Estranho esquecimento

Foto: Jonathan Campos.

Se o meia Bruno Guimarães jogasse no Flamengo, seria titular da seleção brasileira. Não precisaria jogar mais do que joga no Athletico. É certo afirmar, então, que seria exaltado como a maior revelação do futebol brasileiro dos últimos anos. Mas, ocorre que Bruno Guimarães não joga no Flamengo. Jogando no Athletico, só é convocado para a seleção olímpica e, ainda assim, tratado como reserva.

Se nessa fase de renovação da Canarinho, não há um meia da qualidade de Bruno no futebol brasileiro, por que não provoca interesse no treinador Tite? Por muito menos, Dunga passou a sua estada no comando da seleção brasileira sob a desconfiança de que algumas convocações não atendiam o interesse do time. E, o que pensar de Tite? No mínimo, que é um treinador que por não ter critérios razoáveis, torna-se injusto.

Não tenho dúvida, a valorização maior de Bruno não interessa ao mercado imediato do futebol.

Desiquilíbro fatal

Foram os portugueses que ensinaram ao mundo que “o tempo é o senhor da razão”. A verdade desse provérbio sempre se atualiza com exemplos de fatos objetivos. Há anos, Mario Celso Petraglia protesta contra o critério adotado pela televisão para remunerar os clubes pela cessão dos direitos do sistema PPV. O justo, para o cartola, o critério teria que adotar o princípio da igualdade: do valor final, a metade seria dividida em partes iguais entre os clubes, e o restante, aí sim, pelo mérito e pelo poder de audiência.

Em seu blog do UOL, o brilhante jornalista Rodrigo Matos escancarou o desequilíbrio que provoca o critério adotado pela Globo. Os 10 primeiros dividem, assim, o valor total de R$600 milhões: Flamengo (R$122,9 milhões), Corinthians (R$ 120 milhões), São Paulo (R$ 89 milhões; Palmeiras (R$80 milhões), Vasco (R$48,1 milhões), Grêmio (R$46 milhões), Cruzeiro (R$40,9 milhões), Atlético-MG (R$31,5 milhões), Internacional (R$30,55 milhões), Santos (R$25,35 milhões).

O Bahia, que move multidões no Nordeste, ganha R$ 13 milhões, enquanto Avaí, Chapecoense e Goiás sequer alcançam R$2 milhões. O último valor oferecido ao Furacão foi o de R$ 20 milhões. Nem mesmo o apelo popular de Flamengo e Corinthians pode justificar o critério adotado pela televisão. Injusto, provoca um desequilíbrio, cujo efeito já tem traços de um tratamento discriminatório.

O que me surpreende não é o que Flamengo e Corinthians ganham. É a submissão de clubes populares ao critério adotado para definir percentuais. A razão está de mãos dadas com Petraglia.