O retrato

O Atlético saiu em agonia de Caxias. Goleado (4×0) pelo medíocre Juventude, esperou desesperadamente o fim do jogo calado, frio e metálico.

Os noventa minutos de Caixas pareciam ser eternos. Foi daqueles jogos em que o fim é um conforto para o torcedor. A goleada de quatro a zero transformou o torcedor atleticano em uma espécie abandonada. Sofrendo de frio e fome, sem compaixão celeste.

A certa altura, lembrei da histórica promessa de Mário Celso Petraglia, que depois de uma vitória em Belo Horizonte afirmou: “A partir de hoje, o time do Atlético terá a minha cara”. Para molda-lo à sua imagem ou à sua cara como prometera, fez este time que está aí. Estavam lá Douglas Silva, Alan Bahia, Luciano Santos, Ricardinho “o rei do drible”, Diego e outros. Mudou nove vezes de técnico, o que implicou no início de nove trabalhos diferentes. Desmontou toda a estrutura técnica de pessoas e de projetos criadas até abril de 2002.

Em menos de um mês, três jogos, três derrotas, dez gols sofridos e um marcado. Duas impiedosas e humilhantes goleadas. Sem condição física, porque Antonio Carlos Gomes é um especulador de teses; sem disciplina, porque não existe um comando diretivo; sem time, porque o objetivo não são vitórias.

É fácil criticar o treinador, como fazem os amigos profissionais da imprensa. Mário Sérgio aproveita-se da absoluta falta de competência dos gerentes de futebol do clube. Faz e desfaz, transformando o CT em uma terra de cegos. Por ter um olho, é rei. Mas censurar apenas Mário Sérgio é ter compromisso com o medo e com a verdade. Quando chegou, Mário Celso já tinha formado o time. O Mário presidente queria era que Mário treinador finalizasse a sua obra, tornando-a imortal. Ontem, em Caxias, Mário Sérgio Pontes de Paiva imortalizou a obra de Mário Celso Petraglia.

Os herdeiros de Oscar Wilde podem pensar que por aqui foi roubada a obra “O Retrato de Dorian Gray”.