Cautela, a receita coxa para receber o Grêmio

Pode parecer humildade excessiva, mas o Coritiba encara o jogo de hoje, às 16h, contra o Grêmio, no Couto Pereira, como a mais difícil das partidas em casa no campeonato brasileiro. Apesar de o time gaúcho ser o lanterna da competição, e viver uma crise institucional (que nos últimos dias envolveu até a imprensa), no Alto da Glória ninguém fala em facilidades.

Mesmo que, pela primeira vez no brasileiro, o técnico Paulo Bonamigo tenha todos os jogadores do elenco à sua disposição.

É um fato raro em um campeonato de 46 jogos e contusões e suspensões sucessivas. Nos trinta jogos anteriores, sempre faltava alguém -desde o jogo de 30 de março, contra o Flamengo, quando Edinho Baiano e Ceará estavam lesionados, até o clássico contra o Paraná, quando Edu Sales e Reginaldo Nascimento estavam suspensos. A rigor, só não está a disposição o goleiro Fernando Vizzotto, que segue cumprindo suspensão por doping.

Para Bonamigo, o mérito é de quem está trabalhando com ele. “Isso prova a capacidade das pessoas que estão no clube, principalmente na nossa preparação física e no departamento médico. Eu tenho toda a tranqüilidade para trabalhar”, garante o treinador coxa. O fisicultor Róbson Gomes lembra do comando do clube. “É o respaldo que o Coritiba dá, desde o presidente até os diretores que trabalham perto da gente”, comenta.

O diálogo é citado pelo gerente Oscar Yamato como fundamental para o momento alviverde. “Nada é decidido sem o posicionamento de todos os setores do futebol”, conta. E o entrosamento entre diretoria, comissão técnica e jogadores é inédito no Coritiba – pelo menos nos últimos dez anos. “O ambiente é muito bom, e isso claramente influi no rendimento da equipe”, reitera o secretário Domingos Moro.

Apesar de tudo isso, o clima do jogo é de respeito total, mesmo que as situações sejam diametralmente opostas. “Não podemos entrar em campo pensando que está tudo resolvido, ou que a partida será fácil. Teremos um desafio muito grande”, adverte Bonamigo. “Será uma guerra, e nós temos que estar preparados para isso”, completa o volante Roberto Brum, que foi buscar no retrospecto, mais combustível para o jogo. “Nós temos menos vitórias que eles, e temos que equilibrar o confronto.”

E todos esperam o apoio – e a paciência – do torcedor. “Não soubemos lidar com a dificuldade em outros jogos. E não podemos repetir os resultados que tivemos contra Fortaleza e Vitória”, comenta Reginaldo Nascimento, lembrando dos dois últimos empates em casa. “Nós temos que contar com a força das arquibancadas. E da nossa torcida que vamos tirar a mobilização decisiva para conseguirmos a vitória”, finaliza Bonamigo.

Edinho volta a ser o líder da zaga e do time

Um grande capitão não abandona seus comandados na hora da luta. E Edinho Baiano voltou ao Coritiba no momento crucial do campeonato brasileiro, e em um jogo complicado como o clássico contra o Paraná. Voltou, jogou bem e será mantido na equipe pelo técnico Paulo Bonamigo. Ele será o líder da defesa, tendo a seu lado Reginaldo Nascimento e Odvan, formando a trinca ?ideal?, imaginada por muitos desde o início da competição.

Mas, como bom capitão, Edinho não cria arestas com os companheiros. Quando perguntado sobre a experiente formação defensiva, ele prefere valorizar o grupo como um todo, e diz que a definição é do técnico Paulo Bonamigo. Olhando para todos os lados, Edinho protege o elenco e reforça a unidade com o treinador nessa entrevista. Com vocês, a palavra do capitão do Coritiba.

Paraná-Online

– O time vai jogar no 3-5-2 ou no 4-4-2 contra o Grêmio?

Edinho

– Acho que essa parte é do treinador. A gente tem que estar preocupado em estar bem dentro de campo para fazer o que ele nos pede.

