Uso prolongado do computador causa dano à visão

Cada vez mais pessoas passam a jornada de trabalho inteira em frente ao computador. O que pode parecer um ganho, do ponto de vista da profissão e do ambiente corporativo, de fato, pode resultar em sérios problemas de saúde.

Principalmente quando, na volta para casa, a pessoa torna a usar o computador, acessando e-mails pessoais, estudando ou se relacionando nas mídias sociais. Nem as crianças e os adolescentes estão livres desse mal, já que costumam passar diversas horas entretidos com jogos e diversões.

Dor de cabeça, rigidez no pescoço, dor nas costas e nos punhos são sintomas mais comuns. No entanto, o pior malefício do uso prolongado do computador é o dano causado à visão.

Entre os mais recorrentes estão fadiga ocular, visão embaçada e olho seco. Normalmente negligenciados, esses sintomas contribuem para a “síndrome da visão de computador”, uma doença reconhecida internacionalmente.

De acordo com os especialistas, o distúrbio pode ser definido como o conjunto de problemas relacionados aos olhos e à visão de quem passa horas em frente ao computador diariamente.

São muitos os profissionais e, inclusive, estudantes que passam horas utilizando o computador, olhando diretamente para o monitor em ambientes secos ou com ar-condicionado. Isso os leva a piscar menos e é o ponto de partida de tantos problemas de saúde ocular.

“Outros fatores que contribuem para a síndrome incluem a necessidade de os olhos se moverem em várias posições, ajustar o foco constantemente e fazer movimentos para dentro e para fora – convergência e divergência”, reconhece o oftalmologista Renato Neves.

Contorcionismos

Na opinião do médico, as características da tela, como distância, resolução, contraste e brilho devem ser observadas na prevenção das doenças oculares. “Quanto melhor e maior a resolução da tela, tanto melhor para os olhos”, sugere.

No caso de documentos em formato reduzido, a recomendação é aumentar o tamanho da fonte ou utilizar o recurso do zoom para ampliar o tamanho das letras.

Enquanto o brilho deve ser ajustado em termos intermediários, nem muito nem pouco intenso, o contraste deve oferecer a melhor visualização possível. “Também procure bloquear os pop-ups – aquelas janelas (principalmente, peças publicitárias, que se abrem na tela) que surgem repentinamente na tela com cores intensas que interferem na visão”, alerta o oftalmologista.

De acordo com Neves, os óculos para perto e “meio perto” são preferíveis aos bifocais. Outra ponderação é que o computador deve ser instalado a uma distância confortável, de modo que a parte superior do monitor esteja ligeiramente abaixo da altura dos olhos e a pessoa possa realizar suas atividades sem contorcionismos – físicos ou oculares.

O ideal é que possa manter todo o corpo da forma mais adequada e confortável possível enquanto digita. A dor já é um bom indício de que algo precisa ser alterado.

Intervalos para tomar água, café ou conversar com um colega do escritório são bem-vindos, já que dão um descanso para os olhos e fazem com que a pessoa volte a piscar normalmente, em uma frequência ideal.

Pestanejar

De acordo com o oftalmologista Otávio Siqueira Bisneto, a síndrome, apesar de não ter relação direta com quem sofre de um distúrbio chamado olho seco, encontra nos portadores dessa doença ocular sua vítimas preferenciais.

Com efeito, a probabilidade de ser atingido pela síndrome é muito grande. Estudos mostram que mais de 70% dos usuários de computador sofrem dela. “Es,se índice, no entanto, não é motivo de pânico, visto que a visão não vai ficar mais fraca, a questão é o incômodo que o distúrbio causa”, garante o especialista.

O especialista alerta para o fato de que ao trabalharmos ao monitor, temos a tendência de pestanejar com menos frequência do que normalmente. Isso acontece de modo inconsciente e ajuda a evitar que a pessoa passe a focar e refocar constantemente os olhos. “Um pestanejar menos frequente, é causa importante para o surgimento de olhos secos, vermelhos e irritados”, adverte o oftalmologista.

Além do tempo de uso do equipamento, o ambiente em que o computador se encontra, a maneira com que as pessoas se relacionam com ele e as características da máquina são determinantes para o surgimento (ou não) da síndrome.

Faça do computador um aliado

Adapte o seu cantinho

Fique aproximadamente entre 50 e 70 cm da sua tela.  A borda superior da tela deve ficar na altura dos seus olhos ou ligeiramente abaixo quando você está sentado. A tela do computador é um grande coletor de pó e deve ser limpa frequentemente para melhorar a visibilidade.

Evite a incidência do ar de ventiladores ou ar-condicionado diretamente no rosto. Use cadeiras confortáveis e preferencialmente ajustáveis, que mantenham seu corpo em postura adequada.

Cuidado com a iluminação

A tela não deve estar de frente ou de costas a uma janela ou lâmpada, a fim de evitar que os olhos se ajustem a diferentes intensidades luminosas e evitar reflexos na tela.

Coloque-a perpendicularmente à janela, com a luz do sol batendo lateralmente. Além disso, a sala deve ser bem iluminada e o computador nunca deve ser usado com as luzes apagadas.

Descanso para os olhos

Para descansar os olhos, a cada 30 minutos, olhe a mais de 5 metros durante alguns instantes e coloque as palmas da mão nos olhos a fim de mantê-los no escuro durante 10/20 segundos. Não se esqueça também de piscar para lubrificar o olho e evitar irritações. Pode ser necessário o uso de óculos de descanso.

Ajuste o seu monitor

Configure adequadamente a sua tela (brilho, luminosidade, contraste)

Utilize a resolução mais alta

Não use uma fonte de letra muito pequena

A leitura deve ser feita sem esforço e sem aproximar a tela

Se necessário, utilize um filtro anti-reflexo na tela do computador

Visite o oftalmologista com frequência

Para continuar usando tranquilamente o seu computador é importante procurar seu oftalmologista e investigar a existência de doenças oculares ou a necessidade de óculos novos.

Sintomas da síndrome

Olhos irritados, vermelhos, coceira, olhos secos ou lacrimejamento

Fadiga

Sensibilidade à luz

Sensação de peso nas pálpebras ou da fronte

Dificuldade de foco

Enxaquecas

Exacerbação de doenças problemas oculares pré-existentes