Os desafios da atividade médica

Durante as comemorações do Dia do Médico, pensei em começar a escrever um texto que lembrasse como eles estudam anos a fio para se formar, dedicam a vida aos seus pacientes, são heróis, salvam vidas, mas achei que seria óbvio demais. Para saber isso basta, por exemplo, ligar o televisor e assistir aos seriados Grey’s Anatomy ou E. R. (traduzido no Brasil para Plantão Médico). Então, decidi escrever sobre os desafios da atividade médica.

A Medicina é uma ciência igualmente complexa e antiga. É só lembrar que os egípcios, ao mumificar os corpos, estudavam a anatomia humana. Já os gregos foram os pioneiros no estudo dos sintomas das doenças. Eles tiveram como mestre Hipócrates que, quase 2,5 milênios depois, ainda é considerado o Pai da Medicina. Aliás, até hoje, quando você vai a uma formatura do curso de medicina, faz-se o Juramento de Hipócrates. E ele é a base da ética da profissão.

Hipócrates viveu em uma época de filósofos, como Sócrates e Platão, e praticamente criou os valores da Medicina. O verdadeiro médico, para cumprir os seus preceitos, precisa seguir normas, como combater a raiz da enfermidade por meio de seus opostos; atuar habilmente; agir no organismo enfermo com equilíbrio e bom senso; oferecer ao doente a necessária educação; cuidar do indivíduo levando em conta sua singularidade, seu tipo físico, sexo, faixa etária, entre outros fatores; perceber o momento mais adequado de intervir no tratamento; levar em conta não só a fração do organismo afetada, mas o seu todo; e sempre se deixar guiar pela ética.

No entanto, hoje, podemos dizer que os desafios dos médicos são ainda maiores. Tudo começou quando o conhecimento médico foi invadido por uma enorme avalanche de dilemas éticos e morais trazidos pela Biotecnologia. Ninguém se atreve a não reconhecer os brilhantes avanços conquistados com o transplante de órgãos, a reprodução assistida e a terapia gênica. Mas ela trouxe mais polêmicas, como, por exemplo, da medicina preditiva, que tem como proposta antever o surgimento de doenças, do uso de células-tronco e de óvulos congelados, dentre tantos outros temas tão debatidos pela opinião pública.

Não sabemos hoje com precisão o que a Medicina poderá fazer com seus poderosos computadores e novos conhecimentos. Mas estamos conscientes de que já começou uma fase de grandes conflitos, típica de momentos de mudanças. E temos certeza de que nossos médicos saberão, como sempre souberam, administrar bem este novo paradigma.

Para terminar, voltemos às comemorações do Dia do Médico. Sabe-se que 90% dos resultados médicos dependem diretamente de exames laboratoriais e da confiabilidade de seus laudos. Por isso, sentimo-nos parte dessa comemoração e fazemos parte dessa nova era de desafios. Agradecemos a dedicação dos médicos, que se esforçam em tentar melhorar a qualidade de vidas de todos aqueles que os procuram. Ainda dá tempo para cumprimentá-los, desejando saúde a todos.