O som do silêncio

Foto: Felipe Rosa.

Justifico o meu silêncio até aqui sobre a notícia de que o Athletico dispensou os profissionais da área médica, em razão, do caso do doping de Thiago Heleno e Camacho. Quando se trata do Athletico, de Petraglia, onde as coisas são ambientadas e não são bem explicadas, sempre há componentes escondidos.

Não é razoável aceitar de que o clube tenha reunido a imprensa, assumido a culpa, prometido investigar e, agora, os seus canais oficiais fiquem indiferentes à obrigação de confirmar ou desmentir o fato. E, vejam bem, não é um fato qualquer. Ser tratado publicamente como responsável pelo implemento do doping é mais grave que o próprio doping acusado no jogador.

Minha experiência de Athletico e de jornalista afirma que o fato não é verdadeiro como foi noticiado. A defesa dos jogadores é baseada na culpa confessada publicamente pelo clube. Mas, como no caso de doping não há culpa sem responsável, a defesa dos jogadores, os advogados sugeriram que o clube “demitisse” os integrantes do seu departamento médico.

Para que o fato não fosse oficializado pelo seu site, o Furacão o fez chegar a uma jornalista que, indiretamente, foi usada como instrumento. O fato tornado público, em razão da informalidade do processo judicial desportivo, torna-se prova. E, no caso, para causar mais impacto, tornando-o mais relevante, o filho do presidente Emed, foi incluído.

O silêncio do Athletico está dentro dos artifícios que há no futebol. Se o fato foi criado para se constituir como prova, é que o processo desportivo, em tese, aceita; se o é fato verdadeiro, isto é, se os profissionais estão mesmo demitidos, o site oficial ficou em silêncio para proteger supostos direitos na relação de trabalho.

Seja qual for a conclusão, há um fato aterrorizante: o silêncio do doutor Luiz Salim Emed, presidente do Athletico, desmoraliza a si próprio e pode desmoralizar o próprio filho. Ou ele concordou que o filho fosse usado ou ele está concordando que o filho seja usado. E, logo o seu filho, que orientava os jogadores a não tomarem remédio manipulado. Das duas, uma: ou Emed renuncia à presidência ou imponha a sua permanência.