Maurício embarca para disputa da 5.ª Olimpíada

São Paulo – Aeroporto, check-in, bagagem, horas no avião, escalas, aclimatação, treinos, campeonatos. Para Maurício, a vida tem sido assim há 18 anos. Mas ontem, no embarque para os Jogos de Atenas, ele tinha uma certeza: essa rotina está perto do fim. Depois desta, que será sua quinta Olimpíada, o levantador de 36 anos deve deixar a seleção brasileira de vôlei.

Apesar de já ter disputado mais de 500 jogos pelo Brasil, a ansiedade antes do embarque rumo às Olimpíadas era a mesma de quando disputou os Jogos de Seul, em 1988. “Sempre tem ansiedade na hora da partida, apesar de eu estar mais experiente. Estou ansioso, mas sei controlar isso. Não sei se muda algo por ser minha última Olimpíada. Estou tranqüilo, quero curtir bastante, me divertir, jogar bem e curtir esses momentos que sempre são muito legais. Eu sei o que é uma Vila Olímpica, o que é uma final olímpica, o que é ser campeão. É superlegal a gente saber usufruir de tudo isso”, disse o jogador, que encontrará a mulher, Roberta, no meio dos Jogos. “Ela vai me ver em Atenas, sim.”

Ao lado de Giovane, Maurício é o único atleta da atual seleção que conquistou o ouro em Barcelona/92. Para o levantador, chegou a hora do “tudo ou nada.” “Chegou o momento que a gente pensou durante os últimos quatro anos. Esse momento está cada vez mais perto, tenho de controlar a ansiedade. Essa é a última cartada, a última viagem, e vamos ter de fazer com que tudo isso valha a pena, que é chegar na final e conseguir o êxito maior”, explicou.

Quando pensa em tudo o que passou dentro e fora da quadra, Maurício garante que nada mudou. “Estou muito contente. São 18 anos de seleção, estou muito animado, com satisfação de jogar. Não mudou nada na vontade, determinação e prazer de vestir a camisa da seleção brasileira. Com certeza cresci muito, estou mais maduro porque se passaram muitos anos. Mas o que mudou em mim foi que casei e tive filhos. Quando os anos vão passando, os objetivos vão mudando. Mas o objetivo de estar na seleção e conseguir títulos, isso não pode mudar nunca. E é por isso que eu estou até hoje na seleção, defendendo-a com toda a minha garra”, disse.

Ricardinho, o outro levantador da equipe, tem 28 anos, mas nunca disputou uma Olimpíada. Há quatro anos, o então técnico da seleção, Radamés Lattari, preferiu levar Maurício e Marcelinho e ele ficou fora de Sydney/2000.

Embora tente esconder a empolgação de estreante, Ricardinho admite a ansiedade de conhecer a Vila Olímpica. “Ainda não estou pensando nisso, mas sei que quando chegar lá vou querer ver a estrutura de uma Vila Olímpica”, revelou o levantador.

Ricardinho sabe do favoritismo que o Brasil carrega para Atenas e garante que não se sente nem um pouco preocupado. “O favoritismo, se trabalhado de uma forma correta, pode ser muito bom para nós. Com a campanha que fizemos nos últimos três anos, é claro que temos o status de favorito. Mas todos sabemos que esses resultados juntos não garantem uma medalha de ouro”, avisou.

Com Nalbert, vôlei faz escala na França

São Paulo

– A seleção brasileira masculina de vôlei embarcou ontem para a França, onde fará os últimos dois amistosos preparatórios para os Jogos Olímpicos de Atenas. Animados, todos os jogadores ressaltaram a volta de Nalbert ao grupo.

Antes de chegarem à Vila Olímpica, dia 10 de agosto, a seleção comandada por Bernardo Rezende fará dois jogos contra a França, em Bordeaux, nos dias 6 e 8. Será o teste final de Nalbert, que se recuperou de uma cirurgia no ombro esquerdo realizada em março e já está treinando com o grupo.

“Estou com muita vontade de jogar, mas também estou muito tranqüilo. Chego muito fortalecido pela batalha vencida nesses últimos meses. Agora é chegar lá, melhorar e melhorar para poder ajudar o grupo. Essa última semana treinei absolutamente normal, com poucas restrições de movimentos. Agora preciso jogar para pegar ritmo”, diz Nalbert.

Bernardinho acredita que Nalbert já está quase totalmente integrado ao grupo. “Quem o viu treinando segunda-feira e não sabia da contusão, não diria que ele vem de uma cirurgia”, elogia o técnico. O médico da seleção, Álvaro Chamecki, endossa: “A recuperação dele foi até melhor do que se esperava.” Todos os atletas também estão ansiosos pela volta do capitão ao time. “Ele já está a mesma coisa de sempre”, brinca o meio-de-rede Gustavo.

“Agora vamos ver as condições dele, vai ser muito bom vê-lo voltar a jogar”, opina Giovane.

A despedida do Brasil foi mais dura para o técnico Bernardinho que chegou depois dos atletas no aeroporto. “A Fernanda (Venturini, mulher do técnico e que conquistou o Grand Prix) chegou 10h30 em São Paulo, fiquei um pouco com ela. Mas vamos nos encontrar dia 10, em Atenas”, justificou-se o treinador. “Nem vi a Júlia (filha do casal), ficar só uma hora com ela ia ser pior para ela”, declarou. Fernanda evitou a imprensa: “Não vou falar nada. Estou de férias.”

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