Moro não vai aceitar convite de Gionédis pra tocar o futebol do Coxa

Embora o presidente do Cortiba, Giovani Gionédis, tenha anunciado que Domingos Moro assumirá a coordenação do futebol do clube, e mesmo liderando pesquisas para ser até presidente (com o dobro de porcentagem sobre o candidato natural, Tico Fontoura) clube e torcida vão ouvir um sonoro não! do advogado, amanhã. Se Moro viveu um inferno na última segunda-feira, quando embarcou para o Rio de Janeiro, diante dos apelos para voltar ao clube. Ontem foi pior. Resultado: no final da tarde, desligou os telefones e ?sumiu do mapa?, depois de formular uma petição em nome do Atlético, onde pede efeito suspensivo da perda de mando de três jogos e para o lateral Michel, suspenso por 120 dias.

A um interlocutor, Domingos Moro confidenciou que pesou todos os prós e contras e não compensa trocar todos os atuais compromissos jurídicos para assumir o Alviverde, em situação diferente de quando o deixou: bicampeão paranaense e com uma vaga na Copa Libertadores. Depois de ser demitido através da imprensa, há dois anos e meio, o ex-vice-presidente se dedicou à profissão, começando por representar a Federação Paranaense de Futebol no Rio de Janeiro, onde mantém o segundo escritório, além da matriz em Curitiba. Em seguida vieram procurações para defender Londrina, Rio Branco, Paraná Clube, Atlético Paranaense, Iguaçu, Brasil de Pelotas, entre outros.

Passou a ser considerado o ?rei do tapetão?, tal o sucesso nos resultados, principalmente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, na CBF. Ainda ontem, em meio ao julgamento do caso do Furacão, ele recebeu uma ligação do Paysandu, de Belém do Pará, solicitando seus conhecimentos jurídicos

num julgamento marcado para hoje.

Ao saber que à tarde Gionédis anunciou seu nome, não gostou da atitude e confidenciou a amigos que o presidente coxa deve ter feito isto ?para criar um fato novo?. Ele chegou a se reunir com o presidente, no final de semana, quando recebeu uma proposta salarial e conheceu os planos para tirar o clube da Série B. Mesmo assim, no final da tarde, já deixava claro a pessoas presentes na CBF sua posição. ?Me honra muito, isto prova que o que eu fiz lá atrás foi reconhecido, mas infelizmente…?.

Porque Moro não vai assumir

Existem razões para que Domingos Moro não aceite voltar ao comando do futebol do Coxa. E são várias. Depois de afirmar que ?estou entre o coração e a razão?, ele garantiu aos presentes no julgamento na CBF que os familiares estão em primeiro plano e ouviu deles vários apelos para não retornar ao clube agora.

Haveria também, pontas de mágoas pela forma com que foi afastado quando reinava absoluto e com sucesso no departamento de futebol. Uma delas é o fato de ficar sabendo pela imprensa que estava fora do clube, acusado de comportamentos pouco recomendáveis para o cargo. ?Será que neste período eu me filiei a alguma igreja especial e me refiz??, questionou ontem.

Ele também lembrou que estaria assumindo um contrato de risco, diante da situação financeira e política do Coritiba. Vale lembrar que as dificuldades a serem encontradas pelo futebol deverão ser dobradas, diante da redução da verba de televisão e outras fontes de renda. ?Se eu for bem, viro santo, e se não for??

Domingos Moro também deixou escapar que não aprovou os nomes dos treinadores citados na reunião com a atual diretoria, todos considerados fracos para uma empreitada tão difícil.

Mas nenhum fator pesa tanto quanto a questão jurídica. A procura por seu trabalho de advogado nos tribunais cresceu a tal ponto de a proposta para ser diretor remunerado entrar em conflito com o que está conseguindo. No seu raciocínio, diz que hoje está bem com as torcidas do Coritiba, Atlético e Paraná (tem contrato com os dois rivais) e pode ficar sem nada se abandonar os escritórios agora. ?Está bem. Fecho tudo e daqui a três meses, se não der certo??.

Para as mesmas pessoas, Moro teria dito. ?Hoje, eu tô feliz. Se eu morrer amanhã, morro feliz com o que estou fazendo!?

?Perito não inspira confiança?

Até o governador Roberto Requião entrou de cabeça nas investigações sobre as supostas assinaturas de Evangelino em documentos eleitorais do Coritiba. Mesmo com a apresentação de uma perícia independente pelo presidente Giovani Gionédis, o ex-dirigente mantém a mesma posição e continua afirmando que não assinou nada. ?Nós temos o apoio do governador do Estado, que quer lisura e transparência na apuração dos fatos?, revelou o advogado Raul Rangel, representante judicial do Chinês.

De acordo com ele, que fala pelo ex-presidente, Gionédis não tinha autoridade para requerer perícia nas assinaturas. ?O Evangelino refuta veementemente todas as ilações verificadas de forma inconsistente, inconsequente e acadêmica tendo em vista que o laudo elaborado unilateralmente de forma leviana não tem nenhum valor probatório?, disparou. De acordo com ele, somente a polícia poderia confirmar a veracidade das assinaturas, ou não, do ex-presidente. ?Tal legitimidade pertence à polícia judicial, bem como ao Ministério Público do Paraná?, destacou.

