Técnica substitui tradicionais cirurgias para retirada do útero

Em uma grande quantidade de casos, o processo reprodutivo pode ser prejudicado. Pelo lado do homem, a quantidade de espermatozóides pode não ser suficiente, diminuindo a probabilidade de fecundação ou eles não têm força necessária para fazer a “viagem” até o óvulo, distúrbio denominado baixa mobilidade.

Entre as mulheres, as causas são mais complicadas: infecções, reações químicas que não deixam os óvulos amadurecerem, alguma obstrução e os miomas – tumores benignos de tecido esponjoso que distorcem a anatomia normal do útero ou das trompas.

Os miomas podem chegar ao tamanho de uma laranja. Mulheres em idade reprodutiva, vítimas de mioma uterino, podem contar com uma alternativa efetiva para o tratamento do mioma.

A técnica é menos invasiva. Isto faz com que não seja necessária a retirada do útero, órgão símbolo de fertilidade, maternidade e feminilidade. Trata-se da embolização uterina, procedimento não cirúrgico e minimamente invasivo, com duração aproximada de uma hora.

O procedimento é oferecido pelo Hospital Santa Cruz, de Curitiba, sob a coordenação do médico chefe do serviço de radiologia intervencionista, Alexander Ramajo Corvello.

Minimamente invasiva

A paciente portadora de mioma uterino sofre de sintomas desconfortáveis, como por exemplo, intenso sangramento no período menstrual, fortes cólicas, urgência urinária, dores pélvicas, dor durante relação sexual, prisão de ventre e anemia.

Por meio da embolização uterina é possível tratar todos esses sintomas, garantindo melhor qualidade de vida e bem-estar a paciente. Corvello explica que o procedimento consiste na obstrução do fluxo sanguíneo das artérias que nutrem o útero.

“A técnica não interfere nas funções normais do órgão, que passa a ser nutrido por circulações colaterais que mantêm sua vitalidade, e devolve a sua funcionalidade”, garante.

O especialista explica que, a embolização uterina é realizada por meio de um corte de, no máximo, dois milímetros na região da virilha, onde se introduz um fino tubo até as artérias uterinas, conhecido também como cateter.

Depois de localizado os miomas, são injetadas micro partículas de gel insolúvel para obstruir essas artérias. Com isso, os nutrientes não chegam aos miomas, que não crescem mais.

Sem rejeição

Na maioria dos casos, os miomas param de crescer ou até desaparecem. “É como se morressem de fome”, compara o coordenador.

O procedimento permite que a mulher possa voltar a cumprir totalmente suas atividades diárias, entre quatro e sete dias.

“Ao contrário das cirurgias de retirada do mioma ou do útero, que necessitam em torno de 30 dias para recuperação”, compara Corvello. Embolização significa “fechar os vasos” e é uma técnica muito conceituada, além de possuir o maior grau de evidência científica concedido pela Sociedade Americana de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade de Radiologia Intervencionista Americana e Européia.

A técnica é utilizada desde 1996 para tratar o mioma uterino e desde os anos 1980 em casos de sangramentos extremos em partos ou acidentes. O material utilizado para obstrução das artérias – usado há mais de 20 anos nas cirurgias – não provoca rejeição. De acordo com o médico, é um método efetivo que controla os sintomas em até 92%.

Monitoramento

Outro ponto positivo após esse tipo de tratamento é que a mulher pode ter de 10% a 30% de chances de engravidar, um dado expressivo, já que no caso da retirada do útero isso não é mais possível.

Além do que a infertilidade pode desencadear em muitas pacientes, processos depressivos e a consequente perda de autoestima.

A doença não apresenta grupo de risco, mas atinge mulheres em idade f&eac,ute;rtil dos 20 aos 45 anos.

De acordo com o radiologista intervencionista, os miomas se alimentam de estrogênio, hormônio feminino.

“O importante é ressaltar que quando bem indicada, a embolização uterina pode, efetivamente, devolver a qualidade de vida as pacientes com um procedimento minimamente invasivo, com baixos índices de complicação e rápido retorno da paciente às suas atividades profissionais e pessoais”, completa o especialista. Para segurança da paciente, o procedimento deve ser realizado por médicos especialistas em radiologista intervencionista.

“A paciente é monitorada durante o tempo todo por equipamentos modernos de raios-X de alta resolução que permitem uma excelente visualização das imagens obtidas e grande segurança”, completa Alexander Corvello.

Causas desconhecidas

Os miomas uterinos, geralmente, são diagnosticados durante os exames de rotina e confirmados por meio de uma ultra-sonografia abdominal, já que podem ser silenciosos, ou seja, não apresentam qualquer tipo de sintoma.

Em outros casos, hemorragias, dores abdominais, infertilidade ou abortos precoces podem ser algumas das consequências do distúrbio desses tumores benignos. Outros distúrbios que podem ter como causa os miomas são: pressão na bexiga, aumento na frequência de urinar ou dores durante a relação sexual.

“Todos esses problemas podem afetar e muito a qualidade de vida da mulher, que fica sem ânimo e sem disposição para manter um convívio social”, frisa o radiologista intervencionista Alexander Corvello.

As causas do surgimento dos miomas ainda não são completamente conhecidas, mas se acredita que a predisposição genética pode ter uma forte influência na sua incidência.

O tamanho dos miomas pode variar de um a dez centímetros e são mais frequentes em mulheres com faixa etária entre 30 e 40 anos, período de maior fertilidade, e que existe maior quantidade do estrogênio no organismo.

Voltar ao topo