Falha tira vitória do Brasil 1

Dez minutos antes de deixar o cais em Melbourne, na Austrália, o Brasil 1 ainda não tinha certeza se disputaria a terceira regata local da Volvo Ocean Race, na madrugada de ontem, no horário de Brasília. A corrida contra o tempo, que estava sendo travada pela equipe brasileira desde o dia 18 de janeiro, quando o barco perdeu o mastro durante a segunda etapa da competição, parecia perdida. Mesmo assim, os brasileiros foram para o mar. E surpreenderam a todos que acompanharam a prova.

Com o novo mastro, que terminou de ser montado horas antes da largada, o Brasil 1 foi o mais rápido na largada e esteve em primeiro lugar em cinco das oito pernas da regata, disputa na Port Phillip Bay. Mas a sorte não ajudou. Uma falha hidráulica na quilha diminuiu a velocidade do veleiro azul e amarelo e um problema durante uma manobra, fruto dos esforços da tripulação para reparar o problema inicial na quilha, resultaram no quinto lugar. Mas sobrou o gostinho de vitória.

?Não foi desta vez, mas a gente vai continuar tentando?, lamentou o comandante Torben Grael, bastante aborrecido com a falta de sorte. ?Fizemos um esforço enorme para competir, fizemos uma regata boa e no final perdemos a chance de vencer.?

O timoneiro André Fonseca mostrou-se feliz pelo desempenho. ?O barco mostrou que tem grande velocidade e pode estar entre os primeiros colocados. A semana foi difícil, não testamos nada antes de correr a regata. As falhas são coisas que acontecem por se montar tudo em cima da hora. E todos estavam cansados. Estamos decepcionados, mas porque ficou o gostinho da vitória. Valeu o esforço?, completou o timoneiro André Fonseca.

Todo o esforço a que se refere Fonseca começou na terça-feira, quando o Brasil 1 terminou uma viagem de quatro mil quilômetros em cima de uma carreta pelo deserto australiano. Desde então, tripulação e equipe de terra dormiram apenas o mínimo necessário para que o barco estivesse pronto para a regata.

O proeiro neozelandês Andy Meiklejohn, por exemplo, terminou a montagem do mastro às 6h da manhã de ontem (17h de sexta no Brasil), três horas antes do horário em que o Brasil 1 deveria deixar o cais em Melbourne. Um dia antes, ele e sua equipe resolveram um sério problema nos cabos de sustentação do mastro, que vieram fora das medidas. ?É difícil ficar contente com o resultado, mas estou feliz porque o mastro funcionou bem. Minutos antes de sairmos, tínhamos algumas dúvidas, mas tudo funcionou?, disse o neozelandês, sorrindo pela primeira vez em dias.

Na equipe de terra, alguns integrantes tiveram apenas nove horas de sono desde quarta-feira. ?Valeu o esforço. O resultado poderia ser brilhante, mas foi bom. O barco estava extremamente rápido. Tivemos alguns problemas justamente por ter terminado o barco algumas horas antes da largada, mas ninguém esperava andarmos na frente?, comemorou Horacio Cara-belli, que comanda a equipe de manutenção.

A maratona, porém, não pára. Neste domingo, o barco sai da água, para começar a preparação para a terceira perna da volta ao mundo, a partir do dia 12. ?A lista de coisas a fazer ainda é grande, mesmo depois de tudo o que corremos. Temos que ajustar a quilha, trocar leme, acertar o estaiamento (cabos de sustentação do mastro) e preparar o barco para a próxima etapa. Devemos colocar o barco de volta na água na quarta-feira e, finalmente, ter tempo para fazer testes. O que fizemos hoje não foi normal?, completou Carabelli.

Voltar ao topo