AFA suspende competições por dívidas dos clubes argentinos

A Associação de Futebol Argentino (AFA) suspendeu hoje as competições do país “para buscar uma solução definitiva” à dívida dos clubes, que querem mais recursos dos direitos de transmissão das emissoras de TV do país.

O anúncio da AFA é feito nove dias antes da data marcada para o início do Torneio Apertura. “Alguns dirigentes encheram os olhos de lágrimas, porém a decisão de paralisar o futebol não foi tomada por uma pressão nem por uma greve sindical, mas para encontrar uma solução definitiva (às dívidas)”, esclareceu hoje Juan Carlos Crespi, dirigente do Boca Juniors.

O cartola do time argentino ressaltou que “há clubes que não podem abrir o estádio” por causa do déficit em suas contas. Por isso, o Torneio Apertura não começará no próximo dia 14, porque, segundo Crespi, os dirigentes não querem “um remendo, mas uma solução definitiva”.

As emissoras Torneos y Competencias (TyC) e Televisión Satelital Codificada (TSC), vinculada ao Grupo Clarín até 2014, ofereceram à AFA um empréstimo de 40 milhões de pesos (US$ 10,4 milhões) para sanar as dívidas mais urgentes, que se referem aos salários atrasados dos clubes.

A AFA, porém, rejeitou a proposta e ratificou sua exigência de aumentar o valor dos direitos de transmissão dos jogos para US$ 70 milhões. Mas a proposta da federação também não foi aceita pelas emissoras. As partes têm se envolvido em polêmicas e denúncias judiciais.

O presidente da AFA e vice-presidente da Fifa, Julio Grondona, recorreu à TV após o governo ter negado o perdão a dívidas dos clubes e ter se recusado a assumir a responsabilidade pela segurança nos estádios. “As soluções têm que ser de fundo e, por isso, a AFA pretende cobrar da TV quantias que estejam de acordo com o que o futebol merece. Os números não erram e é preciso jogar com as cartas na mesa”, disse Grondona.

Por sua vez, o dirigente do Boca considera que após esses episódios, as relações entre a AFA e a TV argentina não serão mais tão sólidas. Crespi defende que os contratos para transmissão sejam firmados por apenas dois anos, renováveis de acordo com mudanças tecnológicas e econômicas.

Por sua vez, o ex-presidente do Racing Club, Juan De Stefano, anunciou hoje que moverá uma ação judicial contra Grondona, por quem foi acusado de ter incentivado protestos violentos ontem em frente à sede da AFA. “(Grondona) administrou a bilheteria durante 30 anos e se quiser te manda à (série) B”, acusou hoje De Stéfano.

Um relatório publicado na segunda-feira pelo jornal La Nación revelou que os vinte clubes da primeira divisão do futebol argentino têm uma dívida acumulada de 700 milhões de pesos (US$ 183 milhões).

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