Bullying: a farsa do valentão

Ao contrário da brincadeira entre iguais, em que a intenção não reside em agredir, perseguir, dominar por meio de ameaças verbais, físicas ou psicológicas, toda ação do chamado bullying, intenciona, antes de tudo, demonstrar poder sobre o outro.

Normalmente os “diferentes” constituem um grupo menor, mais fraco, com mais pontos vulneráveis que se prestam facilmente aos desejos dos valentões, em agredir gratuitamente, mas de forma persistente. Entretanto, estas crianças ou jovens que praticam tais atos contra seus colegas também são crianças e jovens problemáticos, geralmente com baixa autoestima, em famílias em que a comunicação é feita por meio da agressividade constante e que os pais não são cuidadores adequados para lhes dar segurança.

Há três tipos de envolvidos em uma situação de bullying: o expectador, a vítima e o agressor. Por medo de se tornarem vítimas, os expectadores não interferem nem buscam ajuda para os colegas que são intimidados, ameaçados, agredidos e ofendidos por um agressor ou de um grupo de agressores.

A vítima, em geral não reage, não faz alarde da sua situação, pois tem medo de piorá-la. As crianças voltam frequentemente para casa com pequenos e variados machucados, perdem materiais escolares, choram, tornam-se tristes, mas dificilmente contam aos pais o que ocorre com elas, por se sentirem culpados, merecedores desse “castigo”, pois temem que a atitude de seus pais intensifique a situação. Muitos não querem mais ir à escola e tornam-se alunos medíocres, pessoas inibidas e adultos inadequados socialmente.

O agressor normalmente aprendeu a ser agressivo com os adultos de sua família ou com quem convivem e que usam esse comportamento agressivo para resolver seus problemas. Apresenta um comportamento de intimidação e provocação permanente. Têm muita dificuldade de relacionamento, são inseguros e sentem-se pouco queridos pelos adultos e pelos iguais.

Muitas tornam-se adultos violentos e entram pelo mundo do crime, se não tiverem ajuda adequada. As consequências do bullying podem variar de acordo com as características pessoais de cada criança ou jovem, a intensidade da agressão sofrida e o tipo de ajuda dos adultos que receberem nesse processo.

Aos professores cabe a leitura, o estudo, o debate do problema, a comunicação com uma equipe multidisciplinar que venha dar-lhes maiores subsídios e manter uma postura de atenção e observação constante sobre seus alunos. À escola, cabe promover encontros com profissionais especializados, que possam orientar o corpo docente e os pais.

Quando o problema ultrapassa os muros escolares, na Internet, por exemplo, é possível procurar as autoridades que possam auxiliar na identificação dos “cybervalentões”. O que não se pode nunca é calar, fugir, fingir que nada acontece, pois contra ameaças desse tipo, apenas um grande alarde pode enfraquecer os agressores.