A história de como a cozinheira paranaense Fernanda Baggio, 28 anos, começou a trabalhar em um restaurante renomado dos Estados Unidos é daquelas que inspiram. Nascida em uma família humilde de Mamborê, no Interior do Estado, ela sempre teve enorme paixão por cozinha e é obcecada por massas. Há cerca de seis meses, o endereço dela mudou para São Francisco, Califórnia, onde encanta os clientes do restaurante Acquerello, classificado com duas das três estrelas possíveis do famoso Guia Michelin.

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“Quando me apliquei para a vaga de trabalho, nem percebi que era um restaurante duas estrelas”, relembra a Fernanda. Depois da pandemia, ela estava tentando alguns locais de zero ou, no máximo, uma estrela. “Sonhava que estaria em algum lugar do mundo fazendo o que amo. Nem acreditei quando me responderam. Fizemos a entrevista por vídeo e estou aqui. Parece que ainda estou sonhando, que vou acordar. Mas é real”, comemora.

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A carreira de chef começou há nove anos, em Maringá, no Norte Pioneiro, cidade para a qual Fernanda se mudou quando tinha 16 anos. “Fui estagiária no restaurante Madeira Grill. Depois de um ano, cheguei no cargo de sous chef. Aí, passei a trabalhar também no Giardino Eventos, que é do mesmo dono, e por lá também permaneci com o cargo de sous chef. Foram quase seis anos com eles”, relembra.

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Durante os anos de trabalho em Maringá como sous chef (ou sub-chef na tradução), a Fernanda juntou dinheiro. Em 2018, vendeu tudo o que tinha para ir ao Canadá. O sonho era estudar fora do país. “Mas assim, meu sonho era maior do que a minha conta bancária”, brinca.

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Juntando as economias, a Fernanda conseguiu estudar na escola de culinária francesa Le Cordon Bleu, em Ottawa. Ela conta que não tinha dinheiro o suficiente para pagar o curso inteiro, mas conseguiu ficar no Canadá por três meses. “Fui um pouco antes do meu curso de culinária começar. Estudei inglês, um pouco de francês, foi o que dava para pagar”, explica.

Na volta da aventura no exterior, a chef passou a fazer jantares privados e estava correndo tudo bem. Mas veio a pandemia. “O desespero bateu. Não sabia o que fazer, parou tudo. Fiquei, definitivamente, sem rumo. Sem força pra continuar”, emociona-se ao lembrar.

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Ela, então, teve a ideia de desenvolver uma receita de massa fresca de macarrão e embalava a produção em caixinhas personalizadas. O trabalho era feito na área dos fundos da casa. Os clientes gostaram tanto que Fernanda ficou conhecida como a “Menina da Massa de Maringá”. “Não esperava tanto sucesso. Vendia pelo Instagram. Eu mesmo fazia, postava e entregava as massas. Nunca imaginei que um trabalho no fundo de casa, simples, iria me fazer chegar em um restaurante com duas estrelas Michelin”, conta.

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Foto: reprodução / rede social.

As tentativas de vagas de trabalho começaram quando a pandemia foi perdendo força. “Fiz algumas aplicações on-line pra trabalho, tanto no Brasil quanto fora do país. Tinha feito dinheiro durante a pandemia e, se me chamassem pra entrevista, onde quer que fosse eu podia ir”, orgulha-se.

A pitadinha do acaso, que a levou aos Estados Unidos, veio a ocorrer por uma falta de atenção. “Eu só estava aplicando para restaurantes com uma estrela, porque eu achava que nem em uma estrela era possível eu chegar. Foram para muitas vagas que eu apliquei e o Acquerello eu não notei que possuía duas estrelas. Eles me notaram”, diz.

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Segundo a Fernanda, os donos do Acquerello viram todo o Instagram dela. Foi então que eles mandaram um e-mail marcando uma entrevista à distância. A resposta positiva veio no dia seguinte.

“Esforçada, talentosa e ambiciosa”

Atualmente, a Fernanda diz estar muito feliz com o que está aprendendo nos Estados Unidos. “Tem sido muito incrível, maravilhoso. A experiência é o inicio de uma caminhada internacional, em uma área que amo trabalhar”, explica.

E os donos do Acquerello também parecem satisfeitos. Eles disseram que, ao entrevistar a Fernanda, ficaram impressionados com a articulação verbal em inglês, busca apaixonada por aumentar os conhecimentos, desejo de explorar novas técnicas e ingredientes e, ao mesmo tempo, desafiar-se a abraçar uma nova culinária em um país estrangeiro.

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“Em pouco tempo conosco, a abordagem proativa e de mente aberta da Fernanda permitiu que ela enfrentasse muitos novos desafios e progredisse rapidamente em nossa empresa. Se eu tivesse que definir Fernanda em três palavras, seriam: esforçada, talentosa e ambiciosa”, dia a chef Suzette Gresham, em nota encaminhada à Tribuna.

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O restaurante, comandado por Giancarlo Paterlini e pela chef executiva Suzette Gresham. O local é conhecido por sua culinária, vinhos e serviço.

Após os elogios, a Fernanda só agradece. “Acredito que eu possa servir de inspiração para outras mulheres em suas trajetórias, principalmente nesse ramo da culinária, no qual somos tão esquecidas. Do Interior do Paraná para o mundo”, finaliza a chef paranaense.

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