Impagável

Nelson Rodrigues, como todos os brasileiros, nunca se confortou com o Brasil perdendo para o Uruguai a Copa de 1950, no Maracanã. Bem por isso, um dos elementos mais importantes das suas crônicas sobre futebol era a humilhação. A socióloga paulista Fátima Martin Rodrigues Ferreira Antunes, analisando a sua obra, destaca que Nelson, primeiro afirmava que o brasileiro precisava ser humilhado; depois, dizia que a humilhação impelia à ação e, por fim, concluía que estava cansado de tanta humilhação.

A cultura que foi imprimida no torcedor brasileiro pelo fracasso de 1950, às vezes é usada para alterar a emoção do nosso futebol. Hoje, a Seleção do Brasil volta ao palco dos 7×1 da Alemanha, de 2014, o Mineirão. As imagens, ainda, estão lá. Porque o futebol, ainda, tem um resto de paixão, elas se eternizaram. Então, não sobrevive a pretensão dos jogadores brasileiros, de quererem fazer do jogo contra a Argentina, um apagador desse recente passado.

No futebol, sempre haverá os 7×1 para o brasileiro. Se um dia o Mineirão for derrubado, restarão as imagens dos 7×1. Por mais que a Argentina seja o rival histórico e, com ela dispute o clássico de maior rivalidade mundial, o Brasil terá que associar a sua história no futebol com a humilhação imposta pelos alemães. Há fatos impagáveis na vida.

Livre

O Paraná vai sobreviver mais esse ano e ficar na Segunda divisão. A partir de 2017 deve voltar a viver: Primeira Liga, Estadual, Copa do Brasil e Brasileiro constituem um calendário que permite no mínimo fazer um projeto racional. Entendo que o Paraná só voltará à Série A do Brasileiro, quando não colocar como objetivo indispensável. Só assim deixará de gastar feito um pródigo o dinheiro que não tem. Sendo racional, vai formar uma estrutura de time que não criará traumas para ser definido para o Brasileiro. E ter um técnico.

Discussões

Um leitor me cobra a promessa de abordar assuntos provocados nos comentários do blog. É verdade, prometi. Acontece que com todos os blogs que se tornam populares sobre futebol, a maioria se afasta do assunto virando quase um Atletiba. Quem usa o direito de comentar deveria dar opinião sobre o tema. Nessa briguinha de torcida, inclusive com ofensas, eu não entro.