Fique longe das doenças respiratórias

Com a chegada do inverno, muitas pessoas sofrem com as oscilações climáticas. O tempo seco e a baixa umidade relativa do ar são fatores que contribuem para o aumento das alergias respiratórias devido à alta concentração de poluentes na atmosfera.

Com isso há uma redução dos mecanismos de defesa do organismo, o que propicia o aparecimento de doenças respiratórias, como a asma, bronquite, rinite e sinusite.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as alergias atingem, em média, 30% da população mundial. Especialistas estimam que, até o final do século, metade dos brasileiros deve sofrer com diversos tipos de alergias.

Porém, durante o inverno, os maiores níveis de poluentes no ar costumam irritar as vias respiratórias com mais frequência e, nessa estação, ocorre a já conhecida inversão térmica, quando uma camada de ar frio mais pesada acaba descendo à superfície terrestre e retendo os poluentes.

O ar frio também atua como irritante das vias aéreas, o que acarreta mais sintomas alérgicos, como a falta de ar e a coriza. Além disso, a maior circulação de vírus, como os da gripe e do resfriado influenciam diretamente no aumento de doenças do aparelho respiratório.

Segundo o pneumologista Carlos Carvalho, o nosso organismo reage de acordo com a temperatura e com o clima.A temperatura do nosso corpo internamente é de 37 graus.

“Em dias muito frios ocorre a vasoconstrição para mantermos o nosso corpo aquecido”, observa o médico, salientando que, com a respiração, existe uma grande perda de água e calor.

Doenças respiratórias

No inverno, os hospitais e clínicas registram um aumento de 30% a 40% no atendimento a pacientes com doenças respiratórias. As crianças e os idosos são os que mais necessitam de cuidados.

Quando as vias respiratórias são atingidas por um ar mais seco e frio há uma piora do sistema respiratório, que reduz a produção de muco eliminado pelas glândulas das vias aéreas, na qual existem enzimas e anticorpos protetores.

“Com o frio, o transporte do muco das vias aéreas inferiores para as superiores fica comprometido e faz com que as doenças respiratórias se proliferem com maior facilidade”, explica o especialista.

Para se manter protegido de vírus e bactérias que afetam a respiração, atitudes simples podem evitar a proliferação dessas doenças, como manter os ambientes arejados, beber bastante líquido e controlar a umidade relativa do ar acima de 50%.

“São algumas das ações que podem fazer a diferença”, explica o pneumologista. Além de receitas caseiras existem no mercado atualmente algumas vacinas para a prevenção de infecções respiratórias, como é o caso da gripe, vírus influenza e para o pneumococo.

Elas são encontradas em clínicas especializadas, porém devem ser indicadas por um médico. Para os especialistas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABO), esse é o melhor momento para se prevenir dos surtos de doenças respiratórias.

De acordo com os médicos, as atenções devem estar voltadas para um inimigo camuflado, dentro de casa: o ácaro, responsável pela grande maioria dos casos de alergias respiratórias da estação.

“É o grande vilão, por isso, é importante ficar atento aos focos dentro de casa, lugares com grande concentração, como armários, tapetes, cortinas e tudo o que fica mais tempo nos armários, sem ventilação”, adverte a otorrinolaringologista Francini Pádua.

Confusão ,de sintomas

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada sete pessoas sofre com algum tipo de alergia respiratória no mundo. Essas alergias, muitas vezes são confundidas com gripes e resfriados, pois apresentam sintomas parecidos.

É nessa hora que mães e pais devem ficar atentos a tais manifestações em seus filhos. “Por terem o organismo mais imaturo e menos resistente, as crianças são as que mais sofrem com os males provocados por vírus, bactérias, fungos e ácaros”, explica a médica.

Para a especialista, nos casos em que o diagnóstico é rinite alérgica, o tratamento deve ter início quando se estabelece a causa. “Muitas vezes, apenas manter-se afastado do alérgeno já é suficiente para eliminar o problema”, reconhece a médica, salientando que nem sempre é possível o afastamento total, como nos casos de poeira domiciliar, quando a alternativa é ministrar medicamentos que reduzam a inflamação e controlem os sintomas.

“Dependendo da intensidade dos sintomas pode ser necessária a indicação de uma imunoterapia”, completa. As mudanças nos hábitos de vida também contribuem para o aumento das doenças respiratórias, pois ficamos mais tempo em ambientes internos e expostos ao ar condicionado. As pessoas mais sedentárias, que dormem pouco e se alimentam mal, prejudicam a resposta de defesa do organismo

Prevenção é tudo

* Mantenha o organismo hidratado, mas sem exagero

* Evite fumar ou se expor a ambientes com muita poeira ou fumaça

* Mantenha o ambiente arejado. As bactérias ficam concentradas em ambientes fechados, por isso é importante evitar esses locais

* Evite o contato com pessoas gripadas ou com resfriados, pois essas doenças são adquiridas pelo ar

* Mantenha a respiração sempre pelo nariz e não pela boca, pois as narinas têm a função de filtrar o ar e aquecê-lo

* Lençóis, edredons e roupas devem ser expostos ao sol e lavados sempre que necessário

* As pessoas que já possuem problemas respiratórios, como bronquite, asma e sinusite devem evitar o contato com bichos de pelúcia, tapetes e produtos que possuem pelos

* A alimentação deve ser balanceada com sopas e caldos ricos em verduras e legumes

* As frutas são essenciais, principalmente aquelas que contêm vitamina C, como a laranja, pois ajudam a prevenir gripes e resfriados

Coração corre riscos no inverno

Os riscos de problemas cardíacos aumentam quando a temperatura diminui. De acordo com a Associação Americana do Coração, o inverno aumenta de 20% a 25% a incidência de doenças cardiovasculares.

O diretor clínico do Hospital Cardiológico Costantini, Marcelo de Freitas Santos, afirma que os riscos crescem em especial para pessoas que já apresentam alguma predisposição e para aquelas que sofrem de problemas do coração.

Para os idosos, os perigos são ainda maiores. “Nas doenças cardíacas, o frio pode agravar os sintomas da angina de peito, aumentar a tensão arterial e o risco de o idoso ter um acidente cardiovascular”, reconhece o especialista.

O médico também aconselha as pessoas a cuidar dos hábitos alimentares no inverno e sugere a manutenção dos exercícios físicos mesmo com baixas temperaturas.

As pessoas optam por alimentos mais pesados no inverno, ricos em gordura, e diminuem a frequência das atividades físicas. “Essa combinação pode ocasionar descontrole dos fatores de risco para doenças cardíacas”, completa Santos.