O especialista: Infecções respiratórias e o correto diagnóstico

saudeclystenes050406.jpgRinovírus, adenovírus, echovírus, entereovírus, parainfluenzae. Nomes complexos, que provocam cerca de 90% dos casos de infecções das vias aéreas. Em outras palavras, são os grandes vilões que causam gripes, resfriados, sinusites, bronquites, entre outras doenças respiratórias, que têm como principais sintomas coriza, tosse, febre, dores de garganta e dores pelo corpo.

Não é difícil contrairmos uma dessas infecções. Diariamente, respiramos 10 mil litros de ar. Por conta disso, estamos expostos a todo tipo de vírus e bactérias, que podem se instalar no aparelho respiratório. Como são muitos os agentes, diagnosticar a doença respiratória não é tarefa fácil, já que pode ser causada tanto por vírus quanto por bactérias.

Apesar da dificuldade em se descobrir a causa, são consideradas, equivocadamente, doenças comuns, o que torna a automedicação muito freqüente. Chazinhos e inalação caseiros, mel com limão, analgésicos, antitérmicos, descongestionantes nasais, entre uma infinidade de opções vendidas sem prescrição médica, são consumidos sem qualquer preocupação. Resultado: a doença se agrava e somente nesse momento o médico é procurado.

Dados estatísticos do Ministério da Saúde mostram que, em 2003, 15% das internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde ? foram motivadas por infecções respiratórias, atrás somente dos casos de gravidez.

Devido ao difícil diagnóstico da causa, e também por falta de opção de tratamento, entram em cena os antibióticos, indicados unicamente para as infecções bacterianas. O que nos preocupa é o fato de muitas pessoas se automedicarem com antibiótico, o que não vai funcionar para as infecções provocadas por vírus. O uso indevido e incorreto do remédio, visto que a maioria das pessoas interrompe a medicação quando se sente melhor, pode provocar resistência, dificultando o tratamento de uma infecção bacteriana.

Hoje, já existe no Brasil uma alternativa de prescrição para infecções virais, baseada em um fitomedicamento – extraído da raiz de planta originária do sul da África. A nova terapia reduz rapidamente a intensidade dos sintomas e diminui o tempo da doença. Deve-se, porém, analisar o diagnóstico com cautela, pois o medicamento não substitui o uso de antibióticos em caso de infecção bacteriana.

O diagnóstico detalhado é fundamental para garantir o tratamento adequado para cada tipo de infecção, a fim de se evitar o uso incorreto e desnecessário de antibióticos. Além disso, o médico deve sempre alertar os pacientes sobre os perigos da automedicação.

Clystenes Odyr Silva, professor de pneumologia da Universidade Federal de São Paulo ? UNIFESP

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