Assim falou Autuori

Sobre o fato do Atlético ter uma sequência de nove derrotas fora da Baixada, falou o treinador Paulo Autuori. “Para a mente, é fundamental pensar positivo. É um dado, um fato. Demonstra que a equipe não está pronta para isso e está fazendo o campeonato que é possível”.

A frase carrega uma verdade e uma contradição. A verdade: “a equipe não está pronta e está fazendo o campeonato que é possível”. Enfim, Autuori reconheceu as limitações do time que comanda. O significado do inverso é o de que o resto era engano, uma ilusão. Das duas, uma: ou já havia concluído por essa verdade e ficou em silêncio para atender o interesse patronal ou chegou à conclusão só agora, o que o compromete como observador.

A contradição: “para a mente, é fundamental pensar positivo”. A natureza das palavras de Autuori assenta-se na teoria do Pensamento Positivo do americano Norman Vicente Peale. Na vida, sem condições objetivas, a teoria se esvazia. No futebol sem qualidade individual e projeto de jogo, que faltam ao Atlético, qualquer teoria baseada no subjetivo não sobrevive. Em 2001, a diretoria do Atlético trouxe uma psicóloga para provocar o pensamento positivo no time. Não precisava: Flávio, Nem, Adriano, Souza, Kleberson, Kleber e Alex Mineiro pensavam com os pés e incendiaram o Brasil.

Autuori deveria conhecer mais a história do Furacão. Ganhar na Baixada e ficar invicto durante tempos está escrito há muito tempo. Essa história não esperava escrever que o Furacão com Autuori se transformou no maior perdedor de todos os tempos no sistema pontos corridos. Querer convencer de que está tudo bem com nove derrotas fora da Baixada é tratar a todos como ingênuos.

Bem que o Autuori deveria esquecer um pouco os princípios de teoria geral de filosofia, e dar ao time mais sentido de jogo. Talvez, assim, ganhe do Fluminense, no Rio, o jogo que o Furacão tem que ganhar.

Liberação

O zagueiro Luccas Claro, que será liberado por força da lei no término do atual contrato, deve ir embora para a Turquia. O dinheiro pelos direitos do vínculo desportivo deve ser dividido entre ele e o seu agente Pietruzziello. Esse é um dos casos que prova de que a Lei Pelé não cumpre a sua função social, que é a de beneficiar só ao atleta na extinção do seu contrato de trabalho. O empresário sempre fica com a metade. Isso se não ficar com tudo. Dizem que dinheiro pode não trazer felicidade, mas acalma os nervos. Talvez esse dinheiro, que em condições normais seria do Coritiba, acalme os nervos do agente Pietruzziello, que anda muito agitado. Esse caso vai render bastante, envolvendo gente graúda.