol que tinha tudo para entrar para a história. A falta pela direita indicava um cruzamento na área, mas o lateral preferiu bater direto e acertou o ângulo de Fábio Costa.

Explosão de alegria na Vila. Afinal, com 2 a 0 no placar, a vitória que poderia deixar o Paraná mais longe da Segundona parecia garantida. Mas daí o carrasco paranista resolveu estragar tudo. Aos 29?, Petkovic cruzou na cabeça de Kléber Pereira, que diminuiu para 2 a 1. Aos 36?, Renatinho levantou na área, Kléber deu um toque de cabeça para tirar do goleiro Gabriel e rolou para o gol. E, dois minutos depois, Renatinho lançou o ?Incendiário?, que invadiu a área e decretou a virada.

Com a vitória por 3 a 2, o Santos garantiu uma vaga na Libertadores de 2008. Já a torcida tricolor deixou o estádio com o sentimento dividido entre a revolta e a frustração. A Segundona pode virar realidade ainda esta semana. Na quarta-feira, Corinthians e Goiás entram em campo e, se um deles vencer, o Paraná estará matematicamente rebaixado.

BRASILEIRÃO 2007

37.ª rodada

PARANÁ 2 x 3 SANTOS   

Paraná – Gabriel; Leo Mattos, Daniel Marques, Neguette e Paulo Rodrigues; Goiano, Jumar (Batista  28? 2.º), Vandinho (Jefferson  37? 2.º) e Giuliano; Lima (Adriano  18? 2.º) e Josiel. Técnico: Saulo de Freitas.

Santos – Fábio Costa; Alessandro, Adaílton, Marcelo (Carlinhos  16? 2.º) e Kléber; Maldonado, Rodrigo Souto, Vitor Júnior (Renatinho  37? 2.º) e Rodrigo Tabata; Marcos Aurélio (Petkovic  16? 2.º) e Kléber Pereira. Técnico: Wanderley Luxemburgo.

Gols: Jumar (P), aos 30? do 1.º tempo; Paulo Rodrigues (P), aos 26?; Kleber Pereira, aos 28?, 36? e 38? do 2.º tempo.

Árbitro: Alicio Pena Júnior (Fifa-MG)

Assistentes: Marco Antônio Gomes (Fifa-MG) e Márcio Eustáquio Santiago (MG)

Cartões amarelos: Jumar, Vandinho, Daniel Marques, Fabiano, Léo Mattos (Paraná), Marcelo (Santos)

Local: Vila Capanema, em Curitiba (PR)

Público: 15.832 (15.406 pagantes)

Renda: R$ 126.275,00

Se os paranistas acreditam em Deus, é hora de rezar

Walter Alves
Torcida ficou arrasada após ver uma vitória na mão escapar por entre os dedos.

Agora complicou. Após a derrota para o Santos, são muito poucos  os que ainda acreditam na permanência do Paraná na primeira divisão. Os jogadores ainda tentam insistir no discurso de que ainda há esperança, mas a diretoria tricolor já jogou a toalha.

Léo Matos tentou levantar a bola após a partida. ?Vamos trabalhar no último jogo. Ainda temos uma pontinha de esperança. Erramos por que tomamos três gols. Só isso?, disse o lateral. Mas o clima era mesmo de completo desânimo. ?Perdemos um jogo que estava na mão. Agora, temos que trabalhar e torcer contra Corinthians e Goiás?, lamentou o atacante Jefferson.

O técnico Saulo de Freitas tentou poupar os jogadores. ?Eles trabalharam com seriedade, mas não conseguiram tirar o Paraná dessa situação. Em dez minutos, saímos do céu e fomos ao inferno.? Porém, o treinador lamentou não poder contar com as mesmas opções que Vanderlei Luxembrugo, que mudou o jogo ao colocar Petkovic e Renatinho em campo. ?A qualidade do Santos é totalmente diferente e a facilidade de fazer uma substituição é muito maior?, comparou.

A diretoria paranista já parece conformada com o descenso. ?A situação é muito complicada e sairmos dela vai ser muito difícil. Hoje, deu um alívio quando fizemos o segundo gol, mas depois voltou toda a agonia?, disse o vice-presidente de futebol José Domingos.

Desacreditados, os cartolas já estão prevendo um ano de muita dificuldade. ?O Paraná não faz parte do Clube dos 13 e, se cair, não terá verba da televisão. Esperamos alguma negociação de jogador para termos algum dinheiro para administrar o departamento de futebol?, avisa José Domingos.

Praticamente impossível

A calculadora não basta para o torcedor do Paraná. Na atual situação, é melhor acender uma vela e rezar bastante.

Para escapar do rebaixamento, o Tricolor tem que ganhar do Vasco, no próximo domingo, e torcer para que Corinthians e Goiás somem no máximo um ponto cada, em duas partidas que ainda têm por disputar.

Mesmo sem entrar em campo, o Paraná pode cair já na próxima quarta-feira. O Goiás pega o Atlético-MG, no Mineirão, e o Corinthians encara o Vasco, no Pacaembu. Caso um dos dois vença, adeus primeira divisão.

Se nenhum deles conseguir a vitória, a decisão fica para a última rodada. O Goiás pega o Inter, no Serra Dourada, e o Corinthians enfrenta o Grêmio, em Porto Alegre, e novamente nenhum deles pode ganhar.

Se o Timão conquistar dois empates, acabaram-se as chances do Paraná. Se os goianos empatarem os dois jogos que farão, e o Corinthians somar no máximo um ponto, o time da Vila até pode escapar, mas terá que vencer o Vasco por oito gols de vantagem em São Januário.

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