Prestação de contas

Ninguém mais do que o caro Luiz Augusto Xavier alcançou com tanto brilhantismo a decadência do Paraná como clube. E no final, mais do que um arremate, ofereceu o resumo da verdade: o Paraná virou pequeno e como tal deve viver até dar um outro rumo na vida.

Entro na esteira do Luiz Augusto, mas pego uma variante: a origem desta decadência. A fusão entre Colorado e Pinheiros pretendeu unir valores de patrimônio e de tradição. Mais do que isso, incentivar as mais diversas idéias dos mais diversos colorados e pinheirenses.

Ocorreu que os homens afastaram-se da proposta de união. Na prática, dividiram o clube entre azuis e vermelhos. Esses absorveram aqueles. Faço uma imaginária prestação de contas entre Colorado e Paraná, quatorze anos depois da fusão. Como estaria a conta, partindo do histórico de cada um.

Os azuis construíram o todo, o patrimônio e o exemplo soberbo de administração, inclusive no futebol. Quando da fusão, o Pinheiros já havia passado o Colorado no futebol. Já era o terceiro, só não rivalizando com Atlético e Coritiba por lhe faltar torcida.

E com o que o Colorado entrou? Com a história do Ferroviário, bela e inesquecível, da qual originou a sua torcida. Mas hoje, a história de qualquer clube, serve apenas para preencher conversa de encontros nostálgicos. É tão frágil como instrumento para negócios de mercado, que nada ou quase nada vale. O Paraná é o grande exemplo: sua história é incapaz de introduzi-lo no Clube dos 13. O Coritiba e Atlético, que têm mais história e mais torcida, só entraram por influência de Joel Malucelli e Mário Celso Petraglia.

Onde estão os azuis que construíram o clube e ofereceram a estrutura para o futebol? Os azuis, direta ou indiretamente por questões políticas, propositais ou não, afastaram-se ou foram afastados. E aí foi o grande equívoco, penso, a médio prazo, incorrigível.

A dívida do Colorado é impagável com o Pinheiros.