Paraná-Online

– Você voltou contra o Paraná depois de uma longa parada. Como você se sentiu no jogo?

Edinho

– Eu parei por quase dois meses, e durante a minha recuperação trabalhei muito a condição física. No primeiro tempo, eu senti a falta de ritmo, principalmente no começo do jogo. Depois fiquei mais solto, tive até oportunidade de marcar gols, mas o mais importante foi a postura tática da equipe, que neutralizou as jogadas rápidas do Paraná e facilitou o meu trabalho.

Paraná-Online

– O que representa para a equipe a sua presença ao lado do Odvan e do Nascimento?

Edinho

– Eu penso no grupo. Todos nós pensamos assim, independente daquele que joga. Nós temos um grupo muito bom, tanto que quando ficam dois ou três jogadores de fora, a equipe praticamente não sente as ausências porque os que entram estão dando conta do recado. Temos que valorizar todo o elenco, não importando quem começa jogando. E a definição de quem joga eu prefiro deixar para a comissão técnica.

Paraná-Online

– Essa sua posição de valorizar o elenco também é um alento para quem não joga.

Edinho

– É, porque acho que todos nós já passamos por isso, principalmente quando estamos começando. Se você tiver ritmo de jogo e conseguir um bom nível de atuação, você consegue seu espaço. Mas isso acontece aos poucos: você primeiro fica fora, depois vai para o banco de reservas, e depois aparece no time titular. Por isso que eu acho que o mais importante é a consciência de que todos estão fazendo o melhor para o grupo, buscando um objetivo comum.

Paraná-Online

– No início do ano, você dizia que tinha certeza que 2003 seria melhor para o Coritiba que 2002. Mas você acreditava que o time chegaria a esse ponto, disputando o título brasileiro?

Edinho

– Depois do paranaense, quando fizemos um pacto para conquistar o título invicto, percebemos a força que esse elenco teria para chegar no brasileiro e ser campeão. E os resultados apareceram, as vitórias vieram normalmente e nós ganhamos muita confiança. E passamos a acreditar naquilo que não víamos: sempre falamos que ainda não conseguimos nada, que não conquistamos o título, mas a gente acredita que vai ganhar. A gente crê naquilo que não vê, e isso se chama fé.

Time ideal em campo. Nem Bonamigo esconde isso

Com todos os jogadores à disposição, o técnico Paulo Bonamigo coloca em campo esta tarde a equipe titular do Coritiba. Será esta a formação básica alviverde até o final do brasileiro, jogando no 3-5-2 e com um meio-campo mais agressivo. As variações não estão descartadas, mas Bonamigo não esconde que vê nesse time que enfrenta o Grêmio o ideal para a reta final do campeonato brasileiro.

Apesar do esquema ?alternativo? ter surtido efeito nas vitórias sobre Flamengo e Figueirense e nos empates contra Cruzeiro e Atlético-MG, Bonamigo prefere manter a estrutura que usa desde que chegou ao Alto da Glória. “Os jogadores já conhecem o que eu quero, e por isso eu posso me preocupar com outras situações”, explica o treinador.

Isso não implica no abandono do outro esquema – ele é opção real para as partidas, tanto que essa semana Bonamigo testou Helinho no time titular no lugar do capitão Edinho Baiano. É a mudança ofensiva, pois a defensiva também está programada. “Eu tenho a possibilidade de colocar o Willians na equipe, caso necessite de um time mais forte na marcação”, avisa o técnico, citando o melhor em campo no clássico contra o Paraná e destaque dos últimos treinos.

Mesmo com Willians em ótima fase, Bonamigo (que é admirador confesso do volante) opta pela experiência de quem jogou junto por mais tempo. Daí a presença de Roberto Brum ao lado de Jackson e Lima – neste Brasileiro, o “Senador” teve a companhia do armador em quase todos os jogos, e no restante da “era Bonamigo” Lima foi titular absoluto.

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