Escolta emociona os jogadores

Brasília (AE) – A preguiça imperava entre os passageiros do histórico vôo RG 9585, que trouxe a equipe pentacampeã mundial de futebol, ontem de manhã, poucos minutos antes do desembarque na base aérea de Brasília. Depois de 25 horas de viagem, que começou no início da noite de segunda-feira, em Tóquio, e teve uma escala em Los Angeles, uns demonstravam cansaço por não ter conseguido dormir. Outros, por ter dormido, mas de forma precária, por causa do desconforto natural da longa jornada. Contudo, um momento em especial fez com que todos despertassem rapidamente e se aglomerassem nas pequenas janelas do avião: a aproximação dos caças Mirage, da Força Aérea Brasileira. Cinco aparelhos fizeram a escolta do avião da seleção brasileira durante, aproximadamente, 20 minutos.

Assim que se colocaram emparelhados e próximos ao Boeing 767, o piloto do caça líder, pintado com as cores da bandeira nacional e a parte da frente preta, comandante Almeida, saudou a delegação e os passageiros.

Nem mesmo os tripulantes, acostumados com os acontecimentos a mais de 10 mil metros de altitude, se contiveram. A exemplo dos demais ocupantes das poltronas, sacaram suas câmeras fotográficas e filmadoras para registrar o atípico momento. Quem teve trabalho foi o comandante Zanbon, no comando do vôo da Varig. Em um tom diferente, mais informal, deu a famosa orientação aos passageiros. “Gente, vocês precisam voltar aos assentos e apertar os cintos (de segurança)”, disse. “O avião vai pousar com uma velocidade de 300 km/h e isso pode representar um tombo.”

Bagunça

Além da banda de música, das pessoas falando português e da festa, outro detalhe fez com que a delegação se sentisse em território brasileiro: a bagunça, a desorganização. Surpresos com a anunciada presença de jornalistas e convidados, responsáveis pela segurança da Base Aérea de Brasília se mostravam perdidos. “Não sabíamos que tinha tanta gente a bordo”, dizia um deles. “Pensávamos que fossem apenas os jogadores e uma equipe da Rede Globo.” Para piorar, muitas pessoas que não tinham nada o que fazer na pista, se aglomeravam para tentar tirar fotos ou pegar autógrafos. Filhos de políticos e oficiais do exército e da aeronáutica acompanhavam o parente oficial na área restrita. Soldados colocados para delimitar o corredor pelo qual passariam os pentacampeões não conseguiam manter seus respectivos postos. E a razão não eram as pessoas que pressionavam, mas sim o ímpeto de alguns em voltar para a casa com um autógrafo.

Voltar ao topo