Dois não-tenistas em uma competição

A convite da organização do torneio, O Estado do Paraná teve direito a inscrever uma dupla na 5.ª etapa do Circuito Chef Vergê de tênis. Sem nenhum tenista na redação, uma dupla inusitada foi montada para representar o jornal no torneio: o repórter policial Marcelo Vellinho, campeão de squash, e o repórter de Política Roger Pereira, que chegou a fazer aulas de tênis na adolescência, mas nos últimos cinco anos, só jogou frescobol.

Sem nenhum treino e sequer oportunidade de se familiarizar com o tamanho da quadra, da raquete e da bolinha, apresentamo-nos na noite de sexta-feira, no Santa Mônica Clube de Campo, para dar início a essa aventura.

Inscritos na sexta classe, a mais fraca do torneio, dedicada aos iniciantes, fomos com o objetivo de não sermos humilhados, mas o sorteio das chaves nos deixou a sensação de que passaríamos vergonha. Na nossa partida de estréia, tínhamos pela frente a dupla que ocupava a segunda posição no ranking de todas as etapas do circuito no ano, Douglas Pinheiro e Marinho Fischer. Se a primeira impressão é a que fica, nossa aventura no saibro ia durar pouco e ser vergonhosa. Perdemos o primeiro set por 6 a 0, em cerca de 15 minutos.

No intervalo antes do início do segundo set, uma conversa mudou a história. Reconhecemos que não jogávamos nada e combinamos de apenas tentar devolver a bola para o outro lado da quadra, sem a pretensão de matar pontos. A estratégia deu certo e até conseguimos equilibrar a partida, levando o jogo até o 4 a 4, quando, por incrível que pareça, conseguimos uma quebra de serviço, para, logo depois, fecharmos o set em 6 a 4.

A reação surpreendeu a nós mesmos, mas desestabilizou a dupla adversária, que parecia já contar com uma vitória tranqüila. Irritados e desconcentrados, Pinheiro e Fischer erraram tudo no terceiro set e nos proporcionaram nossa primeira vitória em uma partida de tênis (6 a 1 no set final). ?Que lição!?, foi o comentário de Marinho Fischer após o jogo – admitindo ter até menosprezado nossa promissora dupla. ?Já estávamos pensando na seqüência do torneio?, revelou Douglas Pinheiro.

No sábado, voltamos ao Santa Mônica para a disputa das quartas-de-final, e a história da partida começou e acabou diferente do dia anterior. ?Ganhamos dos número 2 do ranking, agora ninguém nos segura?, pensei, já fazendo planos de chegar, ao menos, às semifinais. E o começo da partida, contra Narimatsu e Campanhola nos encheu de confiança. Abrimos 2 a 0 nos dois primeiros games. Mas esse excesso de confiança nos tirou da humilde estratégia. Inspirados pelo desempenho de André Sá e Marcelo Melo no US Open, passamos arriscar algumas jogadas de efeito e, é claro, erramos bastante, permitindo a reação do adversário e perdendo o primeiro set por 7 a 5. Não conseguimos voltar ao jogo no segundo set e fomos superados por tranqüilos 6 a 3. Mais uma vez, ficou a lição: ?O tênis exige concentração?.

?Minha estréia foi satisfatória?

Marcelo Vellinho

Não sei qual é a opinião do meu parceiro de dupla, mas posso dizer que minha estréia em um torneio de tênis foi satisfatória. Apesar de termos perdido na segunda rodada da sexta – e última -categoria do campeonato, a sensação é de que nosso resultado foi surpreendente. Pudemos perceber a dificuldade logo na primeira partida. Jogando contra a dupla número 2 no ranking do circuito, fomos incapazes de vencer um game sequer no primeiro set. Porém, algo aconteceu naquela noite de sexta-feira que fez mudar a ordem natural das coisas. Talvez a outra dupla tenha pensado que a partida estava liquidada e, displicente, permitiu nossa reação.

No dia seguinte, cheios de confiança, voltamos ao normal e, apesar de muita luta, não conseguimos vencer. Mesmo eliminados, deixamos o torneio certos de que foi uma boa participação e com a vontade de retornar às quadras no próximo evento.

* Marcelo Vellinho é repórter  polícil em O Estado.

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