Opinião da Tribuna

Paraná não vê a hora de 2016 acabar. Situação parece só piorar a cada dia

A comemoração pareceu exagerada, mesmo que valesse a fuga da Série C. Foto: Hugo Harada

A imagem acima é da comemoração de um dos gols do Paraná Clube na vitória da sexta-feira (28) sobre o Bragantino por 4×1. O resultado valeu por praticamente eliminar o risco de rebaixamento para a terceira divisão. Mas olhando a festa do técnico Roberto Fernandes com os jogadores, parece ser isso? Ou mais parece uma festa de um time campeão? A foto é (perdão pela redundância) um retrato do ano tricolor, mais um ano de frustração.

Quando um time faz uma festa deste tamanho para apenas a fuga do rebaixamento, é porque as coisas não estão nada bem. O Paraná, que tanto se orgulha – com toda razão – de sua gloriosa história, entrará em 2017 no seu décimo ano seguido na segunda divisão, e a cada temporada dá menos esperança ao torcedor, apesar dos discursos sempre otimistas e às vezes irresponsáveis de seus dirigentes.

Lembram do ex-presidente Luiz Carlos Casagrande, que disse que o acesso ano passado viria com três rodadas de antecedência? Ou de Durval Lara Ribeiro, eminência parda do futebol, ao falar que não via muitos elencos melhores do que o Paraná? O resultado desse tipo de declaração é gerar uma possibilidade ilusória, que não leva a lugar nenhum. Ainda mais para o já decepcionado paranista, que não sabe mais onde encontrar real esperança de ver seu clube melhorar.

Os erros da diretoria liderada por Leonardo Oliveira são semelhantes aos erros das diretorias anteriores. Nada do que os “Paranistas do Bem” anunciaram se completou – nem mesmo a venda de ativos como parte da sede da Kennedy, uma história tão atrapalhada que nem dá para explicar direito. Não fosse o empresário Carlos Werner, que decidiu ajudar o clube de coração (mas já deve estar querendo recuperar seu dinheiro), e sabe-se lá como teria sido o 2016 tricolor.

Aliás, se não fosse Werner, o pior até já poderia ter acontecido. Em fevereiro do ano passado, o então gerente de futebol do clube, Marcus Vinícius, em um desabafo, chegou a chorar dizendo que o Paraná iria acabar. A declaração não pegou bem. Logo depois, Marcus Vinícius foi duramente criticado, ameaçado por torcedores e mandado embora. Logo depois, uma invasão do CT Racco por parte da torcida organizada levou o então presidente Rubens Bohlen a renunciar. E aí vieram os “paranistas do bem”.

A mudança ficou mais no discurso. O risco de tudo ruir é sentido por muitos. Tanto que até internamente há grande receio de que isso se concretize, principalmente por conta das notícias dos últimos dias envolvendo o Ninho da Gralha, em mais uma daquelas contas que inexplicavelmente o Paraná só aumenta, mesmo se desfazendo de patrimônio atrás de patrimônio.

No futebol, os problemas de sempre. Duas reformulações profundas de elenco, três técnicos, falta de convicção, intromissão no trabalho de campo… E, como bem definiu um colega jornalista, o Paraná foi piorando a qualidade de quem comandava o time. A demissão de Claudinei Oliveira, mais por conta de um capricho de Vavá Ribeiro que pelos resultados que o técnico obtivera com um elenco limitado, foi a pá de cal nas expectativas para a Série B. Depois, foi remendo atrás de remendo.

E aí chega Roberto Fernandes, que ao invés de aproveitar a chance que o Tricolor lhe deu, claramente quer reaparecer no mercado. A ponto de, após a vitória sobre o Braga, dar a seguinte declaração: “Eu tive durante essa semana uma conversa com um jogador que me disse o seguinte: ‘Eu tenho bastante tempo de Paraná e não entendo você não estar na Série A’. Mas eu tenho os pés no chão sobre isso”.

Isso é coisa que se diga? E o respeito à instituição? Mas tudo isso passa, assim como invasões à Vila Capanema em dia de treino, agressões e ameaças no aeroporto, a falta de comando do clube… Para quem dizia que iria colocar o Paraná Clube nos eixos, por enquanto nada de diferente se vê na Vila Capanema.