A torcida do Athletico ser maior que a do Coritiba é questão simples de lógica

Crédito: Albari Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo

         Não sendo aleatórios, os números, em qualquer pesquisa, decorrem de um fato. A pesquisa do IBOPE que concluiu ser a torcida do Athletico a maior do Paraná (bem maior que a do Coritiba), não pode ser encerrada com a intransigência dos números.

         Em razão da sua natureza passional, as escolhas no futebol impunham uma regra: a tradição familiar. Sem exceção, entre nós, filho de coxa era coxa, filho de atleticano era atleticano.

         Com o tempo, essa regra perdeu o poder. A influência externa neutralizando a influência familiar, passou a indicar um rumo para o sentimento por um time: as conquistas, as realizações e os ídolos. 

         Não foi por ser mais antigo, mas, por ter sido mais vencedor, que o Coxa teve a supremacia popular até 1995. Quantos sentimentos perdidos o adotaram com a conquista do título brasileiro de 1985? 

         A base dessa torcida do Paraná que há tempo sofre em Vila Capanema, não é mais o do extrato do Ferroviário. É muito mais produto dos anos de juventude do Paraná, a partir das conquistas sequenciais das divisões inferiores nacionais (terceira e segunda) e dos títulos estaduais. 

         A torcida do Athletico tornou-se a maior, em razão da forte influência que as suas realizações provocaram nos sentimentos, inclusive alheios, de crianças e adolescentes. Não há nada mais influente nos dias de hoje, do que o pátio de uma escola na hora do recreio. 

          A partir da Arena de 1999, essa influência externa passou a projetar-se por áreas estranhas e atrair muitos que seriam rivais. As participações já de rotinas na Libertadores da América e Sul Americana, o título nacional de 2001(o grande propulsor), a final da Libertadores em 2005, os conflitos com CBF, Globo, os títulos nacionais e internacionais, Kléberson, campeão do mundo, negócios de milhões de dólares e outros elementos acessórios, incendiaram sentimentos estranhos.

          E, não é só isso: entre as virtudes de Mario Celso Petraglia, o seu condutor (não se pode negá-las), está a de supervalorizar qualquer coisa que concerne ao Furacão. Há um princípio no mercado do futebol que, tudo o que se refere ao Athletico, pode valer o dobro.

         A manifestação de um torcedor da qual resulta o tamanho de uma torcida, é questão de época. Só que, aqui, o Athletico continua realizando e o Coritiba, há anos, continua paralisado. A dimensão maior da torcida do Athletico, então, passa a ser questão de simples lógica das coisas.