Athletico x Ceará: empilhar atacantes também não é a solução

Athletico x Ceará
Léo Cittadini sofreu com a marcação de Fabinho e com um adversário bem montado. O resultado que Athletico x Ceará terminou empatado. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

O futebol paranaense todo dia nos ensina – desta vez foi em Athletico x Ceará. O empate em 0x0, na noite desta quinta-feira (8), na Arena da Baixada, mostrou que um time ofensivo não se faz enchendo o time de atacantes. Por mais de 20 minutos o Furacão jogou com quatro homens na frente e isso não adiantou nada. E ainda quase permitiu que o Vozão chegasse muito perto da vitória.

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O rendimento do Athletico diante de times fechados mostra que jogadores como Christian e Nikão são hoje imprescindíveis, e que ainda será preciso trabalhar bastante o time para os desafios que virão pela frente – a sequência do Campeonato Brasileiro, as oitavas de final da Copa Libertadores e o confronto com o Flamengo pela Copa do Brasil.

Base mantida

Eduardo Barros não surpreendeu na escalação do Athletico. Trouxe de volta os titulares poupados na derrota para o Flamengo, escalou Jandrei no gol no lugar de Santos, que está na seleção brasileira, e manteve Renato Kayzer no time. A definição do centroavante faria com que o time principal jogasse com uma referência. Mesmo que Christian não estivesse em campo, por conta da suspensão automática, seria interessante ver como se daria o encaixe tático do novo esquema de jogo com uma referência.

Outra expectativa era sobre Jorginho. O meia ainda não havia brilhado com a camisa rubro-negra, e agora teria uma chance para começar jogando com os titulares. Ele precisaria dar a mesma dinâmica que Léo Cittadini – este jogaria na função de Christian. Se funcionasse, ele entraria numa briga que pode fazer o treinador ganhar uma opção bem ofensiva para o setor de criação. E era em um jogo interessante, contra uma equipe bem organizada na defesa e cheia de jogadores que passaram por aqui: Fernando Prass, Eduardo, Eduardo Brock e Vinícius.

Athletico x Ceará: o jogo

O Furacão começou tentando se apropriar do campo do Vozão. Além das trocas de passe habituais, havia agora a opção de cruzamento para Kayzer, e nos primeiros quinze minutos o recurso foi bastante utilizado. Mas os visitantes tinham espaço para jogar e arriscavam, a ponto de Ricardinho acertar a trave no primeiro lance de real perigo da partida. A movimentação adversária era muito interessante, com os volantes se soltando pelo lado do campo, principalmente pela direita.

Com Renato Kayzer, o Athletico passou a explorar os cruzamentos. Mas nesta Fernando defendeu. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Com o passar do primeiro tempo, Jorginho foi caindo mais para a esquerda, com Cittadini voltando a fazer seu papel mais adiantado. Era uma tentativa do Athletico para furar o bloqueio do Ceará, que se fechava inteiro e saía em velocidade. Jonathan e Abner ainda não eram muito acionados – o Furacão demorou a abrir o jogo, criar profundidade.

A partida era boa, mas quase no estilo “legal pra comentarista”: muita tática, movimentos definidos e só uma chance de gol. Antes do intervalo ainda tivemos a segunda chance, quando Jorginho e Fabinho desperdiçaram. O Rubro-Negro teve novamente problemas para furar uma defesa bem montada.

Jogo de risco

Uma partida como esse Athletico x Ceará, quando o adversário se monta para explorar suas falhas, é sempre de risco. Usando o termo consagrado pelo Mário Sérgio, o Vozão gostava do jogo. E a falta de Christian tirava a agilidade do Furacão, o time era lento na transição, não arriscava. A má atuação de Fabinho aumentava essa dificuldade – e Kayzer, que foi bastante acionado no início do confronto, já tinha um tempão que não recebia a bola.

Eduardo Barros resolveu mudar o jeito do Furacão jogar, tirando Jorginho e colocando Walter. Era para ocupar de vez o campo de ataque – mas também tentando impedir que os laterais do Ceará e principalmente Ricardinho jogassem com tranquilidade. O técnico interino decidiu botar mais um atacante na entrada de Geuvânio na vaga de Léo Cittadini. Já eram quatro em campo. Apenas dois jogadores no meio. E Abner salvava o Rubro-Negro em cima da linha.

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Claro que todos gostam de futebol ofensivo, mas empilhar atacantes também não adianta, ainda mais se o meio-campo ficava desguarnecido. E o Athletico ficava com dois blocos, uma turma na defesa e outra no ataque. O resultado era o Ceará bem mais perigoso, e Jandrei sendo obrigado a trabalhar. No final, o empate não ficou de todo ruim, porque o Furacão passou perto de perder o jogo na Arena.