Empresário confirma que subornou árbitro

FuturaPress
Um dos jogos que integrou a ?maracutaia? foi Vasco e Figueirense, onde Edílson anotou um pênalti inexistente.

São Paulo/Rio – O empresário Nagib Fayad, o "Gibão", prestou depoimento ontem na sede da Polícia Federal, em São Paulo, e disse ser apenas uma vítima no caso do escândalo em que se envolveram os árbitros Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.

Segundo o advogado do empresário, Cássio Paulette, o seu cliente sofre de uma séria doença e é viciado em jogos. Por isso, seria apenas uma vítima, e não, o "cabeça" do esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Fayad teria apenas aceito as ofertas dos árbitros para ganhar dinheiro em sites de apostas na internet.

Cássio Paulette confirmou que durante o depoimento, seu cliente, Nagib Fayad, disse ter feito três pagamentos ao árbitro Edílson Pereira de Carvalho. O empresário teria pago R$ 10 mil para cada resultado acertado pelo árbitro.

Os promotores acreditavam que em seu depoimento Fayad revelasse nomes de novas pessoas envolvidas no caso. Mas o empresário teria apenas confirmado que além de Edilson, o árbitro Paulo Danelon teria se oferecido para participar do esquema, mas que não chegou a "executar os serviços". O árbitro Paulo José Danelon, que apitou quatro partidas de Série B, vai prestar depoimento hoje à Polícia Federal.

Ainda segundo Paulette, Fayad optou, assim como Edilson, pela delação premiada e vai colaborar com as investigações.

Sem defesa

O advogado Francisco Vitor Augusto, contratado pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf) para defender Edílson Pereira de Carvalho no escândalo de manipulação de resultados, deixou o caso ontem. A entidade alega que não havia mais motivos para oferecer suporte jurídico ao árbitro depois de ele ter se transformado num réu confesso.

CPI pode intervir

A CPI dos Bingos pode investigar o escândalo de manipulação de resultados de partidas do Brasileirão. O senador Tião Viana (PT-AC) vai apresentar na sessão de hoje um requerimento para a convocação dos árbitros Edílson Pereira de Carvalho e Paulo Danelon, além do empresário Nagib Fayad. Os três poderão ter os sigilos fiscal, bancário e telefônico quebrados.

Zveiter sugere fim do sigilo para todos árbitros

 

São Paulo – O escândalo encabeçado por Edílson Pereira de Carvalho acabou atingindo todos os árbitros do Brasil. Jogadores, treinadores e dirigentes passaram o final de semana em alerta, e qualquer erro foi motivo para questionamento. No intuito de garantir a honestidade da classe, o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Luiz Zveiter, sugeriu que todos os árbitros, espontaneamente, autorizassem por escrito a quebra de seus sigilos bancário e telefônico.

O árbitro Wagner Tardelli Azevedo, do Rio de Janeiro, aceitou a sugestão. ?Essa revelação nos deixou assustados. Todos podem estar envolvidos, o que é normal até tudo ser esclarecido. Como árbitro da Fifa, um dos nove no Brasil, agora, considero mais do que normal a quebra do sigilo dos árbitros, seja bancário ou telefônico. Sou o primeiro a me colocar à disposição, principalmente porque os árbitros da Fifa é quem devem dar o exemplos a ser seguido?, declarou.

Na seqüência das investigações, a Polícia Federal ouvirá outros árbitros e auxiliares. O promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado), acha possível que alguns deles façam parte do esquema. ?Quando você pega uma quadrilha bem estruturada, cuja meta é cooptar árbitros de futebol, é normal que surjam outros nomes?, afirmou.

Wagner Tardelli também acha possível que a quadrilha seja maior. ?É importante que um árbitro seja fiscal do outro. Já que o Edílson resolveu confessar, seria importante que ele trouxesse à tona o nome dos outros que estavam envolvidos com ele?, disse o carioca.

CEF não vai alterar os resultados da Loteria Esportiva

Brasília – A Caixa Econômica Federal (CEF) não vai fazer nenhuma alteração na Loteria Esportiva, a Loteca, por conta das suspeitas de que jogos do Campeonato Brasileiro foram fraudados por juízes. ?A credibilidade do produto Loteca não foi afetada. Infelizmente, quem teve a credibilidade abalada foi o nosso futebol?, disse o superintendente Nacional de Loterias e Jogos da instituição, Paulo Campos.

De acordo com Campos os clubes de futebol também não tiveram culpa na fraude recentemente descoberta. Muito pelo contrário. Tanto o clube que ganhou quanto o clube que perdeu foram vítimas do esquema desonesto. O superintendente da Caixa também explicou que não há como a instituição rever, por conta da fraude, os resultados dos jogos já fechados. ?Quem ganhou, ganhou honestamente e já sacou o dinheiro. Não dá para cancelar o resultado e pedir o dinheiro de volta?, disse.

O superintendente da Caixa argumenta que o resultado fraudado teve pouca influência na loteria esportiva. A grade de jogos semanais da loteca é feita com base no campeonato brasileiro, sendo dele extraídos 14 jogos. Dez por cento do dinheiro arrecadado com a venda da loteca reverte para os clubes escolhidos. É o pagamento da Caixa pelo uso do nome do clube no jogo.

Campos também chamou a atenção para o fato de estar configurada a contravenção penal nos jogos de azar que não são explorados pela União.

