Um dia no Caju

O dono do Atlético Mário Celso Petraglia anda nervoso, e ontem levantou contrariado. Foi o que bastou: porque o clube teve diminuída a capacidade financeira de pagar o “grande time” prometido, dispensou Walter e Vinicius sob o argumento de deficiência técnica. Paulo Autuori defendeu os jogadores, afirmando que os dois diminuem a produção técnica individual para respeitar o seu esquema tático. O doutor não considerou a opinião do técnico.

Para que o Furacão não ficasse com o peso financeiro, ofereceu os dois jogadores ao Goiás. Walter aceitou correndo. Vinicius se negou a ir. Por isso, Petraglia determinou que treinasse em separado, mesmo sabendo que é contra a lei, em especial, na hipótese do clube estar devendo para o jogador. Paulo Carneiro contestou Petraglia que, então, demitiu-o, devolvendo o desagradável Márcio Lara à condição de lugar-tenente.

Petraglia foi bem mais além: mandou Autuori escalar um time reserva contra o Atlético-MG, sob o argumento de que a prioridade é a Copa do Brasil. Paulo Autuori não gostou das atitudes de Petraglia, em especial da saída de Paulo Carneiro. Mas ficou quietinho, talvez, projetando a realização do sonho de assumir a direção de futebol e sair da beira do gramado. Isso se não aceitar a proposta milionária que tem do Catar.

E outra coisa perturbadora: a demora para o Atlético resolver a dívida contraída para a construção da Baixada está inviabilizando o acordo com a Fomento. Simples: a falta de pagamentos parciais aumenta os valores a dos encargos do contrato de financiamento. A consequência é de uma lógica simples financeira: não se pagando, a equação financeira do contrato fica inchada, já criando um descompasso entre o que o clube imagina dever e o que efetivamente tem que ser cobrado.

Ocorre que a Fomento paga os encargos exigidos pelo BNDES e tem obrigação de cobrá-los do Atlético. Não pode pagar um juro para o governo federal e cobrar outro do Furacão. O mais grave de tudo: os direitos sobre o potencial construtivo, desde que foram transferidos para a Fomento, não foram colocados à venda do mercado, não permitindo os pagamentos parciais, gerando um saldo devedor extraordinário, e à essa altura quase incontrolável.

E se não bastasse, o caso do menino Alisson vai continuar rendendo dissabores para os dirigentes do Atlético. As autoridades que tratam dos direitos da criança, estão estudando um processo criminal contra os dirigentes do Furacão. Entendem que ao impedirem a entrada de uma criança no campo como mascote, depois de previamente selecionada pelo próprio clube, violaram vários dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente. A criança, sendo incapaz, não sabe discernir o que é camisa oficial da não oficial do Atlético.