Marcel já é o principal artilheiro do Estado

Artilheiro ele foi desde o início do ano. Mas, com os dois gols de domingo no passeio sobre o Flamengo, Marcel voltou a ser o principal goleador do futebol paranaense na temporada. E o centroavante do Coritiba já começa a pensar com mais carinho na possibilidade de se aproximar dos ?matadores? do brasileiro, liderados por Dimba, do Goiás, que tem 19 gols. E, por incrível que pareça, o jogador coxa teve mais prazer com um passe do que com os dois gols.

Foi o lance do quarto gol. Tudo começou numa rápida recuperação no meio, quando Edu Sales tocou para Marcel. O centroavante progrediu, acompanhado pela marcação de Fernando, e quando todos imaginavam um chute forte, veio o passe para Edu, que apenas teve o trabalho de dominar e deslocar Júlio César. “Fiquei muito feliz com o lance, já que eu não sou um jogador de passar. Uma jogada dessas me dá tanto prazer quanto marcar um gol”, confessa o atacante.

Até porque representa a evolução técnica de Marcel. Se antes ele era considerado um ?trombador?, sem muitas qualidades evidentes, hoje o centroavante é um dos principais batedores de falta do elenco e agora surge como ?assistente?. “Acho que eu estou melhorando em muitos fundamentos, e esse crescimento vai ser muito importante durante a minha carreira”, admite o jogador.

Mas o ponto mais visível – e cintilante – da temporada de Marcel no Coritiba é a artilharia. No primeiro ano em que assumiu a responsabilidade de ser o centroavante titular, ele corresponde. Foi o artilheiro do campeonato paranaense com dez gols, e com os onze no brasileiro retoma a liderança entre os jogadores do Estado em 2003 (ver quadro) – Marcel fora ultrapassado por Ilan na metade do primeiro turno.

Agora, o objetivo do centroavante é melhorar ainda mais seu rendimento e o do Coritiba. “Nós estamos mais confiantes, e temos que continuar assim, principalmente dentro de casa”, comenta Marcel, que não quis dizer se a atuação contra o Flamengo foi a melhor da carreira. “Acho que o importante foi a vitória, e a forma como o time jogou”, finaliza.

Coritiba saboreia os frutos da goleada

Cristian Toledo

Não é muito fácil explicar em palavras a expressão “lavar a alma”. Mais fácil exemplificar com situações, e domingo o Coritiba conseguiu exatamente isso com o 5×0 sobre o Flamengo. Se não representou ganho de posição no campeonato brasileiro, a goleada deu um sopro de ânimo na torcida, no elenco e na comissão técnica, e os três pontos fizeram o Coxa ficar mais perto dos primeiros colocados.

“Estávamos a três jogos do Cruzeiro, e agora estamos a dois”, comenta o técnico Paulo Bonamigo. É verdade: pela primeira vez nas últimas rodadas, o Cori aproveitou-se do tropeço do líder para encostar. E justamente no momento mais equilibrado da competição, quando o Santos empatou com os mineiros em 48 pontos, o São Paulo chegou aos 45 e o Internacional aos 44. Com 42, o Coritiba segue forte na briga.

E com moral elevado após vencer um dos times mais tradicionais do País. “Vencer o Flamengo, da forma que aconteceu, representa muito para o Coritiba. Era um jogo de transmissão de TV aberta para todo o Brasil, e o time mostrou qualidade para vencer”, elogia o secretário Domingos Moro.

Além disso, foi a vitória tão esperada jogando no Alto da Glória, na melhor atuação da equipe jogando em casa no Brasileiro. “Antes que virasse uma sina, nós conseguimos um ótimo resultado”, avalia o agora zagueiro – e capitão -Reginaldo Nascimento. “Já estávamos criando um problema para jogar no Couto”, confessa o jogador.

Para Bonamigo, a goleada foi apenas o primeiro passo de uma tentativa de máximo aproveitamento – o segundo será no sábado, às 16h, contra o Juventude. “Nós fizemos um pacto de conseguirmos rendimento total dentro de casa, que seria um diferencial para conseguirmos o título. Fizemos a primeira parte”, diz o treinador coxa.

E já melhoraram o aproveitamento. Agora, são sete vitórias, três empates e três derrotas em treze partidas no Alto da Glória. Com isso, o rendimento passou a ser de 61,54%, ainda abaixo dos quatro primeiros colocados, mas mais ?razoável?. “Desperdiçamos muitos pontos no primeiro turno, e agora precisamos contar com o fator casa para chegarmos perto dos líderes”, resume Bonamigo.

