Curitiba

“Pegadinhas” de curitibano bombam nas redes e inspiram a fazer o bem

Ilan Kriger
Escrito por Alex Silveira

Fazer o bem e inspirar o maior número de pessoas a fazer o mesmo. Essa tem sido a dinâmica das postagens nas redes sociais do curitibano Ilan Kriger, 44 anos. Formado em administração, o influencer já foi sócio de escola de DJs e fundador de startup para conectar fãs aos eventos musicais e trabalha, atualmente, na área de marketing de uma health tech – empresa na área de tecnologia de saúde. Mas é na onda mundial de postagens de vídeos curtos ao estilo de plataformas como o Kwai e o Tiktok que o coração do influencer navega. Literalmente, ele compartilha a sua alegria na internet e só vê crescer o número de seguidores que se sentem tocados e motivados. Tem vídeo que bateu a casa dos 24 milhões de visualizações.

Segundo Kriger, as ações de fazer o bem começaram há mais ou menos sete meses, quando a pandemia de coronavírus começou a melhorar. Mas o contato com os vídeos e as redes chegou antes, ainda na pandemia. “Na pandemia, me vi sem evento. Sem ter o que fazer, comecei a produzir lives como DJ e acabei descobrindo o Tiktok, ferramentas de vídeos curtos. Depois, comecei a fazer lives de games na Twitch e cresci bastante nas redes. Comecei a gerar uma comunidade com foco em games”, conta o influencer.

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Quando as saídas do isolamento da pandemia ficaram mais liberadas, ele passou a ter os primeiros eventos, começou a sair mais de casa e teve a ideia de interagir com as pessoas na rua, como uma forma de experimento social. “Eu queria fazer esse tipo de coisa, sair da minha linha de conforto, sair de casa, interagir com pessoas. Também aproveitar o lado legal das conscientização, do amor ao próximo, de um bem-estar mental. Então, nos vídeos, são coisas que eu tento trazer ao apresentar no meu conteúdo”, explica Kriger.

O influencer de Curitiba é filho do curitibano Joel Kriger, engenheiro de 68 anos que, no início deste ano, se tornou o brasileiro mais velho a chegar ao topo do Monte Everest, no Nepal. Pelo jeito, fazer “coisas extraordinárias” é algo que vem de família. Um dos vídeos que o Ilan Kriger postou no TikTok passou dos 24 milhões de visualizações. No enredo, o influencer pede dinheiro para pegar um ônibus e é ajudado pelo personagem. “Na verdade, o foco não são as visualizações. Acabo fazendo coisas que são para ajudar outras pessoas. Nesse vídeo, o personagem é o Alberto. Eu digo que perdi a carteira, para ver se ele me ajuda. No fim, ele sai com R$ 200 pela boa ação dele pra mim”, revela Kriger.

@nextleveldj

Por mais atos de bondade. Ele queria me ajudar e aconteceu isso.

♬ som original – NextlevelDJ

O influencer contou que ainda conversa muito com o Alberto. “Falo com ele direto. Ele até está construindo uma casa com as doações que ele recebeu das pessoas que me seguem, essa comunidade que eu criei em torno do fazer o bem. Foi uma coisa até meio que sem querer. As pessoas resolveram ajudar o Alberto a partir da história do vídeo. É muito legal”, diz.

Câmera escondida

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Os vídeos do Ilan Kriger são gravados principalmente em Curitiba, que é o local onde ele mora. Mas vários vídeos de interações ocorrem em outras cidades, para onde o influencer viaja a passeio ou para algum compromisso. Além da capital, ele já gravou em São Paulo, Rio de Janeiro, Guaratuba, Ceará e Brasília. “Quando é aqui em Curitiba, tem gente que já me reconhece, aí corro o risco de estragar a brincadeira. Mas, no fim das contas, dá certo. Eu uso uma câmera escondida, então a pessoa não sabe que está sendo gravada. Eu acabo só revelando depois. Aí, peço autorização para postar. Não publico nenhum vídeo de ninguém sem ter uma autorização expressa da pessoa para poder publicar”, ressalta.

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Os modelos dos vídeos são variados, alguns baseados nas famosas pegadinhas da televisão. São as brincadeiras do microfone, caixa misteriosa, entrega de panfleto com prêmio em dinheiro para quem ler até o final, corrente do bem e por aí vai. “De uma certa maneira, esse tipo de conteúdo me permite conhecer as pessoas que estão ali na rua, nos monumentos da cidade. Eu me conecto e conecto pessoas. O next level é um pouco isso. Pequenas ações que fazem todo mundo crescer. Ao mesmo tempo, eu conheço as cidades, visito locais que só com turismo eu não visitaria. É contagiante”, revela.

E a grana?

No início das produções, Ilan Kriger conta que chegou a investir dinheiro do próprio bolso nos vídeos. A ideia era fazer o bem, então não havia um planejamento sobre esse quesito. Depois, o influencer começou a receber retorno financeiro das plataformas das redes sociais e fechar parcerias com empresas para fazer ações promocionais.

“Tenho lá 2,5 milhões de seguidores somando as redes sociais, mas é uma profissão que é difícil você construir um nome, você se consolidar. Então, hoje, praticamente tudo que eu ganho eu reverto nos vídeos. De certa maneira, não preciso botar dinheiro, investir como até uns meses eu acabei investindo. Com uma receita das plataformas e algumas publicidades, consigo pagar para essas ações. O dinheiro que eu coloco no vídeo é mais ou menos o combustível”, explica.

Segundo o influencer, ele segue crescendo nas redes, agora conta com um manager e está fechando com grandes marcas. “Tô fechando uma ação com a Colgate, com a Confort. O Ifood já me chamou. As pessoas me param na rua, desde molecada de 7 anos a 10 anos, por causa do games que já fiz, até o pessoal mais velho, que gosta desse tipo de interação, dessa coisa do calor humano. Eventualmente, daqui a pouco vou conseguir profissionalizar e conseguir levar o trabalho para um próximo nível. Mas com o pé no chão, sem queimar etapas”, aposta.

Para a Tribuna, o Ilan Kriger contou que deseja ajudar centenas ou “quiçá” milhares de pessoas por mês. “Muita gente me manda mensagem contando que eu as influenciei, para que também ajudassem outras pessoas, fizessem o bem. Contam que, em vez de darem dinheiro por aí, passaram a distribuir comida, fraldas. Isso é muito legal. Acho que isso é a corrente do bem. Mostra que as pegadinhas do bem se transformam em coisas positivas. Acho que é o resultado do que faço está por aí”, finaliza.

Sobre o autor

Alex Silveira

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