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Com Seedorf, Atlético aposta mais uma vez na inovação no futebol brasileiro

A quase concretizada chegada de Seedorf ao comando da equipe é mais uma tentativa do Atlético de inovar no futebol brasileiro. O holandês, que está a uma assinatura de assumir o comando técnico, chega não só para ser o treinador do Furacão, mas também para ser o manager do clube. Em outras palavras, ele será o responsável por coordenar todas as categorias do Rubro-Negro, desde à base, até o principal, além de comandar a equipe principal dentro de campo. É como se ele acumulasse as funções que até este ano eram de Paulo Autuori e de Fabiano Soares, mas com mais poder. Uma situação inédita no futebol brasileiro.

A intenção do Atlético era de que Paulo Autuori assumisse esse cargo, mas o ex-treinador não quis mais trabalhar à beira do campo e foi embora para o Fluminense. Com isso, surgiu a busca por um nome que se adequasse a essa função. E, diante de um formato de trabalho europeu, nada melhor do que ir atrás lá no Velho Continente.

Embora tenha trabalhado com um plano B, a primeira opção do Furacão sempre foi Seedorf, que precisou ser convencido a mudar de ideia, uma vez que, com R$ 4 milhões para receber do Botafogo, não queria voltar ao futebol brasileiro. Mas a proposta atleticana seduziu o ex-meia.

O objetivo é transformá-lo em um novo Alex Ferguson, segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Rubro-Negro, Mario Celso Petraglia, em alusão ao ex-treinador do Manchester United, da Inglaterra, que ficou 26 anos no cargo no clube, e aos poucos, foi ficando menos tempo no dia a dia e mais na coordenação do time.

“Não queremos mais diretor de futebol. Estamos buscando um treinador que tenha condições de exercer o poder e os trabalhos dentro dessa filosofia que queremos”, disse Petraglia, em entrevista à Transamérica, ainda na semana passada.

Em outras palavras, Seedorf terá a missão de olhar o mercado, buscar novas opções para o elenco e fazer a integração da base com o profissional, revelando jovens talentos – que vem sendo o foco atleticano nos útlimos anos. Enquanto isso, a comissão técnica, integrada com auxiliares, é que será a responsável por comandar os treinamentos – baseados na metodologia do manager e do clube -, com ele só comandando o time durante os jogos.

Para aqueles que gostam de jogos de computador, Seedorf terá em mãos um Football Manager, mas na vida real, tendo total liberdade para organizar o time à sua maneira, mas precisando mostrar resultados.

É importante lembrar que estabilidade no cargo de técnico é algo raro no Atlético. Nos últimos 22 anos, o único que ficou mais de um ano no cargo foi Paulo Autuori, que só saiu da função por opção própria. Além disso, o holandês nunca teve experiência como diretor e também não conseguiu bons resultados como treinador, no Milan e no Shenzhen, da China.

Mas, diante de mais uma aposta, criar uma nova função dentro do clube pode, enfim, pode fazer o Atlético optar mais pelo projeto do que por resultados e dar tempo para que o trabalho tenha tempo para ser realizado. Para ajudar Seedorf nesta questão, o Furacão ainda deve confirmar também o ex-presidente do Bahia Marcelo Sant’Ana como CEO, para tratar de questões mais burocráticas.