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Análise: Será que Kleina é realmente o maior culpado no Coxa?

É fácil culpar o treinador. Nós, jornalistas, adoramos fazer isso – na hora em que o time para de jogar, a culpa é do “professor”. É o simplismo tão comum quando se discute qualquer assunto, como é possível ver durante essa nossa interminável crise política. Mas será que o treinador é o mordomo da história em todas as histórias?

Olhar para o Coritiba dá uma noção de como essa situação não é tão simples. Que é verdade que o time não rende o esperado, isso não se discute. Afinal, são três derrotas em nove rodadas do Campeonato Paranaense.

O técnico tem responsabilidade nesse mau rendimento? Claro. O Coritiba não conseguiu uma estabilidade tática até agora. Parecia estar subindo ao vencer Paraná e Avaí (pela Primeira Liga). Mas a derrota para o J. Malucelli reviveu outro problema – a instabilidade emocional do elenco, problema que nenhum técnico e nenhum psicólogo nos últimos anos conseguiu resolver.

Mas a instabilidade mais grave do Coritiba está fora de campo. E é ela que gera toda a dificuldade alviverde em todos os setores. Hoje não há certeza na postura da diretoria. Rogério Bacellar, o presidente, não aparece mais. Alceni Guerra, vice há alguns meses, parece estar tocando o clube. O Conselho Deliberativo festeja sua força, mas acaba agitando ainda mais o ambiente. As cobranças ficam só em cima dos remunerados Maurício Andrade e Valdir Barbosa.

O resultado é que o sofrimento em campo é também fruto da crise interna – que chegou ao ponto de se “planejar” atrasos de salários. E que também pressiona Gilson Kleina. Afinal, é possível confiar no apoio da direção se Ney Franco era respaldado pelo presidente até horas antes de ser demitido por pressão de conselheiros?

Aí volta a pergunta da manchete: será que Gílson Kleina é realmente o maior culpado no Coritiba?

A resposta: ele tem sua parcela de culpa, mas certamente não é o principal responsável pelo que acontece no Coritiba. Inclusive dentro de campo.