Prevenção é o melhor remédio contra osteoporose

As donas de casa Izabel de Souza Santos, de 63 anos, Juraci Teixeira Guedes, de 55 anos, atentas às informações recebidas por meio de familiares e por leituras de artigos da área médica, tiveram a iniciativa de consultar um reumatologista e passar por exames de densitometria óssea.

O motivo: prevenir o risco de osteoporose, a doença marcada pela redução da quantidade e da qualidade da massa óssea.

“Soubemos que a doença tem maior chances de controle quando identificada em sua fase inicial, peguei minha vizinha pelo braço e fomos ao médico”, brincou Juraci. Para sorte das duas, os exames nada acusaram.

No entanto, apesar das freqüentes campanhas efetivadas pelas sociedades médicas, poucas pessoas têm a consciência e a preocupação das duas amigas.

Uma pesquisa, denominada Brazos (The Brazilian Osteoporosis Study), avaliou 2.420 pessoas acima de 40 anos, em 150 municípios das cinco regiões do país.

Além de desconhecer como diagnosticar, prevenir e tratar a osteoporose, o estudo mostrou que apenas 6% dos entrevistados sabiam que eram portadores da doença, quando o indicado por padrões internacionais é 30%.

Sem dor

De acordo com Marcelo Pinheiro, responsável pelo Ambulatório de Osteoporose da Escola Paulista de Medicina e um dos organizadores da pesquisa, os dados só confirmam aquilo que os médicos já vivem diariamente nos atendimentos.

“As pessoas só procuram os especialistas quando sentem dor e esse não é um sintoma característico da osteoporose”, reconhece. Nos portadores de osteoporose a dor surge apenas quando ocorrem numerosas fraturas, geralmente na coluna, ocasionado, assim, incapacidade e dor crônica.

No Brasil, cerca de 30% das mulheres na pós-menopausa e 15% dos homens acima de 50 anos são portadores da doença, mesmo sem saber. “A doença é a principal causa de fraturas por baixo impacto, e levam às complicações sérias como dores crônicas, dificuldade para locomoção e, conseqüentemente, deterioração da qualidade de vida”, observa o reumatologista Sebastião Radominski.

Redução do estrogênio

Nesse sentido, o Ministério da Saúde adverte que em torno de 30% das pessoas com mais 65 anos sofre quedas no mínimo uma vez por ano, e que esta queda está relacionada ao enfraquecimento do osso, principal quadro da osteoporose.

Outro dado importante revela que 32% das mulheres com mais de 80 anos sofre fratura de quadril. Porém, o tipo de fratura osteoporótica mais perigosa é a do fêmur, cujas complicações são responsáveis por uma taxa de mortalidade de 20%.

Para completar, as fraturas osteoporóticas causam depressão e dificuldade de relacionamento com a família. A doença ocorre em 18 a 28% das mulheres com mais de 50 anos em todo o mundo, sendo assim, 200 milhões de mulheres têm a doença.

A maior incidência da osteoporose no sexo feminino coincide com a chegada da menopausa, época da vida que se caracteriza, entre outros fatores, pela interrupção na produção do hormônio estrogênio.

“Esse hormônio, cuja produção começa na adolescência, tem função vital para a mulher porque ajuda a manter a produção de cálcio”, explica Radominski. A partir do momento em que a produção do estrogênio se torna escassa, o osso vai perdendo sua resistência e se torna mais suscetível às fraturas.

Apesar da maior incidência em mulheres, a doença nada tem a ver com o sexo. Tanto é que, à medida que a idade avança (em média aos 75 anos), os homens ficam mais sujeitos ao distúrbio.

Informação/orientação/prevenção

Não são só as fraturas em si ou a difícil rec,uperação que tornam a osteoporose uma inimiga da saúde pública. O pior é o que vem depois. A fratura dá início a uma corrente de eventos relacionados ao envelhecimento.

As pessoas ficam mais fracas e suscetíveis às infecções. Além disso, devido a pouca atividade física, o sistema imunológico torna-se mais vulnerável e podem surgir doenças mais graves, com os pacientes perdendo a sua independência e precisando de cuidados médicos constantes.

Para quem só ouviu falar da osteoporose a partir da década de 1980, quando ela ficou mais popular, Sebastião Radominski lembra que ela sempre existiu. “Só que não tínhamos exames e equipamentos para diagnosticá-la com precisão”, frisa. No entender do especialista, apesar de todos os avanços, nada substitui o trinômio informação/orientação/prevenção.

O diagnóstico da osteoporose é feito por meio da densitometria óssea, um exame simples e indolor que pode ser descrito como uma “radiografia” do corpo. A doença não tem cura, mas pode ser um problema é tratável.

As fraturas podem ser evitadas com a combinação de mudanças no estilo de vida e tratamentos médicos. Na terapia à base de remédios, os tratamentos evoluíram muito nos últimos anos.

Comprimidos que eram tomados diariamente, hoje já podem ser tomados a cada semana e até mensalmente, como o ibandronato de sódio. E a prevenção começa desde cedo.

Ter uma dieta rica em cálcio desde a infância, manter atividade física regular, evitar o uso de álcool e fumo certamente são ações que poderão garantir uma “reserva óssea” para quando o corpo precisar.

Cinco passos para ossos saudáveis

1 – Adote hábitos de vida saudáveis. Evite o cigarro, o uso exagerado de café e de bebidas alcóolicas

2 – Pratique exercícios regularmente

3 – Tome sol moderadamente, pois os raios ultravioletas ajudam o corpo a fixar a vitamina D, que exerce um papel importante na proteção dos ossos

4 – Adote uma dieta rica em alimentos com cálcio e vitamina D

5 – O exame de densitometria óssea auxilia a identificar o risco de osteoporose.

Necessidade diária de cálcio

Idade Cálcio (mg/dia)

Até os 6 meses de vida com aleitamento materno 250-330

Até os 6 meses de vida sem aleitamento materno 400

Dos 6 meses aos 12 meses 600

De 1 a 5 anos 800

De 6 a 10 anos 1.200

Adolescentes 1.200

Adultos jovens (20 a 24 anos) 1.500

Mulheres de 25-50 anos 1.000

Mulheres grávidas 1.200

Mulheres que estão amamentando 1.500

Mulheres (pós-menopausa) com reposição hormonal 1.000

Mulheres (pós-menopausa) sem reposição hormonal 1.500

Homem de 25-60 anos 1.000

Idosos com mais de 60 anos (homens e mulheres) 1.500

*Fonte: National Institute of Health. Consensus Development Conference Statement, junho/1994.