Por que ‘queimamos’ revelações no futebol paranaense?

Revelações do futebol paranaense: Dodô e Marcos Guilherme
Dodô e Marcos Guilherme não brilharam por aqui, mas vão bem em Shakhtar e Internacional. Fotos: Divulgação

Durante o mês de junho, a Tribuna do Paraná e a Gazeta do Povo apresentaram duas listas do futebol paranaense. A de revelações que não vingaram em Athletico, Coritiba e Paraná Clube, e a das que fizeram sucesso em Furacão, Coxa e Tricolor. Vendo os nomes citados, e lembrando de outros, fiquei pensando em até que ponto nós – torcedores e jornalistas – acabamos ‘queimando’ determinados jogadores.

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É uma espécie de mantra de analistas e da galera: “vamos usar a base“. Pedimos encarecidamente pra que nossos clubes olhem para as categorias menores e pincem de lá talentos que poderão ser usados nos elencos profissionais. É mais barato do que encher o time de medalhões – apesar de se saber que há necessidade de mesclar juventude com experiência (outra frase fácil, convenhamos).

Mas ao mesmo tempo, alguns jogadores são cobrados excessivamente logo ao subirem para o time principal. E a pressão é tão grande – interna e externa – que acabamos vendo promessas do futebol paranaense saindo daqui e indo fazer sucesso em outros centros, inclusive na Europa.

Dodô e Marcos Guilherme

O lateral-direito do Shakhtar está na mira do Bayern de Munique. Caso o negócio saia, ele renderá ainda uma boa grana para o Coritiba. Mas Dodô saiu do Alto da Glória pela porta dos fundos, execrado por boa parte da torcida e desacreditado pela imprensa (quando falo ‘imprensa’, eu tô me incluindo). O que aconteceu aqui que não acontece na Ucrânia.

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Da mesma forma, Marcos Guilherme, que chegou a ser chamado de ‘joia’ pelo presidente Mário Celso Petraglia, nunca rendeu no Athletico o que se esperava dele. Mas no São Paulo antes e no Internacional agora ele é uma peça importante, sendo inclusive decisivo em várias partidas. O problema tava nele ou tava no ‘contexto’?

Giuliano era bastante cobrado no início da carreira no Tricolor. Foto: Daniel Castellano/Arquivo

Tenho certeza de que há uma cobrança maior, uma exigência de que os jovens jogadores cheguem resolvendo – como resolviam na base. Por exemplo, apesar de ser um baita jogador, Giuliano era contestado por muita gente no Paraná. O que é um erro, principalmente dos jornalistas, pois gostamos de dizer que é preciso ter paciência, mas quando temos a chance já pedimos um reforço mais experiente.

É problema do futebol paranaense?

Claro que olhamos com mais interesse para o nosso quintal, mas isso também acontece em outros estados. Juan Alano, que recentemente foi importante no acesso do Coritiba para a primeira divisão, nunca vingou no Internacional. Pergunte para um torcedor do São Paulo o que ele achava de Wellington, hoje capitão e jogador fundamental do Athletico.

Precisamos aprender a realmente dar apoio às revelações do futebol paranaense. Nem todos vão vingar, é da vida, mas o sucesso de Kleberson, Alex, Ricardinho, Rafinha, Jadson, Éverton e tantos outros mostra que apostar na base é importante. E pode fazer diferença no ‘novo normal’ do futebol.

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