Vitória bendita

Na Baixada, pela Libertadores, Atlético 1×0 Millonarios.
Por conhecer bem, o sentimento de alegria do atleticano acabou ficando um pouco confuso, revezando-se com a dúvida: não foi um resultado estreito demais para quem tem que jogar no El Campin, na altitude de Bogotá? Pois respondo: vencer no futebol por qualquer resultado nunca é pouco. E vencer um jogo em que as circunstâncias naturais de uma Libertadores tornam-o difícil, sempre dá privilégios. Como escreve o escritor espanhol José Sámano, no El Pais, nas vitórias do Real Madrid: toda a vitória é a glória bendita.
O Furacão ganhou, mas não foi fácil. O primeiro tempo foi bem resumido pelo excelente (e agradável de ouvir) Maurício Noriega, comentarista da Sportv: o Atlético queria ganhar, mas não sabia como. E isso acontecia por um erro de avaliação de Paulo Autuori. Ao escalar o monótono Crysan, estrangulou o esquema, porque sacrificou o melhor jogador que é Pablo, reduzindo-o a um marcado de lado.
Mas entre tantas, uma das virtudes de Autuori é fazer autocritica e reconhecer o erro. No intervalo, excluiu Crysan, colocou Carlos Alberto e empurrou Pablo para jogar na frente. O resultado foi imediato: Pablo foi derrubado na área e Grafite, de pênalti, fez o gol da vitória.
Entre tantas, outra virtude de Autuori é não transigir com os fatos que qualquer criança de arquibancada é capaz de ver: Lucho Gonzáles primeiro, Gedoz depois, incapazes de deixarem rastros, tinham que ser sacados. E foram. Com Rossetto no meio e o lateral Léo improvisado como atacante, o Furacão conseguiu aparar o atrevimento dos colombianos no final e manter a vitória.
E na pressão do Millonarios surgiu uma grata surpresa: o jovem Wanderson, que só não foi melhor em campo, porque Pablo outra vez, foi o corpo e a alma do time.
Dos que estreiaram, Grafite foi o melhor em razão da sua visão para jogar (leia-se inteligência) pelos lados e dentro da área. Carlos Alberto é o que é: bota fogo no time e na torcida, e desde que tenha o controle de si próprio, tem que ser titular.