Risco do pós-operatório é maior nos primeiros 30 dias

Os primeiros trinta dias depois de um ataque cardíaco se tornam um período crucial para as pessoas que passaram por um procedimento cirúrgico para tratar algum tipo de cardiopatia. De acordo com estudo divulgado recentemente no The New England Journal of Medicine,  os riscos de uma pessoa recém-enfartada ser vítima de morte súbita ou reinfartar ainda são elevados.

Depois de acompanhar mais de 14 mil sobreviventes de ataque cardíaco e constatar que 83% das mortes súbitas aconteceram no primeiro mês da recuperação, o cientista inglês Scott Solomon concluiu que quanto mais cedo se adotar uma estratégia de prevenção, tanto maiores serão as chances de o paciente ultrapassar o período crítico.

?Após o enfarte, principalmente quando há insuficiência cardíaca, o risco de morte súbita é bastante alto?, diz o cardiologista Hélio Castello, do Hospital Bandeirantes, em São Paulo. Segundo ele, o miocárdio isquêmico ? que é o músculo do coração que ficou sem sangue e necrosou ? está mais suscetível a arritmias ventriculares graves. Assim, geralmente, a morte súbita ocorre depois de um episódio de arritmia.

Arritmias

Para Paulo Roberto Brofman, da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, os maiores riscos no pós-operatório provenientes da cirurgia propriamente dita se tornam mais presentes nos primeiros sete dias após o procedimento. Para recuperação completa do paciente, o prazo ideal estipulado pelo médico é de 90 dias.

Castello explica que leva um certo tempo para que o coração se adapte à nova condição hemodinâmica. O cardiologista aponta, inclusive, ações adotadas para melhor atender o paciente enfartado e elevar suas chances de sobrevivência: atendimento rápido e eficaz nas primeiras horas do enfarte, com angioplastia. Isso eleva a chance de recanalizar a artéria que foi totalmente obstruída e promove a diminuição da área enfartada, reduzindo a possibilidade de desenvolver insuficiência cardíaca; pronto-socorro cardiológico 24 horas ? possibilidade de atendimento e segurança ao paciente e familiares na hora do evento e no período pós-alta; e um centro de treinamento em Suporte Básico de Vida (BLS-Basic Life Support). Além disso, a equipe médica do hospital deve promover treinamento para leigos e familiares, situação que facilita o trabalho dos cuidadores.

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