Criminosa

A automedicação praticada pelos pais em seus filhos chega a ser criminosa.

Aconteceu há poucas semanas em uma UPA, na Região Metropolitana de Curitiba. Uma menina de dois anos foi atendida com sinais sugestivos de um resfriado comum. Febre baixa, nariz escorrendo e nada de vômitos ou diarreia. Após o exame, o pediatra a liberou com medicamentos sintomáticos, como antitérmico e soro nasal.

No seguinte dia, a criança voltou com as mesmas queixas, só que com uma novidade. Diante da persistência do mal-estar, a mãe acabou admitindo que estava medicando sua filha por conta própria.

Por dias ela lhe deu expectorantes para tosse, xaropes antialérgicos, analgésicos e medicamentos para cortar vômitos e diarreia. Em resumo, ela estava “silenciando” os sintomas da paciente, fazendo com que os médicos sequer suspeitassem do derradeiro diagnóstico: meningite bacteriana.

Só Deus na causa, mesmo.

Somos campeões em automedicação ou medicação de balcão de farmácia. Contudo, no caso dos pequenos, um medicamento para diarreia pode mascarar uma gastroenterite grave. Um analgésico pode disfarçar uma apendicite. Um xarope pode esconder uma pneumonia e um antitérmico pode sim ocultar uma gripe H1N1.

Essas histórias acontecem todo santo dia e, sinceramente, não vejo um futuro diferente. Os serviços de saúde se deterioram a passos largos e perdem credibilidade. Ao mesmo tempo, em desespero, os pais acabam pisando feio na bola, na tentativa de curar seus filhos.
Na dúvida, o melhor é não ficar doente.

Fácil, não é?