Os Cinquenta anos de Mafalda

Responda rápido: qual é a personalidade argentina mais conhecida além-mar? Borges? Maradona? Perón e Evita? Não. Mafalda. A esperta garotinha criada pelo cartunista Joaquín Salvador Lavado, o Quino, há cinquenta anos para um comercial de eletrodomésticos (que não deu certo) se transformou em um símbolo da cultura jovem ao redor do mundo.  

Mafalda foi publicada entre setembro de 1964 e julho de 1973, quando Quino se cansou do personagem. Isso não impediu que a garota fosse escolhida pela Unicef, em 1976, para ser a porta-voz da Convenção dos Direitos da Criança. Ironicamente, Mafalda não é um personagem tipicamente infantil, já que contesta questões políticas, sociais e econômicas. Para Quino, o pensamento de Mafalda está baseada, sobretudo, em uma visão sociopolítica do mundo e também nos intrigantes e controversos valores familiares.

Em 1968 o pensador italiano Umberto Eco ressaltou a semelhança entre Mafalda e Charlie Brown, personagem criado por Charles Schulz (1922 – 2000) para a série de tirinhas “Peanuts”. Quino negou e ainda nega a influência descrita por Eco. No entanto, há que acredite que inspiração para a criação de Mafalda tenha sido a tirinha “Nancy”, criada pelo americano Ernie Bushmiller (1905 – 1982).

O sucesso

Além de ser um fenômeno no Brasil, a “filha de Quino” também alcançou reconhecimento em países da Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Apesar do sucesso, Quino nunca permitiu que o personagem fosse adaptado para o cinema, deixando um certo ressentimento no coração dos fãs da mocinha, que só podem se deleitar com os comentários inteligentes no livro “Toda Mafalda”, “Mafalda inédita” ou em qualquer um dos dez volumes lançados com a personagem e publicados no Brasil pela Martins Editora.

A presença de Mafalda é tamanha que dá nome a um túnel em Angoulême, na França, deve virar o nome de uma rua na cidade canadense de Gatineau, e, desde 2009, possui um monumento na cidade de San Telmo, na Argentina, em frente à antiga casa de Quino.

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