O bicho pegou!

Explode a crise na Primeira Liga: grana da TV pode tirar dupla Atletiba do torneio

Rogério Bacellar e Mário Celso Petraglia afinaram o discurso e partiram ao ataque. Foto: GloboEsporte.com

Voltou à tona a crise da Primeira Liga. Agora, é oficial que Atlético e Coritiba estão “rebelados”, e não querem aceitar o acordo fechado com a televisão. O Coxa chegou a assinar o contrato com a Rede Globo, mas foi dissuadido pelo Furacão a mudar de ideia. E agora a dupla Atletiba ameaça largar mão da competição.

O acerto foi feito no final da semana passada, em meio a outras negociações, como a dos direitos de transmissão em TV aberta do Campeonato Brasileiro a partir de 2021 (até lá, a Globo já tem acordo com todos os clubes). Na Primeira Liga, quinze clubes acordaram com a proposta, menos o Atlético, o único clube a não enviar dirigente à reunião em Belo Horizonte.

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Pela proposta aprovada pelos quinze dirigentes, entre eles os de Paraná Clube e Coritiba, haveria uma divisão de cotas – o Flamengo ficaria com a maior; depois viriam Fluminense, Atlético-MG, Internacional, Cruzeiro e Grêmio; num terceiro patamar estaria a dupla Atletiba; e por fim os outros oito times (Paraná, Brasil de Pelotas, Avaí, Joinville, Chapecoense, Figueirense, América-MG e Criciúma).

Unidos também na busca de uma cota melhor no contrato com a TV aberta, o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, conversou com o presidente do Coxa, Rogério Bacellar, e com o vice Alceni Guerra, e mesmo depois de assinar o Alviverde passou a recusar a proposta – que renderia aos clubes R$ 69 milhões por três anos de contrato.

Em entrevista ao UOL, Bacellar falou grosso. “A nossa ideia inicial era que a divisão fosse baseada no modelo inglês, onde os clubes recebem a mesma fatia. E agora querem colocar o Coritiba em segundo plano”, disse o cartola, que admitiu que o clube assinou o contrato. “O meu vice-presidente (Alceni Guerra) chegou a aceitar isso na reunião, mas assim que ele me comunicou eu disse que não toparia. Não vou concordar de maneira alguma. O patrocinador não pode pagar mais ou menos para um ou outro”, completou.

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Mas, em entrevista à Gazeta do Povo, Alceni disse que não haveria outra proposta para os clubes da Liga. “Estamos na seguinte situação. Outras televisões não quiseram transmitir ou colocaram condições que não pudemos aceitar. A Globo fez a oferta, cinco vezes mais do que na última edição. Não tínhamos outra opção”, comentou.

O CEO da Primeira Liga, José Sabino (coincidência ou não, vice-presidente de marketing do Flamengo), garante que nada foi fechado. “A gente sabe da questão, especialmente do lado do Atlético. Essa foi apenas uma ideia apresentada na reunião, mas vamos fazer outras assembleias para debater o tema. Ainda não temos uma posição fechada neste assunto”, explicou.

Líderes

Atlético e Coritiba, além da questão financeira, tentam retomar o controle político da Liga. Criada por iniciativa da dupla, que convidou mineiros, catarinenses, gaúchos e cariocas para diversas reuniões em 2015, a Primeira Liga foi um sucesso de público e de repercussão. E com isso foi alterada a divisão de poderes do grupo, que tem como presidente Gilvan de Pinho Tavares, do Cruzeiro.

Bacellar deixa claro que os paranaenses querem retomar o protagonismo. “Nós praticamente criamos esse grupo lá atrás. Eu iniciei o contato com a CBF para a gente organizar o primeiro encontro. A gente convidou todos os clubes para a formação de um ambiente democrático e agora querem fazer isso. Não vou aceitar de maneira alguma”, atacou o dirigente.

De uma forma mais sutil, o presidente do Atlético, Luiz Sallim Emed, também reclamou da mudança no eixo de poder da Liga. “Estamos analisando essas questões para ver como vai ser. O grande problema é que não foi o que tínhamos acordado lá atrás”, resumiu.