“Deserto Particular” é uma história de amor moderna com clássicos problemas sociais

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Cena do filme "Deserto Particular". Foto: Divulgação

Realmente este deve ser o melhor ano para Aly Muritiba. O cineasta radicado em Curitiba conquistou o público com a série documental “O Caso Evandro”, o prêmio de melhor diretor no Festival de Gramado com o filme “Jesus Kid” e ainda receber a notícia de que irá representar o Brasil em uma vaga no Oscar 2022 com o longa “Deserto Particular”, este que chega aos cinemas nesta quinta-feira (25).

Com produção e gravação parcialmente em Curitiba, o novo filme de Muritiba é sobre um policial que acaba se afastando da corporação após cometer uma infração grave. Em crise, decide deixar a capital paranaense para encontrar uma mulher com quem conheceu virtualmente.

Junto com Henrique dos Santos, Aly volta apresentar um protagonista em busca de seu autoconhecimento, liberdade e de vencer seus conflitos internos em uma história de início trivial surpreendendo ao longo das incríveis duas horas de filme.

A direção é rica em detalhes garantindo uma semiose capaz de trazer reflexões pós- -filme por dias e dias.

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Cena do filme “Deserto Particular”. Foto: Divulgação

O ator Antonio Saboia (Bacurau) consegue conquistar o público com sua atuação profundamente dramática de forma natural e carrega de forma cabível a primeira parte do filme mostrando uma Curitiba gélida, conservadora e tradicional e em busca do autoconhecimento partindo pelo interior caloroso de uma pequena cidade do centro- -oeste brasileiro. A deixa para apresentar o jovem ator Pedro Fasnaro (Onde Nascem os Fortes) que ganha foco na próxima sequência e, juntos, unem a história com cenas emocionantes e envolventes.

Aliás, essa forma em dividir a trama em duas subtramas é muito característica do cinema de Aly Muritiba. E, confesso, esta foi uma das melhores que o cineasta já vez em seu trabalho. É sutil, traz dinamismo e mais detalhes aos protagonistas sem tropeços para concluir a trama.

No entanto, o elenco não é bem aproveitado. Os atores estão mais para participações pontuais do que coadjuvantes. Com isso são poucos aproveitados deixando alguns desfechos sem soluções plausíveis.

Mesmo assim o filme não perde sua potencialidade. É profundamente tocante e busca refletir sobre a nossa essência. Questiona os valores sociais e desmitifica desejos, tornando algo libertador e não uma fonte de culpa.

“Deserto Particular” é uma história de amor moderna que discute os clássicos problemas sociais. Enfim, um gatilho. Pelo menos pra mim.

Avaliação: ***1/2
Pra quem gosta: Drama
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