Tranqüilo

E mesmo a ?ingerência? de Roberto Brum foi relevada. Paulo Bonamigo comemorou o primeiro gol do “Senador” com a camisa coxa. “O pênalti podia ter sido batido pelo Tcheco, que tinha convertido o primeiro, ou pelo Marcel, que está lutando pela artilharia. Mas tinha a situação do Brum, que queria marcar seu primeiro gol. E foi bom, porque ele marcou”, afirma o treinador coxa.

Primeiro gol Roberto Brum nunca esquece

O lance parecia que ia correr de uma forma normal. Lira sofrera pênalti, e Tcheco, que já cobrara a primeira penalidade com sucesso, era o candidato a fechar a goleada do Coritiba sobre o Flamengo. Se não fosse ele, seria Marcel, que luta pela artilharia do brasileiro – esse inclusive era o desejo de Paulo Bonamigo. Mas havia algo preparado desde a saída da delegação para o Couto Pereira, umas três horas antes daquele momento.

Tcheco prometera a Roberto Brum que ele bateria um pênalti se o jogo estivesse decidido. Era a chance para o “Senador” mar, depois de um ano e meio, seu primeiro gol com a camisa do Coritiba. E ele não desperdiçou a oportunidade, num momento que eletrizou o Couto Pereira – antes, porque havia dúvidas se ele acertaria; depois, pela festa de um dos jogadores mais identificados com a torcida. E é essa história que Brum, com sua tradicional eloqüência, conta ao Paraná-Online.

Paraná-Online

– Você percebeu a confusão que sua atitude gerou na cabeça de todo mundo?

Roberto Brum

– Foi uma decisão minha e do Tcheco. Eu nunca sento ao lado dele no ônibus, quando a gente vai para o estádio, mas dessa vez aconteceu…

Paraná-Online

– Era uma armação sua.

Roberto Brum

– (rindo) É verdade. Eu sentei ao lado dele e começamos a bater papo sobre o jogo, sobre a vida. E o Tcheco virou e me falou: “Quero que você marque seu primeiro gol, tenho muita vontade de ver isso acontecer”. Eu respondi: “Pô, obrigado. Fico feliz de saber isso”. Aí ele me disse: “Se a gente tiver uma vantagem de dois gols e sair um pênalti, você cobra”. Eu falei que estava tudo bem, assumi a responsabilidade. E ele me mostrou que é mais que um companheiro de profissão. É um amigo, um irmão, um cara que se preocupa comigo também. Os meus familiares de sangue estão no Rio, exceto minha filha e minha esposa, mas considero pessoas aqui em Curitiba como se fossem da minha família, e o Tcheco é um deles. Estou muito feliz por estar rodeado por pessoas que me amam.

Paraná-Online

– O que você falou na hora da comemoração?

Roberto Brum

– Ah, eu falei que amava a torcida pelo reconhecimento ao meu esforço, minha dedicação. Jogador que atua na minha função, que precisa eliminar o ponto mais forte do adversário, não é muito reconhecido. E no Coritiba eu sou valorizado justamente por isso. Eu fico muito feliz, e o momento que eu tinha para expressar era a hora do gol, quando todas as atenções ficam para você. Eu esperei esse momento especial para fazer um agradecimento ao torcedor, porque ele reconhece quando me encontra nas ruas. Eu saí premiado com esse gol, e demonstrei todo esse amor, fazendo um coração e batendo no peito, mostrando que eles estão no meu coração. Curitiba faz parte da minha vida, comprei um apartamento aqui e estou planejando uma longa permanência. Já me considero um paranaense.

Paraná-Online

– E você percebeu o que alguns torcedores diziam para você?

Roberto Brum

– Quando eu olhava para o rosto das pessoas, eu via alguns gritando “Coxa”, outros gritando “Senador”, umas meninas gritaram “eu te amo”, e foi um contato muito gostoso. A vontade que eu tive foi de pular e ficar com a torcida. Quando o juiz autorizou o reinício do jogo, eu ainda estava lá com a galera. Eu queria ficar lá, quase pedi para o Bonamigo me substituir para que eu pulasse para a arquibancada. Acho que no próximo gol eu vou pular.

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