Equipes renegociam contratos dos pilotos devido a crise

As equipes da Fórmula1 caminham para uma considerável redução do valor dos contratos de seus pilotos, em mais uma medida para tentar reduzir os custos da categoria, que foi fortemente afetada pela crise financeira internacional.
O diretor esportivo da Mercedes, Norbert Haug, que tem parceria com a McLaren, explicou que a redução salarial “é inevitável” ao menos em sua equipe, que “pretende reduzir seu orçamento em cerca de 50% até a temporada de 2010”.

A escuderia inglesa tem contrato com o atual campeão do mundo, Lewis Hamilton, a quem o diretor e dono da equipe, Ron Denis, havia prometido salários de US$ 50 milhões anuais, caso o piloto conquistasse o título. Agora, Denis terá que dizer a Hamilton que não poderá cumprir a promessa, apesar de o piloto ter sido campeão. “Os pilotos não podem ficar de fora de um regime de austeridade”, ressaltou Stefano Domenicali, diretor esportivo da Ferrari, que também declarou que “os salários constituem uma parte considerável dos orçamentos das equipes”.

“Todas as escuderias, grandes e pequenas, estão apertando o cinto e olham para os custos com lupa. O próximo passo será falar com os pilotos e esclarecer a situação”, afirmou Domenicali. A retirada da Honda da categoria por questões financeiras colocou a Fórmula1 em alerta, e fez a categoria tomar medidas regulamentares para reduzir os custos. Uma delas é a obrigatoriedade de que os motores durem três corridas, e não duas, como exigia a regra até este ano.
A Federação Internacional de Automobilismo (FIA), com o aval dos construtores, também diminuiu o número de treinos anuais, em outra resolução que busca cortar entre 30% e 50% dos gastos.

Tanto a Ferrari como a McLaren anunciaram que diminuirão em cerca de 30% de seus orçamentos para 2009, que até a temporada passada eram de US$ 294 milhões e US$ 307 milhões, respectivamente.
“As equipes já pensam de outra maneira na hora de oferecer salários aos pilotos em seus contratos”, reconheceu Domenicali. Assim como a McLaren, a Ferrari enfrenta uma situação complicada com um de seus pilotos. O finlandês Kimi Raikkonen, campeão de 2007, havia renovado seu contrato com a escuderia italiana alguns dias antes de estourar a crise.

O novo contrato do piloto finlandês elevou seu salário para US$ 30 milhões anuais. Contudo, a Ferrari deve tentar um acordo com Raikkonen para alterar o valor, de modo a se enquadrar nas novas perspectivas da categoria. “São tempos particularmente difíceis que exigem o uso do bom senso e acredito que ninguém da grande família Ferrari pode se mostrar alheio a esse princípio”, afirmou Domenicali.

A situação também é complicada no caso de Jason Button, ex-piloto da Honda. Com apenas uma vitória em 154 Grandes Prêmios disputados, o Button tinha um contrato de 15 milhões de euros com a escuderia e agora tem o direito a 30 milhões por descumprimento de contrato.