E ele vai além. ?A perícia foi elaborada por um perito que não inspira confiança, foi unilateral e quem pediu a perícia foi o beneficiado?, analisou. Ele se refere a Ari Fontoura, um dos peritos do Fontécniko – Laboratório de Perícias Forenses, demitido do Instituto de Criminalística. Por isso, Raul Rangel apresentou uma assinatura legítima de Evangelino datada de 2003 e entra amanhã com uma ação penal pública e uma ação cível indenizatória contra Giovani Gionédis.

Gionédis fica e afirma que traz Moro de volta

Como já era esperado, o presidente Giovani Gionédis não irá renunciar ao seu mandato, mas não soltou os cachorros como se comentava nos bastidores do Alto da Glória. Bastante tranqüilo, confirmou a saída de Capitão Hidalgo e fez o anúncio furado de que Domingos Moro vai assumir a coordenação de futebol do clube. Cercado pelos seus pares de diretoria, lembrou que faltou apenas uma vitória para subir e que a promessa de colocar o time na primeira divisão ainda está valendo, pois ainda falta um ano de mandato. Confira os principais trechos da entrevista.

Torcida

?Essa direção é uma das únicas que tem representante da torcida, que é o Espeto, da Mancha Verde. Nunca a torcida teve tanta abertura.?

Renúncia

?Essa diretoria é formada por homens de coragem e de bem e não vai renunciar. A renúncia é para os fracos e covardes.?

2006

?Não quero colocar a culpa no ambiente negativo do clube. Formamos um bom time, na avaliação da comissão técnica e ela fez um projeto de retorno à primeira divisão. Ficamos em sexto. Uma simples vitória e estaríamos na Série A. Não podemos falar que foi o campeonato da incompetência. Houve um pouco de soberba de acharmos que já estávamos na primeira divisão quando lideramos o campeonato.?

2007

?Temos uma missão árdua, que não vai ser nada fácil. Temos a obrigação de voltar e vamos ter que fazer uma readequação orçamentária. Temos uma avaliação de mais de 40 jogadores vistos por nossos olheiros. 2007 começa hoje (ontem), amanhã (hoje) começa a reformulação e quarta (amanhã) assume Domingos Moro, que é o novo coordenador de futebol.?

Processos

?Roupa suja se lava em casa. Infelizmente, nós sofremos uma espécie de acusação promovida por uma oposição derrotada nas eleições buscando denegrir aquilo que foi feito ao Coritiba. Fomos obrigados a protocolar dois pedidos de exclusão contra João Jacob Mehl e André Macias por atos que são graves e contrários aos interesses do Coritiba.?

Evangelino

?Ele foi manipulado, induzido, nos seus 81 anos e vários AVC?s, a negar a assinatura num documento eleitoral. Tenho o maior respeito pelo que ele fez. Quem requereu a prova pericial fui eu porque tínhamos certeza da assinatura. O conselho nada deferiu e resolvemos contratar um perito para fazer a perícia. De parte do Coritiba eu dou como encerrado esse caso. Da parte pessoal, vou processar o Evangelino.?

Coritiba S/A

?O Coritiba é uma empresa e todos os impostos são pagos. Não tem mais dinheiro circulando e tudo é pago através de cheques ou meio eletrônico. O Coritiba tem 99,99% e outras 13 ações são de ex-presidentes e conselheiros como Domingos Moro, André Macias e Francisco Araújo. O Coritiba S/A recebe do Clube dos 13 e paga a folha. A nossa gestão pode cometer vários erros, menos esse.?

Escritório Pereira, Gionédis

?O escritório de advocacia fez seu primeiro contrato com o clube quan-do eu nem era sócio do Coritiba e era secretário de Estado. O clube gastava mais de R$ 25 mil e escolhemos o Pereira, Gionédis por confiança e fizemos contrato de R$ 10 mil. Hoje, o escritório recebe R$ 14 mil por mês e tem 493 ações ativas onde o Coritiba é réu, além de atender as defesas no TJD e STJD. Isso dá uma média de R$ 28 e nem paga as cutas dos processos.?

Oposição

?Tico Fontoura, João Jacob Mehl, Francisco Araújo, Edison Mauad, vamos deixar os meninos de lado. Quem são eles? São os mesmos que levaram o Coxa à insolvência e querem voltar. Eu não dormiria tranqüilo se entregasse o clube às mesmas aves de rapina que passaram por aqui.?

Reeleição

?O Coritiba tem uma plêiade de pessoas capazes e essas devem se preparar para concorrer em 2007. Esse presidente não irá concorrer porque meu projeto se encerra na volta à primeira divisão.?

Domingos Moro

?Toda pessoa tem seu lado bom e ruim. Quando as virtudes são maiores, temos que dar uma chance. Os defeitos não-comprovados cabe a ele resolver. O que me lembro do Moro é que ele foi bicampeão e vem na condição de coordenador de futebol remunerado. O Capitão Hidalgo não permanece, não por incompetência, mas porque tinha um projeto e não alcançou o objetivo.?

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