‘Palmeiras quer caminhar com as próprias pernas’, diz presidente Paulo Nobre

Aliviado, mas não relaxado. Assim Paulo Nobre inicia 2016 no comando do Palmeiras. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o presidente do clube projetou a próxima temporada e afirmou que não pretende pedir ajuda à Crefisa, patrocinadora do clube, para contratações. Para manter as finanças equilibradas, o dirigente evita falar em contratações caras para disputar a Copa Libertadores.

O Palmeiras vai fazer grandes contratações para 2016?

O conceito grande nome é algo particular para cada um. O que eu digo é que todo jogador que é uma estrela, um dia não foi. A gente não pretende trabalhar com irresponsabilidade financeira pelo simples fato de estar na Libertadores. O Palmeiras precisa ser forte sempre e vamos atrás de quem julgarmos necessário em posições que gostaríamos de estar mais reforçados.

Tem se falado que a relação entre Palmeiras e Crefisa não está boa. É verdade?

A relação patrocinador e patrocinado cabe só às duas partes. Estou muito satisfeito e agradecido a todos os patrocinadores. Sem eles, dificilmente a gente teria chegado às conquistas.

A Leila Pereira (presidente da Crefisa e da FAM) falou que espera que o Palmeiras passe nomes para ela tentar contratar. Quando será feito isso?

Eles pagam pontualmente um patrocínio maravilhoso. Não é porque eles têm muito dinheiro que têm a obrigação de investir no clube. Enquanto o Palmeiras conseguir caminhar com as próprias pernas, não é justo pedir ajuda.

As obras na Academia de Futebol (construção de um hotel para os atletas se concentrarem) que estavam sendo pagas pela empresa estão paradas. Por quê?

Inicialmente, essa obra seria bancada pela Ambev. Os patrocinadores deram uma alavancada grande na obra, mas repito: eles não têm obrigação nenhuma. Ajudaram demais. Se terminarem a obra, será excelente. Caso contrário, vamos terminar no nosso ritmo.

Como está a saúde financeira do clube?

O Palmeiras equacionou todas suas dívidas de curto prazo e isso permite planejar o futuro. Não estamos nadando em dinheiro. Ainda temos muitas dívidas, mas conseguimos em 2015 não ter aporte do presidente, andar com as próprias pernas, começar a devolver o dinheiro emprestado e ser campeão. Provamos que é possível fazer futebol sem populismo e com responsabilidade.

O fato de ter as finanças equilibradas faz com que o assédio dos empresários aumente?

O Palmeiras é um dos primeiros clubes que os empresários procuram oferecendo jogadores, bem diferente do que acontecia nos últimos anos. O que não pode é entrar no oba-oba e querer o jogador a qualquer preço. Já ouvi que o jogador vale o que a torcida acha que ele vale. Isso é uma das maiores imbecilidades que pode se falar em administração de futebol. Jogador vale o quanto ele pode dar de retorno.

A WTorre tem repassado o valor dos shows e demais eventos que são realizados na arena?

Bom, situações entre Palmeiras e WTorre a gente trata na arbitragem. Não quero correr o risco de atrapalhar qualquer situação sobre esse tema.

Um tema polêmico é o fato de crianças menores de cinco anos terem de pagar ingresso nos jogos na arena, ao contrário do que ocorre em vários outros estádios. Isso deve ser revisto?

O Palmeiras não tem a liberdade de falar como cada pai tem de educar seu filho, mas temos um conceito. É um assunto que existe divergência na diretoria, mas enquanto eu for presidente, vou fazer valer uma coisa: se acontecer um tumulto com crianças no meio, a imagem que estará em risco é a do Palmeiras. Se o pai quer levar o filho em campo, não podemos proibir, mas não vamos incentivar. Sei que esse assunto gera discussão, mas o Palmeiras não cresce com torcedores de estádio. O que precisamos ter é um time competitivo, que orgulhe os mais de 16 milhões de torcedores.

O Palmeiras passa pouco na TV aberta. Como melhorar isso?

A TV não tem preferência para o clube A ou B, mas pela audiência. O Santos, na época do Neymar, passava direto porque o público queria ver o Neymar. Conversas existem constantemente e a gente pede para passar mais jogos na TV, mas para acontecer isso, o Palmeiras precisa ter mais interesse do grande público. A maior audiência de futebol em 2015 foi a final de Palmeiras x Santos, na Copa do Brasil. Isso pode ser reflexo para 2016.

O Palmeiras foi o único clube grande que não aderiu ao Profut (Programa de Responsabilidade Fiscal). Qual o motivo?

Essa questão não envolveria apenas minha administração, mas as futuras também. Conversamos com o COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) e eles acharam que não valia a pena entrar porque caso você não cumpra as exigências, perde tudo que tem hoje.

Como vê a crise no futebol brasileiro. É hora de os clubes se unirem e tentar mudar o rumo?

Tenho um relacionamento pessoal com o Marco Polo (Del Nero, presidente licenciado da CBF). Estudei com a filha dele e foi pelo Marco Polo que eu acabei entrando no clube, em 1983. Gosto dele e ponto final. Quanto mais transparência tiver, melhor para todo mundo. Os clubes de São Paulo se reuniram e decidimos votar em bloco. Fora isso, não adianta ficar fazendo escândalo e não ser efetivo. Não adianta querer dar golpe.

Voltar ao topo