?Qualquer jogo de azar é classificado como contravenção penal, exceto quando explorados pela União?, disse. Ele explicou que, ao explorar os jogos via Caixa Econômica, a União está salvaguardando os apostadores e também destinando parte dos recursos para programas sociais.

Pelos dados da Caixa, o conjunto de loterias administrado pela instituição arrecadou, no ano passado, R$ 4,2 bilhões. Desse total R$ 2,08 bilhões foram distribuídos para os programas sociais. A loteria esportiva, que já foi o carro-chefe das loterias na década de 70.

CPI também quer ouvir os envolvidos no escândalo do apito

Brasília – O chamado ?escândalo do apito? pode ser investigado ela CPI do Bingos. A iniciativa, contestada por boa parte dos integrantes da comissão, é do vice-líder do PT senador Tião Viana (AC). Ele apresenta hoje requerimentos convocando para depor na comissão os principais envolvidos no esquema de arbitragem: o empresário Nagib Fayad e o juiz Edílson Pereira de Carvalho. Tião também pede a quebra do sigilo fiscal, telefônico e bancário dos dois. O petista alega que o pedido se encaixa no alvo da CPI, de apurar a utilização de casas de bingo para a prática de crimes de lavagem, ocultação de bens e da ligação com o crime organizado.

Senadores da oposição defendem que a investigação da forma como tem sido conduzida pela Polícia Federal, dispensa o trabalho da CPI. Alegam ainda que a real intenção, ao ?puxar? um assunto sem ligação com os escândalos ligados ao governo Lula, é mesmo o de ?embaralhar, confundir e tumultuar o trabalho da comissão?.

?Aviso que votarei contra esses requerimentos, se a Polícia Federal não avançar além do que já foi nessa investigação, não poderá mais ser chamada de polícia?, antecipa o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). O líder do PFL, senador José Agripino (RN), defende

que cabe às comissões de inquérito priorizar investigações envolvendo dinheiro público. ?Estamos entupidos de denúncias contra os cofres públicos, mudar o rumo agora, só ajuda aos envolvidos?, justifica.

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), vai propor uma outra alternativa, a de pedir ao Ministério Público que remeta à comissão os dossiês do escândalo do apito. Ele alega que dessa forma será possível fazer uma conexação deste escândalos e dos que já estão na CPI. ?Se for a mesma máfia, aí sim, devemos avançar nas investigações. Caso contrário, acredito que não vale a pena sobrecarregar a CPI com um assunto aparentemente bem encaminhado pela Polícia Federal?, alega o relator.

Mais CPI

Os deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo estão estudando a criação de uma CPI para apurar o escândalo envolvendo a fabricação de resultados nos jogos de futebol do último Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro. O motivo para isso é o fato dos personagens envolvidos serem paulistas (Edílson Pereira de Carvalho e Nagib Fayad mais o suspeito Paulo José Danelon).

A definição sairá hoje, às 13hs, em uma reunião envolvendo todos os 13 líderes de governo na Assembléia, em São Paulo (SP). Por enquanto não há um consenso entre a finalidade da CPI – se seria sobre o futebol ou especificamente sobre a fabricação de resultados. Caso os líderes achem que o tema mereça ser investigado, este precisaria 32 deputados assinando o pedido para que a CPI fosse criada.

Fifa pede explicações à CBF

 

Genebra – A Fifa quer que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informe a entidade máxima do futebol quanto às investigações em relação ao escândalo envolvendo o juiz Edílson Pereira Carvalho, que também é árbitro da Fifa.

A entidade com sede na Suíça ainda espera que a CBF envie os resultados da investigação e que o processo seja conduzido tendo em conta o Código de Ética da própria Fifa, criado no ano passado. A entidade afirmou que irá esperar os relatórios do Brasil para anunciar eventuais medidas em relação ao árbitro.

Até o final da tarde de ontem, a Fifa, ainda que admita estar acompanhando o caso de Edilson Pereira Carvalho, contou que não recebeu qualquer comunicação oficial da CBF sobre as prisões ou medidas que estão sendo tomadas no País.

Danelon se apresenta hoje à PF

São Paulo – Abalado psicologicamente e sob cuidados médicos, o árbitro Paulo José Danelon citado por Edílson Pereira de Carvalho em seu depoimento resolveu se apresentar espontaneamente ontem à Polícia Federal. Danelon deve prestar esclarecimentos hoje às 14h, em São Paulo. ?Ele está muito abatido com tudo o que está acontecendo?, disse seu advogado, Paulo Rogério Bonini, que esteve ontem na sede da Polícia Federal em São Paulo. ?A casa dele em Piracicaba está cercada de curiosos e a preocupação entre os familiares é muito grande, pois chegou a ser divulgado pela imprensa que ele já estaria preso.?

Bonini inocentou seu cliente, que não teria nenhuma participação em esquemas de arbitragem. ?Ele só conhece o Edílson de vista, tiveram contato apenas em algumas reuniões do quadro de árbitros da Federação Paulista e da Confederação Brasileira de Futebol?, contou Bonini.

O advogado disse ainda que Danelon não teve contato com o empresário Nagib Fayad, o Gibão, que também é de Piracicaba, mas o conhece porque ?Piracicaba é pequena e todos se conhecem por lá? esquecendo-se que a cidade tem mais de 358 mil habitantes. ?Não há prisão decretada contra meu cliente?, ressaltou Bonini.

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