Crueldade de Ryan Murphy

O terror está em alta. O gênero ganhou novos ares com o sucesso de tramas como The Walking Dead. Após um hiato significativo de conteúdo, as séries pipocaram em sangue e gritaria, mas há quatro anos, o American Horror History (FX) inovou, apostando na fórmula clássica dos fantasmas, bruxas e asilos para loucos.

Porém, na terceira temporada, com um elenco invejável, AHS acabou sendo dominada por seu criador, Ryan Murphy, que resolveu aliviar a trama, talvez sensibilizado demais por sua outra criação, a série Glee.

Os fãs do gênero, no entanto, não estão órfãos. Pelo menos por enquanto, Penny Dreadfull (Showtime) e Salem (WGN) vão enchendo de maldade a taça da crueldade que Murphy deixou pela metade (faça aqui uma pausa para refletir sobre esta última frase, achei bonita). Penny Dreadfull leva para a Londres Vitoriana monstros e demônios já conhecidos por nós, numa apaixonante história que lida com sentimentos humanos de família, romance e amizade. E com Eva Green, além de bela, inspiradíssima.

Já Salem, além da já conhecida bruxaria na cidade, traz uma analogia política de grande valor, sem esquecer os elementos que nos assustam o tempo todo. A dominância das bruxas na política local, com um plano de poder que pretende se expandir pelos Estados Unidos, nos faz lembrar e muito um país que conhecemos, guardadas as devidas proporções.

No final do ano, American Horror History estreia nova temporada, denominada Freak Show. A história se passará numa espécie de circo dos horrores, como os que existiam nos anos 1920. Com a vantagem de que não terá concorrência direta com Penny Dreadfull e Salem, deve tentar se recompor do tombo que deu no próprio roteiro na terceira temporada, Coven, que tratava, também, de bruxas. Murphy desperdiçou numa história à la Hogwarts um elenco com Kathy Bates, Jessica Lange, Taissa Farmiga, entre outros. Pode ser arriscado, porque mesmo que Murhpy não acredite em bruxas, todos sabemos que elas existem. Inclusive no Brasil.