A última lembrança

Lá no sertão do Ceará dizem que “quem não tem um pau para dar no jegue, nada pode comprar”. É apenas coincidência, mas aconteceu: o Paraná Clube mandou em definitivo goleiro Richard para o Ceará, time de Lisca.

E não mandou só um jovem e grande goleiro, mas o fez por um milhão e quinhentos mil reais. Um troco para um mercado que nunca gastou tanto na história do futebol brasileiro, seja qual for a divisão. E com Richard foi embora o último remanescente do time que emocionou a sua torcida em dezembro de 2017, quando voltou à primeira divisão.

Daquele time, um a um foram sendo descartados. E não foi por falta de dinheiro, mas para atender a cultura de circulação (entra e sai) de jogadores pregada por Pastana e Leonardo Oliveira.

Mas a questão aqui é outra.

O que precisa ser explicado é como o Paraná, faturando mais de 50 milhões de reais em 2018 entre direitos de televisão, publicidade e cessão de jogadores, entra em 2019 devendo para atletas e funcionários. Soma-se a essa receita os valores relativos à venda de um imóvel da Vila Olímpica por 9 milhões de reais. Em um belo e idealista trabalho do doutor Berleze, o ato trabalhista absorveu apenas vinte por cento de toda a receita. E as ações cíveis foram paralisadas exigindo não nenhum pagamento.

Mas, mesmo com a proteção da Justiça laboral, o Paraná voltou para a segunda divisão, e continua devendo para jogadores, funcionários, antigos torcedores e fornecedores.

Conta-se com o dinheiro do negócio dos direitos do menino Jhonny Lucas. Mas diante desses fatos, todos notórios, pode-se afirmar que essa poupança já está comprometida. E esse sempre ‘vai recomeçar’.

É lamentável que, quando parecia que o Paraná voltaria a viver, outra vez terá que lutar para sobreviver.

Resta saber se terá mais uma chance.

Pensamento

Belo trabalho da repórter Juliana Fontes, da matéria de capa da Tribuna do Paraná. O seu tema que investiga a opinião de jornalistas de Curitiba e de São Paulo sobre o estágio que alcançou o Atlético é palpitante.

Sugiro-lhe um complemento para responder uma questão: Petraglia irá mudar a sua cultura de entender que o custo-benefício de um título quase sempre é oneroso?

Vai nessa Juliana, pergunte para “o homem”.