Inesquecível

Meu Paranaense inesquecível: Coxa-branca relembra o título de 1999

Time-base do Coritiba que foi campeão em 1999. Foto: Reprodução/Twitter/Coritiba

Para fechar a série “Meu Paranaense Inesquecível”, vamos relembrar o título do Coritiba de 1999, especial para o torcedor Rodrigo Salvador dos Santos. A conquista entra na categoria de memorável porque, depois de dez anos sem levantar a taça do Estadual, o Alviverde bateu o favorito da época, o Paraná Clube, e o torcedor pôde soltar o grito preso na garganta. Após eliminar o Athletico na semifinal e se vingar do ano anterior, quando o Furacão venceu, o título seria decidido contra o Tricolor em uma série de três partidas.

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Salvador guarda até hoje uma relíquia pessoal que marcou, para ele, aquela conquista. “Em 1999, quando tinha 13 anos, eu botei na cabeça que ia acompanhar o Coxa em cada detalhe. Comprei um caderno de capa dura – verde, obviamente – e nele eu ia anotar tudo que aconteceria com o time. Eram tempos sem internet, por isso a importância dos detalhes”, recordou o matemático industrial, que não deixava passar nada em seus ‘rabiscos’.

Torcedor registrava em um caderno a caminhada do Verdão. Foto. Arquivo Pessoal
Torcedor registrava em um caderno a caminhada do Verdão. Foto. Arquivo Pessoal

“No caderno, eu anotava as negociações, as notícias, mas principalmente os jogos. Resultado, local do jogo, autores dos gols. Comecei na Copinha e fui embora, não falhava um jogo”.

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O coxa-branca conta que, naquele ano, passou a desejar o título paranaense depois de uma provocação. “Comecei a entender o significado do que era torcer para o Coritiba em 1996. Em 97, quando ganhamos o Festival Brasileiro de Futebol, cheguei felizão no meu colégio comemorando. Mas os paranistas diziam que aquilo não valia nada. E aquilo foi um trauma na cabeça de um guri de 12 anos. Meu time precisava ganhar alguma coisa. Então 99 é especial por ser o meu primeiro título que eu acompanhei, o primeiro da minha geração e o primeiro em muito tempo até pros mais rodados”, recordou o torcedor, hoje com 33 anos.

A ‘birra’ com os colegas torcedores do Paraná Clube não era em vão. Na década de 1990, o Tricolor foi o campeão absoluto e em diversas finais bateu justamente o Coxa na grande final. Por isso, a conquista de 1999, diante do rival teve um gosto ainda mais especial.

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Salvador já está iniciando o filho na arte de torcer pelo Coxa. Foto: Arquivo Pessoaç
Salvador já está iniciando o filho Francisco na arte de torcer pelo Coxa. Foto: Arquivo Pessoal

“O Coxa foi evoluindo e chegou à final, contra o Paraná. Sempre o Paraná. Eles eram favoritos. Ganharam tudo na década, tinham o melhor time e a melhor campanha. A final era em três jogos, um no Couto e dois no Pinheirão. Era muito difícil ganhar naquele cenário”, pensou, na época, Salvador.

Porém, ele não imaginava o que estaria por vir. O Verdão venceu o primeiro jogo da série com um golaço do atacante Cléber. Depois de a segunda partida ser cancelada na primeira data pela chuva que caía em Curitiba, Paraná e Coritiba entraram em campo numa quarta-feira à tarde, na Vila Olímpica do Boqueirão.

O Paraná abriu 2×0 de vantagem, mas o Coritiba diminuiu com Robert, aos 38’ do segundo tempo e empatou com Reginaldo Araújo, no final da partida, mantendo a vantagem para a finalíssima, que foi no dia 10 de julho de 1999. O então garoto não foi ao estádio, mas manteve todo o ritual que, para ele, trazia sorte ao time.

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“Lembro muito do terceiro jogo. O empate era nosso. Eu estava escutando no rádio deitado na cama, na mesma posição que estava dando sorte durante todo o campeonato: cabeça pra janela, pé esquerdo por cima do direito. O Paraná abriu 2×0 e eu já louco de raiva, pensei que mais uma vez o Coxa não iria ganhar”. Então, apreensivo, largou mão do ritual e sentou na cama. “Nisso meu tio chegou em casa e me perguntou do jogo. Na mesma hora o narrador gritou gol. E eu pedi pra ele entrar de novo no quarto porque ainda faltava um gol. Eu já estava suado e o coração na boca quando o Darci empatou. Eu corri doido pela casa, pulei nas costas do meu tio”, detalhou.

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Os gols do Coxa foram assinalados por Cleber, aos 35 minutos do primeiro tempo, e, aos 39 do segundo, por Darci, que recém havia entrado no jogo. Com o placar de 2×2, o Verdão garantiu o título. “O jogo acabou e eu fui pro quintal de casa, com bandeira, camisa e tudo mais que tivesse à mão. Morava na Rua XV. O jogo foi no Pinheirão. E aí uma lembrança clara: uma carreata que saiu do Pinheirão até o Couto e passou na frente da minha casa. Eu consegui ver os jogadores passando”, detalhou, lembrando o que não poderia deixar de fazer naquela ocasião.

“Naquele mesmo dia eu preenchi o resultado no caderno. Ao longo da competição, eu tentava ser todo correto pra poder me achar nas anotações, mas a página do título está toda desordenada, isso no que talvez tenha sido um dos sentimentos mais fiéis que eu consegui retratar em papel”, arrematou o coxa-branca apaixonado.

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